Em breve, o berço da colonização alemã da região, a Linha Santa Cruz, terá uma atração turística em homenagem aos pioneiros. Trata-se do Parque Regional do Imigrante, que vai aliar a preservação histórica e cultural e alavancar o desenvolvimento econômico de Santa Cruz do Sul. A estrutura será instalada em área de 5,4 hectares na Granja Municipal. Ficará junto ao cemitério onde estão sepultados os primeiros imigrantes que chegaram à região, em 1849, e deram origem a uma das mais importantes cidades gaúchas.
Idealizadora do projeto, a Associação do Moradores de Linha Santa Cruz (Amorlisc) planeja oferecer local para atividades comunitárias, de lazer e culturais. E também de contemplação da natureza, prática de esportes e descanso. A equipe de arquitetos e engenheiros pretende concluir o projeto antes de 25 de julho, data que marca o bicentenário da imigração alemã no Brasil. Na ocasião, irá ocorrer o lançamento da pedra fundamental do parque.
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Na última quinta-feira, os moradores do bairro conferiram uma prévia das atrações e edificações do parque, assim como sua localização dentro do espaço. O presidente da Amorlisc, Ricardo Luís Bringmann, afirmou que se tratava de momento histórico. “Vamos ter um grande divisor de águas no que se refere à preservação histórica e cultural”, afirmou.
O plano diretor do parque e os projetos arquitetônicos e de infraestrutura estão sendo desenvolvidos pelos arquitetos Ronaldo Wink, Nathan Della Nina Reichel Reichel e Renan Adams e o engenheiro civil Fernando Rovedder. O trabalho tem em seu conceito geral a viabilização não só de um parque, que atende aos anseios da comunidade de Linha Santa Cruz, mas também de um espaço histórico que apresenta a trajetória dos primeiros imigrantes alemães que se estabeleceram ali.
Duas estruturas vão explorar o contexto histórico. A principal é o memorial da imigração alemã. Wink explica que o espaço pretende detalhar a trajetória dos imigrantes, mostrando como era a vida na Alemanha, a vinda para o Brasil e a ocupação das terras locais. Haverá ainda a miniatura de um navio veleiro utilizado na travessia rumo ao Brasil. Destaca também que o material poderá ser aproveitado pelas escolas.
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Outro destaque é a vila colonial, com ênfase no modo de vida dos primeiros ocupantes. As edificações terão técnica enxaimel, e com espaço residencial, escolar e religioso. Também elaboram a implementação de um monumento ecumênico, poço, forno de pão, forno de fumo, muros de pedra, horta e pomar. Futuramente, uma das unidades do espaço poderá ser ocupada aos fins de semana para a venda de produtos da agricultura familiar.
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Também está prevista a instalação de um polo gastronômico, com restaurante e espaço para cervejarias, anfiteatro, pavilhão de múltiplos usos, academia ao livre, área para lazer e piquenique, playground, campo de futebol e ponte pênsil, entre outros.
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Além disso, trabalham para integrar novas construções – que irão unir elementos atuais da arquitetura e as técnicas empregadas pelos imigrantes – com as edificações existentes. Elas serão utilizadas, por exemplo, para a instalação de cafeteria, loja e a sede administrativa da Amorlisc. Também irá conciliar o espaço com as entidades que já ocupam parte da área, incluindo a Associação de Apicultores, a de Piscicultores, a Escola da Família Agrícola (Efasc) e o Centro de Bem-Estar Animal.
O arquiteto explica que a estrutura será construída gradualmente. Ela irá se iniciar com a implementação do pórtico de acesso – que irá abrigar área administrativa, segurança, banheiros, sala de informações e uma futura bilheteria – e sanitários. Atenta à preservação e à valorização ambiental e paisagística do parque, a equipe e a Amorlisc visam a harmonia entre a natureza e a nova estrutura. Para isso, pretendem realizar as obras com o menor impacto no ambiente. Farão uso de painéis solares e da roda d’água como fonte de energia.
Potencial turístico
A ideia de construir um parque temático da imigração alemã surgiu em 2019. Durante uma visita ao Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, o presidente da Amorlisc, Ricardo Bringmann, começou a imaginar o potencial histórico e turístico do Bairro Linha Santa Cruz. “Defendi que a Serra Gaúcha sabe explorar tão bem o turismo e valorizar suas raízes, e que isso se tornou uma grande fonte de renda. Então, pensei que poderíamos trazer algo assim para Santa Cruz, já que temos uma história muito bonita para ser contada”, afirma.
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De imediato, iniciou uma mobilização no bairro, apresentando a ideia para empresários e moradores. Em seguida ocorreram as tratativas com a Prefeitura, que cedeu parte da Granja Municipal, situada onde se iniciou a colonização e que está inserida no Caminhos da Imigração. A cessão terá vigência de 25 anos.
Com o espaço disponibilizado, formou-se a equipe de profissionais de arquitetura e engenharia para elaborar o plano diretor do parque. O projeto foi apresentado à prefeita Helena Hermany e aos secretários há duas semanas, e foi aprovado. Depois de concluído, a Amorlisc e o município vão buscar recursos públicos.
Bringmann enfatiza que o parque tem potencial para atrair visitantes de toda a Região Sul e de fora do País, contribuindo não só para o desenvolvimento regional, mas também para a preservação e valorização histórica. “É um parque regional de preservação da história e da cultura alemã. Queremos que todos os municípios que são filhos da Linha Santa Cruz, desde Sinimbu, Candelária e Vale do Sol a Venâncio Aires, possam se inserir”, afirma.
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