Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Megaoperação Harém

Venâncio-airense teria aliciado pelo menos quatro mulheres em esquema internacional

Chefe do grupo criminoso morava em apartamento de luxo em São Paulo e foi preso pela PF. Também houve capturas no exterior

Passava pouco das 6 horas de terça-feira, 27, quando viaturas da Polícia Federal (PF) de Santa Cruz do Sul estacionaram junto a um prédio da Avenida Ruperti Filho, no centro de Venâncio Aires. Uma equipe de agentes, liderada pelo delegado Gustavo Schneider, cumpriu um mandado de busca e apreensão no local, com o objetivo de coletar evidências da suposta participação de um homem de 27 anos em um esquema internacional de tráfico de mulheres.

A Capital do Chimarrão foi uma das seis cidades brasileiras alvos da Megaoperação Harém, deflagrada nessa terça-feira pela PF de Sorocaba (SP), com o objetivo de desarticular um grupo criminoso voltado a crimes de exploração sexual. Uma reunião prévia, ainda na segunda-feira, foi realizada por videoconferência entre o delegado Gustavo Schneider, da PF de Santa Cruz do Sul, e colegas da PF de Sorocaba, para detalhar os planos da busca em Venâncio Aires. O objetivo era encontrar mídias, fotos e fôlderes no estabelecimento onde funcionava uma agência de modelos no nome do investigado.

LEIA MAIS: Venâncio Aires é alvo de operação da PF contra o tráfico de mulheres

Publicidade

Entretanto, ele não foi encontrado. Quando os policiais chegaram, descobriram que o imóvel já estava alugado por outras pessoas, que comprovaram serem as novas inquilinas.

A Polícia Federal não revelou o nome do investigado. Ele é suspeito de aliciar adolescentes e mulheres para o esquema, com a promessa de enviá-las para trabalhar como modelos no exterior, obter vantagens econômicas e reconhecimento internacional.

Na região, pelo menos quatro mulheres podem ter sido aliciadas por esse homem. A PF busca confirmar essas informações para ouvir as possíveis vítimas. Também aguarda por um novo mandado de busca a ser cumprido no atual paradeiro do proprietário da agência de modelos.

Publicidade

Além de Venâncio Aires, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal de Sorocaba, em São Paulo capital, Goiânia, em Goiás; Foz do Iguaçu, no Paraná; Rondonópolis, no Mato Grosso; e Lauro de Freitas, na Bahia.

LEIA TAMBÉM: PF realiza operação contra o tráfico internacional de pessoas para exploração sexual

Oito mandados de prisão preventiva também foram emitidos, sendo que cinco estavam incluídos na chamada “difusão vermelha” da Interpol – uma lista de pessoas que se encontram em país estrangeiro e contra as quais existe mandado de prisão expedido por autoridade brasileira. A suspeita é de que alguns investigados estejam fora do País, possivelmente no Paraguai, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Austrália.

Publicidade

Misses aliciadas
Em coletiva de imprensa, o delegado João Luiz Moraes Rosa, responsável pela investigação, detalhou o esquema, que era chefiado por um homem preso em um apartamento de luxo no Bairro Granja Julieta, em São Paulo. Na residência dele foram apreendidas provas que serão analisadas. O método utilizado pelo investigado era recrutar vítimas apresentando-se como representante de uma marca de maquiagem e produtos de beleza.

“Ele se aproximava com propostas de apenas fazer fotos para a marca, até chegar, em momentos posteriores, aos fins de exploração sexual.” De acordo com a PF, algumas das mulheres aliciadas são conhecidas da mídia, incluindo misses de estados brasileiros. “A maioria dos criminosos que faziam conexões com o líder do grupo eram mulheres. Essas aliciadoras tinham a função de recrutar vítimas junto a concursos de miss”, complementou Rogério Giampaoli, chefe da delegacia.

O esquema era feito com recrutamento via redes sociais e testes de agências, inclusive com menores de 18 anos. “Temos ainda um caso gravíssimo, de uma vítima que pode ter sofrido uma tentativa de estupro na Bolívia”, disse Giampaoli.

Publicidade

LEIA MAIS: VÍDEO: chefe de esquema de exploração sexual foi preso em residência de luxo

As mulheres eram contratadas para realizar viagens por um período. Os criminosos, então, ganhavam a confiança das supostas clientes e sugeriam ensaios fotográficos, até o momento em que ofertavam emprego. Nisso, as vítimas eram aliciadas. Elas então sofriam pressões psicológicas para atender clientes, fazer programas sexuais e permanecer mais tempo do que havia sido acordado no local.

Uma mulher foi presa na Espanha. Ela é investigada como suposta “despachante” do grupo criminoso, responsável por facilitar e falsificar as documentações para enviar vítimas a outros países. Outra mulher, presa em Portugal, teria envolvimento com uma rede de prostituição nos Estados Unidos. Um homem foi preso em Foz do Iguaçu, no Paraná. Este seria um cliente que contratou programas com menores de idade no Paraguai. Houve ainda prisões em Goiânia (GO) e Rondonópolis (MG).

“É importante frisar que se trata de um crime contra os direitos das mulheres. A Polícia Federal busca, com essa operação, tentar reprimir condutas que podem ter tratado mulheres como formas de objeto, mercadoria ou produtos tipo exportação”, comentou o delegado João Luiz Moraes Rosa.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: “Pensei em entregar a guarda dos meus filhos e me matar”, diz vítima de stalking

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.