Estado do Vaticano (0,44 km2 , 825 habitantes)
Na infância, já tentado a viajar pelo globo, arquitetei um plano para cruzar o oceano, e a estratégia passava pelo seminário. Como padre católico, na minha cabeça, viabilizaria automaticamente uma visita a Roma e ao Vaticano. Anos depois, o plano foi arruinado quando, na adolescência, me apaixonei pela primeira vez, mas essa particularidade não é relevante para este artigo. O fato é que lembrei daquele longevo projeto assim que entrei na imponente Praça de São Pedro em minha primeira visita, quando, de quebra, ainda tive a fortuna de participar de um encontro no auditório Paulo VI com meu ex-futuro chefe, o Papa João Paulo II.
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O minúsculo território sobre o Monte da Profecia, aprisionado pela cidade eterna, foi o que restou dos Estados Papais, poderoso país antes da unificação da Itália, em 1861. A sede da Igreja Católica é, em teoria, uma monarquia absolutista, com o papa como soberano. Na prática, o enclave apostólico depende da Itália para quase tudo. Dos temidos regimentos e até da Marinha de outrora, resta somente a cerimonial Guarda Suíça, em seu exuberante uniforme desenhado por Michelangelo.
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Para leigos, a visita à Santa Sé fica limitada à Basílica de São Pedro, à Capela Sistina e aos Museus do Vaticano, o que não é pouco e demanda alguns dias para uma apreciação adequada. A Basílica, maior templo cristão do mundo, é carregada de arte e significado. Entre as altas colunas e paredes de mármore das naves e das várias capelas, destacam-se o baldaquino de Bernini sobre o altar papal, a sublime escultura Pietá, de Michelangelo, e dezenas de magníficas obras de arte.
Marcou-me particularmente o túmulo de Alexandre VII, outra obra de Gian Lorenzo Bernini onde, além das estátuas do Papa e das quatro virtudes, emerge dramaticamente do mármore a figura da Morte, um esqueleto em bronze dourado, elevando a ampulheta da hora derradeira. O magnífico templo, mesmo tendo sido construído sobre o túmulo do primeiro papa e sendo a morada final de pontífices que o seguiram, não é uma Catedral. Como bispo de Roma, o papa tem sua cátedra (cadeira ou trono, do grego) episcopal fora do Vaticano, na Basílica de São João de Latrão, em Roma.
Parte integrante do Palácio Apostólico, a Capela Sistina homenageia o papa Sisto IV, que a restaurou no final do século 15. Desde 1492, o conclave, processo de escolha de um novo papa, ocorre ali, a portas literalmente lacradas, com os cardeais guardados por magníficos afrescos dos mestres da Renascença. Michelangelo se considerava mais como escultor do que pintor e, mesmo trabalhando contrariado, conseguiu ofuscar Rafael, Botticelli, Donatello e outros que já tinham deixado ali suas obras.
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As cenas dos profetas e do Gênesis, no teto da capela, e o Juízo Final, na parede do altar, estão entre os maiores tesouros da humanidade. Fora dali, vários setores dos Museus Vaticanos guardam a riqueza artística e as antiguidades colecionadas por pontífices desde a Idade Média, que necessitariam de vários artigos para ser detalhados. Limito-me a dizer que são imperdíveis e dignos de repetidas visitas. Como curiosidade final, quem precisar sacar dinheiro no Vaticano vai se deparar com uma peculiaridade. A cidade-estado é o único lugar do mundo onde caixas automáticos permitem a realização de operações bancárias em latim.
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Pequenos países, grandes histórias
Algumas nações da Europa continental são referidas como microestados. O conceito de pequeno é intrinsecamente relativo, e países que não estão nessa classificação, como Bélgica, Países Baixos e até mesmo o Reino Unido, podem ser considerados nanicos se comparados a gigantes como Rússia, China e Brasil.
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De forma livre e demasiadamente bairrista, defino-os aqui como aqueles países com área menor do que o município de Santa Cruz do Sul. O único que não é uma monarquia é a República Constitucional de San Marino. Os outros abrangem três principados (Andorra, Liechtenstein e Mônaco), um papado (o Estado do Vaticano) e um ducado (Luxemburgo). Além desses, incluo a pequena Gibraltar, única nação colônia da Europa. Inicio pelo menor país do mundo.
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