Em mais uma fase da Operação Feudalismo, o Ministério Público denunciou uma ex-vereadora de Santa Cruz por suposto esquema de rachadinha na Câmara. Solange Finger (PSD) é acusada de se apropriar de mais de R$ 180 mil em salários de ex-funcionários do Legislativo em cinco anos.
A investigação corria desde 2019 junto à Promotoria de Defesa Comunitária, sob a condução do promotor Érico Barin. Além de Solange, que foi presidente da Câmara em 2015, foi denunciado o marido dela, Oscar Olinto da Rocha, que seria responsável por recolher os valores das vítimas. Os dois são alvo de duas ações ajuizadas na última terça-feira, 29 – uma na 2ª Vara Cível, por improbidade administrativa, e outra na 1ª Vara Criminal, por concussão. O MP ainda apresentou um pedido liminar de indisponibilidade de bens do casal.
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Segundo a denúncia, o MP alega que três ex-assessoras de Solange confirmaram ter repassado parcelas de seus salários à vereadora. Uma delas afirmou, inclusive, que, embora tenha ocupado cargos em 2015 e 2016 na Câmara, na prática não tinha qualquer função e jamais chegou a pisar no Legislativo. Outras duas ex-assessoras ouvidas, porém, negaram a existência do esquema, enquanto Solange e Oscar optaram por se manter em silêncio.
Essa é o quinto desdobramento da Operação Feudalismo em pouco mais de dois anos. A primeira fase teve como alvo o então vereador Paulo Lersch, à época filiado ao PT, que renunciou ao cargo e em janeiro de 2020 foi condenado em primeira instância por concussão e coação. Depois, a investigação atingiu Elo Schneiders (PSD), Alceu Crestani (PSD) e André Scheibler (PSD) – os três tiveram os mandatos cassados pela Câmara e respondem a ações tanto na esfera criminal quanto na esfera cível.
Afastada da cena política desde que deixou a Câmara, no fim do ano passado, Solange iniciou a carreira no PTB e foi, por vários anos, ligada à hoje deputada estadual Kelly Moraes. Elegeu-se vereadora em 2012 e, no meio do mandato, aliou-se ao então prefeito Telmo Kirst. Em 2016, migrou para o Solidariedade. Naquele ano, não se reelegeu, mas ficou como suplente da bancada e acabou assumindo a cadeira por quase três anos no lugar de Elo Schneiders, no período em que ele atuou como secretário municipal de Agricultura. Depois, chegou a ser secretária municipal de Cultura e, já em 2020, transferiu-se para o PSD. Em maio do ano passado, após o afastamento de André Scheibler, voltou à Câmara. Na última eleição, não concorreu.
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Em manifestação enviada à imprensa, o advogado de Solange, Ezequiel Vetoretti, afirmou que a denúncia “apresenta algumas contradições em relação às outras acusações anteriormente ajuizadas pelo Ministério Público, bem como trata situações idênticas de forma completamente distinta”.
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Vetoretti afirmou, entretanto, que qualquer manifestação acerca do mérito das ações neste momento seria “precipitada e em nada contribuiria para o esclarecimento dos fatos”. “Uma acusação desta natureza normalmente inicia dilatada e, apenas com a companhia experiente do tempo, acaba adquirindo o seu tamanho normal, com o esclarecimento de pontos e o afastamento de acusações infundadas. Em respeito ao Juízo, nos manifestaremos no único, legítimo, democrático e adequado ambiente que é o processo”, diz o texto.
O advogado também representa outros três ex-vereadores apontados pela Operação Feudalismo – Paulo Lersch, Alceu Crestani e André Scheibler.
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