Veco Marques: de Santa Cruz para a banda Nenhum de Nós

1 ano atrás

A Gazeta do Sul promove a estreia de uma seção permanente a ser dedicada a salientar a trajetória de músicos identificados com a região. E o nome escolhido para inaugurar esse espaço é o do guitarrista Veco Marques, que integra a banda Nenhum de Nós. Afinal, a partir dessa atuação ele teve seu nome projetado para o País e para o mundo, com contribuição decisiva e definitiva na história da MPB.

Nascido em 14 de janeiro de 1964, Veco é, aos 59 anos, referência inconteste para todos os que se dedicam à música. Ainda que guitarrista, é um multi-instrumentista, e em todas as situações um autodidata. Radicado em Porto Alegre, e ocupando-se em paralelo com publicidade e propaganda, a partir de sua graduação na área pela Unisinos, mantém vínculo regular com a terra natal. Por aqui reside seu pai, seu Luiz, com 91 anos (a mãe, Irene, é falecida), bem como os irmãos Adriana e Luis (outra irmã, Andrea, é também falecida).

Foi em Santa Cruz, na infância, que sua vocação para a música surgiu. Primeiro, por influência da tia Tina, que lhe apresentou os Beatles, além de Simon & Garfunkel, Bob Dylan e outros. “Ali meu coração foi conquistado”, diz. E recebeu uma “segunda flechada”, como define: ainda menino, passeando na Rua Marechal Floriano, deparou-se com uma guitarra Giannini, modelo Diamond, vermelha, à mostra na vitrine de A Banca, a loja de revistas. Ficou fascinado. Muitos anos depois, adquiriu uma similar àquela.

Em Santa Cruz Veco estudou no grupo escolar, atual escola Santa Cruz. Já em Porto Alegre, para onde a família se mudara ao final dos anos 70, frequentou o colégio Nossa Senhora das Dores. Detalhe: ali foi colega de Thedy Corrêa, Sady Homrich e Carlos Stein, com os quais pouco tempo depois formaria a banda Nenhum de Nós. Mas, antes disso, seu virtuosismo chamou a atenção de ninguém menos do que Renato Borghetti. Em 1984, ainda muito jovem, atuou na gravação do primeiro disco do gaiteiro, que surgiu como um acontecimento na cena musical. Com Borghettinho, Veco viajou pelo Brasil e pelo mundo.

Então, em 1987, outro furacão conquistou mentes e corações Brasil afora: a música Camila Camila, da estreante Nenhum de Nós. Seus colegas de turma! De pronto veio o convite para que se unisse ao grupo. Nunca mais se separaram. Depois ainda se juntou a eles o João Vicenti. Quando Astronauta de Mármore estourou, em 1989, o time já estava formado. E 37 anos depois, seguem tão ativos e entusiasmados como no princípio: na bagagem, 13 álbuns de estúdio, cinco ao vivo, três DVDs, mais de 2 mil shows e quase 4 milhões de discos vendidos.

Nos dias atuais, a agenda envolve shows (lotados) todos os finais de semana, e em todo o Brasil. Isso que, em paralelo, Veco colabora em outros projetos, caso do álbum Pão de Queijo e Chimarrão, ao lado de Diego Dias, da banda Vera Loca. Sem esquecer das tarefas na produtora Sonora Trilhas, da qual é sócio. E da dedicação à família: a esposa Karen, arquiteta, porto-alegrense, e a filha Maria Eduarda, a Duda, 12 anos. A ela, como frisa, esmera-se em transmitir o gosto pela música de qualidade e, em igual medida, pela leitura. “Na Nenhum de Nós somos todos bons leitores”, salienta.

Sobre a caminhada da Nenhum de Nós, contemporânea de outros ícones, como Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso ou dos gaúchos da Engenheiros do Hawaii, e antecessores de outros, como Skank e Jota Quest, não hesita em avaliar: “Vejo com muito, muito orgulho o que fizemos. Afinal, ajudamos a escrever algumas das páginas mais bonitas do cancioneiro brasileiro”. Esse é Veco Marques, um cara simples, boa-praça, músico da mais alta grandeza, que projeta Santa Cruz do Sul na cena da MPB.

Cinco músicas referenciais para Veco:

“Sangue Latino” (Secos e Molhados)
“Mrs. Robinson” (Simon & Garfunkel)
“Rocket Man” (Elton John)
“A Hard Day’s Night” (Beatles)
“Comentário a respeito de John” (Belchior)

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