Polícia

Veja como a polícia desmantelou laboratório itinerante para fabricação de ecstasy

Contrabandeado inicialmente a partir da Europa no fim dos anos 1990 e restrito a núcleos específicos da sociedade, o ecstasy, droga sintética com composto da metanfetamina (MDMA) em formato de comprimidos, chegava ao Brasil com preços que variavam de R$ 50,00 a R$ 100,00. Com o passar dos anos, a fabricação em laboratórios caseiros no País fez o valor baixar. Atualmente, nas festas clandestinas na região, um comprimido custa cerca de R$ 20,00.

E essa queda no preço por aqui tem um motivo. É que o Vale do Rio Pardo passou a produzir esse tipo de droga em escala industrial, em um laboratório itinerante, com uma máquina de prensa que circula por residências de criminosos na cidade de Venâncio Aires. Nessa quarta esse grupo, que integra uma ramificação da facção Os Manos, foi alvo da Operação Fábrica de Ecstasy, deflagrada pela Polícia Civil.

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A ofensiva, coordenada pelos delegados Paulo César Schirrmann e Vinícius Lourenço de Assunção, foi acompanhada pela Gazeta do Sul. Cerca de 80 agentes dos vales do Rio Pardo e Taquari se reuniram por volta das 5h30 no ginásio da comunidade de Linha Hansel, no interior de Venâncio Aires, onde os delegados organizaram as equipes para que cumprissem as ordens judiciais.

Além da Polícia Civil, a ação contou com apoio de agentes da Polícia Penal e dos cães farejadores treinados no canil da 8ª Delegacia Penitenciária Regional (8ª DPR). Ao longo de um ano, os investigadores da Delegacia de Polícia (DP) de Venâncio Aires apuraram provas e evidências da participação dos envolvidos, que culminaram nessa quarta em 13 mandados de prisão temporária e 25 ordens de busca e apreensão, além do bloqueio de contas.

Onze homens foram presos e conduzidos à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). Seus nomes foram mantidos em sigilo pelas autoridades. Dois outros investigados estão foragidos. Porções de drogas e de insumos foram apreendidas na operação, além de telefones que serão analisados mediante quebra de sigilo autorizado pela Justiça. Três veículos, um deles com equipamento luminoso similar ao usado por forças policiais, foram confiscados e outros bens e ativos bloqueados.

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Produção atendia vales do Rio Pardo e Taquari

Delegados que coordenaram a Operação Fábrica de Ecstasy, Paulo César Schirrmann e Vinícius Lourenço de Assunção afirmaram que o braço da facção alvo da ofensiva dessa quarta abastecia de ecstasy os vales do Rio Pardo e Taquari. A ação teve como objetivo enfraquecer as operações logísticas e financeiras dessa organização, visando desarticular a estrutura de produção e distribuição dos entorpecentes nas duas regiões. “Estamos dando um tombo grande no braço dessa organização criminosa. Temos um primeiro escalão desse grupo já preso e focamos agora nesse segundo posto, os chamados gerentes, que são comandados pelos chefes, mas também têm os seus subordinados, que são os vendedores”, explicou Assunção.

Sobre a fabricação da droga, ele reiterou o caráter itinerante da produção. “Essa máquina apareceu em diversos locais, sempre manuseada pelos mesmos indivíduos. A gente sabe que é capaz de produzir grande quantidade de comprimidos por minuto. E são vendidos a R$ 20,00 a unidade, podendo chegar a R$ 50,00, conforme a variedade de uma determinada pastilha”, detalhou.

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Delegado mais experiente do Vale do Rio Pardo e responsável por ofensivas históricas contra líderes do tráfico na região, Schirrmann enfatizou a importância de combater as facções. “Os grupos criminosos evoluíram muito. Tornaram-se organizações, com divisão de funções e tarefas, o que gera uma investigação mais detalhada para abarcar todos os envolvidos, desde sua base até sua cúpula.”

Ainda conforme os dois delegados, a investigação contou com a utilização de um complexo aparato tecnológico, viabilizado pelo investimento de empresários e líderes locais, que equiparam a DP de Venâncio Aires com computadores avançados na sala de extração de dados telemáticos. Isso permitiu à Seção de Investigação (SI) monitorar e analisar informações sigilosas.

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Delegado Schirrmann destacou a ação
Assunção enfatizou “tombo” na facção

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Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

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Cristiano Silva

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