O temporal que atingiu o Rio Grande do Sul na noite da última terça-feira, 16, deixou um rastro de destruição no Vale do Rio Pardo. Com grandes acumulados de chuva em pouco tempo e fortes rajadas de vento, muitos municípios registraram prejuízos com inundação de ruas, residências e estabelecimentos comerciais, bem como quedas de árvores, postes e destelhamentos. O município mais atingido foi Venâncio Aires, que possui decreto de situação de emergência em vigor em razão das cheias do Rio Taquari e emitiu um novo, agora devido ao temporal.
Na Capital do Chimarrão, a manhã dessa quarta-feira, 17, serviu para calcular a dimensão dos estragos. Em diversas ruas da cidade e no interior, as cenas mais comuns foram árvores caídas sobre a pista e a rede elétrica, telhas espalhadas pelo chão e muito entulho. Em algumas construções, a força do vento foi tamanha que arrancou o telhado inteiro. Na Praça Evangélica e no Calçadão, muitas árvores foram arrancadas, além de toldos, placas e outros objetos. A limpeza e a desobstrução das vias começaram ainda durante a madrugada, assim que as condições climáticas permitiram.
LEIA MAIS: Venâncio Aires contabiliza mais de mil residências com avarias
Publicidade
De acordo com a Defesa Civil, mais de 1,2 mil casas foram atingidas e mais de 200 famílias buscaram lonas, cuja distribuição passou de 2,8 mil metros. Os danos na fiação provocaram o corte da energia elétrica e também do abastecimento de água. A Corsan/Aegea usou geradores para garantir o fornecimento até que as equipes da RGE pudessem restabelecer a energia. Em Vila Palanque, a casa de uma família foi destruída pelo vendaval, que arrancou o telhado e derrubou uma das paredes, além de causar outros estragos no entorno e em veículos.
Apesar do susto, o município não teve registro de pessoas feridas e não há desabrigados. “O que chegou para nós foram alguns relatos de pessoas com casas totalmente destelhadas e que foram alojadas nas casas de familiares e amigos”, disse o coordenador da Defesa Civil, Luciano Teixeira. Durante o dia, em função da falta de energia elétrica, muitos serviços públicos foram afetados, além da interrupção de estradas de acesso às localidades do interior e rodovias, com destaque para a ERS-422.
A assinatura do decreto de situação de emergência ocorreu por volta das 17h30 e significa que a capacidade de resposta por parte do poder público está parcialmente comprometida. A partir dele, a Prefeitura pode fazer compras emergenciais sem necessidade de licitação, captar recursos junto aos governos estadual e federal e os cidadãos atingidos podem solicitar acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entre outros benefícios.
Publicidade
Danos em casas, galpões e fornos de tabaco em Vale do Sol
O forte temporal atingiu todo o território do município e deixou um rastro de prejuízos. De acordo com o levantamento feito pela Prefeitura, pelo menos 200 casas, galpões e fornos de tabaco foram destelhados ou tiveram danos materiais, além de inúmeras árvores e postes caídos. A equipe da Secretaria de Obras organizou uma força-tarefa para distribuir lonas, desobstruir estradas e atender todos os afetados. O trabalho começou na madrugada e se estendeu pela quarta-feira. “É um momento muito delicado porque não sabemos quem ajudar primeiro, são muitos pedidos”, observa o prefeito Maiquel Silva.
LEIA MAIS: Inmet classifica como ‘grande perigo’ chance de tempestade no RS e SC
Na localidade de Alto Rio Pardense, no interior de Vale do Sol, a residência do casal Cristina Carvalho e Cristiano Silveira foi destruída pela tempestade e pela queda de uma árvore sobre a estrutura. Pais de duas filhas, de 4 e 12 anos, eles agora buscam a ajuda da comunidade para recomeçar a vida. No primeiro momento, a família precisa de doações de material de construção, mas também são bem-vindos eletrodomésticos, roupas de cama, utensílios para a casa e material escolar, entre outros. Interessados em auxiliar podem entrar em contato pelos telefones (51) 99103 2528 e (51) 99582 1041.
Publicidade
Temporal em Mato Leitão
Vizinha de Venâncio Aires, Mato Leitão registrou estragos semelhantes, com casas destelhadas, árvores caídas e falta de energia elétrica. Além disso, a instabilidade no sinal de telefonia provocou dificuldades na comunicação, sobretudo para pedidos de ajuda.
A energia foi restabelecida ainda durante a manhã na área central. As equipes da Prefeitura circularam durante toda a quarta-feira recolhendo entulhos e prestando auxílio a moradores necessitados. Na localidade de Vila Santo Antônio, uma árvore caiu sobre uma residência onde estavam duas pessoas, mas elas não se feriram.
LEIA MAIS: FOTOS: confira os principais problemas causados pelo temporal em Santa Cruz
Publicidade
Passo do Sobrado
O município teve destelhamentos e quedas de árvores sobre a fiação, o que provocou interrupção no abastecimento de energia elétrica e de água. Os serviços foram restabelecidos ainda durante a manhã dessa quarta. De acordo com o prefeito Edgar Thiesen, os Bombeiros Voluntários atenderam algumas ocorrências próximas à divisa com Vale Verde, mas a situação foi grave se comparado ao que ocorreu em outros municípios do Vale do Rio Pardo. Já em Vale Verde, não houve registro de prejuízos significativos.
Candelária
A Defesa Civil contabilizou 23 quedas de árvores em locais como a Prainha, o Centro e a Rua Intendente Albino Lenz. Oito residências tiveram destelhamentos e receberam lonas para amenizar os estragos. Houve registros também nos bairros Marilene, Rincão Comprido, Vila Fátima e Rincão da Lagoa. Na ERS-400, os Bombeiros Voluntários atuaram na retirada de árvores entre os quilômetros 1 e 15. Devido ao número de ocorrências, contaram com o apoio das guarnições de Sobradinho e Arroio do Tigre.
Em Santa Cruz, Secretário quer mais ênfase para a prevenção
Em Santa Cruz do Sul, o temporal atingiu diversos bairros e causou prejuízos semelhantes aos vistos em Venâncio Aires, ainda que em menor escala. Árvores de menor porte não resistiram ao vendaval e caíram em muitos pontos da área urbana. Um exemplar de grande porte caiu no Acesso Grasel, interrompendo a via durante toda a madrugada e dia de ontem. No interior, as localidades mais atingidas foram Monte Alverne, São Martinho, Linha Brasil, Linha Saraiva e Rio Pardinho.
Publicidade
Durante toda a quarta-feira, o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, José Osmar Ipê da Silva, percorreu essas áreas e conversou com os moradores. “Ainda quero descobrir qual foi o fenômeno que provocou isso, porque os relatos dão conta de que em apenas dez minutos houve toda essa destruição”, disse em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Segundo ele, em alguns locais as árvores que não caíram ficaram retorcidas e muitas clareiras se abriram na vegetação. “É uma destruição incrível, me cortou o coração as imagens que presenciei.”
De acordo com o secretário, chegou o momento de repensar a atuação da Defesa Civil, tendo em vista a frequência com que os eventos climáticos extremos estão atingindo Santa Cruz. Nessa mesma linha, citou a importância de a população estar preparada e saber como agir diante dessas situações. “Não é mais uma questão de Prefeitura e Defesa Civil, é de toda a comunidade e juntos teremos que buscar alternativas.” Silva entende que distribuir lonas e telhas depois que o estrago já está feito é “enxugar gelo” e é necessário agir de forma preventiva.
LEIA MAIS: Família precisa de ajuda após árvore cair e destruir casa em Vale do Sol
Essa prevenção pode começar, por exemplo, pela revisão das estruturas para escoamento da água. Na Rua Liberato Salzano Vieira da Cunha, no Bairro Santo Inácio, a via ficou tomada pela água na noite de terça-feira e chegou a invadir algumas casas e condomínios. A Gazeta do Sul esteve no local e verificou que além de pequenas, muitas bocas de lobo estão obstruídas por lama, lixo e plantas daninhas. Conforme uma moradora que não quis se identificar, somente duas estavam puxando a água como deveriam e não foram capazes de conter a inundação.
No Acesso Grasel, a árvore caiu sobre uma rede de alta tensão e, por isso, foi necessário aguardar a chegada da RGE para desligar a energia. Em função do grande número de atendimentos, a concessionária teve dificuldades para deslocar uma equipe e a via só foi liberada à noite. Com isso, o trânsito na Rua Vereador Benno João Kist, principal rota alternativa, intensificou-se e chegou a registrar lentidão nos horários de pico.
Chegou a newsletter do Gaz! 🤩 Tudo que você precisa saber direto no seu e-mail. Conteúdo exclusivo e confiável sobre Santa Cruz e região. É gratuito. Inscreva-se agora no link » cutt.ly/newsletter-do-Gaz 💙