Com os piores níveis de água dos últimos seis anos do Arroio Castelhano, responsável pelo abastecimento em Venâncio Aires junto com quatro poço artesianos, o prefeito Jarbas da Rosa assinou no começo da tarde dessa sexta-feira, 14, um decreto que restringe a utilização de água potável em todo o município. A medida pretende evitar a necessidade de cortes no abastecimento em horários pré-determinados. A situação é considerada crítica, e o baixo volume de água no ponto de captação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pode deixar alguns bairros da cidade sem abastecimento já neste fim de semana.
O prefeito disse nessa sexta-feira, em entrevista para a Rádio Gazeta FM 107,9, que nem a construção de novo barramento no ponto de captação no Castelhano ajuda a amenizar a situação, pois o arroio praticamente parou de correr. “Chegamos em um momento que não gostaríamos, mas estamos tendo que usar água potável única e exclusivamente para consumo humano e de animais”, justificou Jarbas da Rosa.
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Nos últimos dias, o prefeito tem acompanhado a situação da captação da água até a montante, junto à Estação de Tratamento de Água da Corsan, no acesso Grão Pará. Na sexta-feira, ele confirmou que, mesmo com a previsão de chuva para o fim de semana, algumas regiões da cidade podem registrar falta de água nas torneiras neste sábado, 15, e domingo, 16. O gerente local da Corsan, Ilmor Dorr, informou que na barragem junto ao ponto de captação da água o volume diminuiu muito, especialmente de quinta, 13, para sexta-feira, estando em cerca de 1,5 metro. “Acima desta barragem, o arroio está ainda mais raso. É um momento crítico para todo o Estado e precisamos da colaboração de todos”, destaca Dorr.
No dia 28 de dezembro, a Prefeitura emitiu um decreto de emergência para as áreas rurais de Venâncio Aires, que já apresentavam perdas estimadas em R$ 46 milhões na produção e falta de água para consumos das famílias e dos animais. De lá para cá, um milhão de litros de água foram levados por três caminhões-pipa para abastecer centenas de propriedades venâncio-airenses. O governo municipal também disponibilizou caixas para reservatório de água para famílias de baixa renda.
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O prefeito observa que o contrato assinado com a Corsan em 2010 prevê a disponibilização de novo local para captação até 2022, mas até agora o processo não teve evolução. Esse foi um dos motivos que levaram a não assinar o aditivo no contrato com a companhia.
O decreto municipal de situação de emergência foi homologado pelo governo do Estado nesta semana e agora segue para o governo federal. Com isso, o Município poderá obter recursos federais, além de agilizar processos de compras para itens que visem amenizar os prejuízos dos munícipes com a estiagem. O prefeito informou que a Prefeitura vai comprar mais um reservatório e colocar um quarto caminhão para o transporte de água ao interior.
Com o novo decreto de sexta-feira, o alerta fica estendido a todo o município, incluindo penalizações para quem for pego descumprindo as medidas. Elas têm prazo de 30 dias, quando a situação voltará a ser analisada. Denúncias podem ser feitas para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pelo telefone 99791 1840.
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O prolongamento da estiagem e o aumento das dificuldades para atendimento das demandas de falta d’água levaram o prefeito de Candelária, Nestor Ellwanger, a realizar reunião com representantes do Sindicato Rural, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Emater, Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Defesa Civil, Associação do Comércio e Indústria (Acic), Afubra, Sicredi, Rotary e Lions. O objetivo foi definir as medidas a serem tomadas diante do quadro assustador. Os prejuízos somam mais de R$ 50 milhões e a tendência é de que a situação se agrave cada vez mais.
Durante a reunião, que definiu que o prefeito deverá assinar o decreto de situação de emergência, o procurador-geral do Município, Paulo Butzge, sugeriu ampla campanha de divulgação com relação ao consumo da água, que deve ser racional, sem desperdício. Outra questão levantada pelos sindicatos e o Irga foi com relação à construção de microbarragens, que auxiliariam neste momento. Um dos fatores que dificultam a execução do projeto é a legislação ambiental, que não permite esse tipo de obra e, dessa maneira, penaliza o agricultor. O pedido é para a criação de um programa que propicie essas medidas, a fim de contribuir para o armazenamento de água nas localidades.
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A partir dos estudos e com os documentos necessários, o prefeito deve assinar nos próximos dias o decreto, aguardando que o governo do Estado homologue a medida para obter auxílio aos atingidos.
A estiagem que assola a região provoca prejuízos não somente na agricultura, mas também no abastecimento de água, tanto para consumo humano quanto animal. Por causa disso, Vale do Sol já decretou situação de emergência nesta semana e vai iniciar o racionamento de água a partir deste domingo, 16. Em Rio Pardense, Linha Emília, Campos do Vale, Três Barulhos, Pinhal Trombudo e Faxinal de Dentro, o racionamento vai ocorrer das 22 horas às 7 horas, e no Centro será realizado a partir de segunda-feira, 17, das 13 horas às 17 horas.
Antecipando um possível cenário de estiagem mais severa, o prefeito Maiquel Silva orienta que a população se conscientize e busque economizar água por meio de ações simples, que podem fazer uma grande diferença. “Temos que ser conscientes, pensar no próximo e evitar o desperdício. É com atitudes simples que podemos prevenir que a situação piore ainda mais”, enfatiza.
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O Setor Municipal de Água e Esgoto (Semae) ressalta a importância da conscientização dos munícipes que ainda não possuem caixa de água, para que adquiram. É importante que a comunidade fique atenta, pois a falta da caixa de água pode até acarretar notificação, conforme a legislação municipal.
A queda na produção de água das fontes de abastecimento de Vera Cruz também causa preocupação. O prefeito Gilson Becker informou, nessa sexta-feira, que o Arroio Andréas registrou expressiva diminuição da vazão nos últimos dias. É o menor volume dos últimos anos, provocado por três anos consecutivos de estiagem; aumento do consumo – com o expressivo crescimento da cidade – e o forte calor.
Diante do cenário, Becker fez um apelo para que a população suspenda as lavagens de veículos, casas e calçadas; a irrigação de plantas e jardins e o enchimento de piscinas, até que ocorram chuvas mais expressivas. Ainda conforme o prefeito, outros sistemas no interior também estão com vazão reduzida e é fundamental a colaboração no uso consciente. “Para o consumo de animais é necessário buscar outras alternativas para não utilizar água tratada, e estamos disponibilizando caminhões para o transporte de água”.
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Em alguns pontos da cidade também já há racionamento, diante da queda na produção dos poços artesianos e das fontes naturais que abastecem a população. A Prefeitura faz o desligamento da rede de abastecimento durante a noite para recuperar a água nos reservatórios.
O prefeito de Vale Verde, Carlos Gustavo Schuch, assinou, na manhã de sexta-feira, o decreto de situação de emergência devido à forte estiagem que assola o município. Os prejuízos foram comprovados inicialmente com dados fornecidos pela Emater, que apresentou números respectivos às perdas de cada cultura. O milho tem os maiores prejuízos, com quebra de 40%.
Em seguida, as secretarias de Administração, Finanças, Obras, Assistência Social, Agricultura e Defesa Civil Municipal, em conjunto com a Emater, elaboraram o relatório que foi encaminhado à Defesa Civil do Estado, para posterior reconhecimento federal e homologação estadual. O total de prejuízo em valores estimados nas principais culturas chega a quase R$ 10 milhões. A administração municipal tem disponibilizado todo o aparato para minimizar os efeitos da estiagem severa, bem como para assistência aos afetados.
A Prefeitura já teve um total de gastos de R$ 217.018,75 até o momento, relacionados ao abastecimento de água, com aquisição ou transporte e distribuição; abertura de fontes drenadas; aquisição de tubulações e mangueiras; consertos de bombas; ampliação de redes e aquisição de caixas d’água, entre outros. As despesas também se relacionam à abertura de bebedouros, açudes; horas/máquina e despesas com pessoal e combustível. O prefeito Carlos Gustavo Schuch destacou que se o decreto for homologado, benefícios serão buscados para amenizar as perdas resultantes da estiagem.
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