Regional

Variação no clima afeta safra de ameixas, mas qualidade do fruto é boa

No município de Passa Sete, alto da região Centro-Serra, a cerca de 12 quilômetros de distância da ERS-400, está localizada uma das poucas plantações de ameixas do Centro do Estado. Na localidade de Campo de Sobradinho, o produtor Marcos Jung, de 47 anos, utiliza 5,5 hectares da propriedade, onde também cultiva soja e caqui, para produzir cinco variedades de ameixas: Letícia, Irati, Fortune (Italiana), Gulfblaze e Pluma 7, além de outras espécies polinizadoras da fruta.

Apesar da dificuldade do clima nesta safra, a previsão é de que a produção chegue a um rendimento de oito toneladas por hectare plantado. Cerca de 44 toneladas de ameixas irão sair da propriedade de Jung, já com destino certo para a venda. O montante estipulado para a colheita é considerado baixo pelo proprietário, que afirma que poderia estar produzindo entre 35 e 40 toneladas a cada hectare plantado com a fruta, não fossem as intempéries.

LEIA TAMBÉM: Boqueirão do Leão e Passa Sete decretam situação de emergência

Publicidade

Extensionista rural da Emater/RS-Ascar Anderson da Silva | Foto: Alencar da Rosa

O produtor afirma que foram muitos os desafios para o desenvolvimento das ameixas na safra atual, e o clima foi o maior deles. Assim como no Vale do Rio Pardo, os agricultores do Centro-Serra encaram o terceiro ano consecutivo com estiagem. Mas não foi só a seca que atrapalhou. O extensionista rural da Emater/RS-Ascar Anderson da Silva explica que, na época do inverno, a ameixeira entra em um estágio de repouso. Durante a etapa seguinte do desenvolvimento ocorre a florada, período no qual houve excesso de chuva, prejudicando a polinização das plantas pelas abelhas.

No início da formação das ameixas, a localidade enfrentou a geada, que causa o abortamento do fruto. “Tivemos chuva na floração, geada no início do período reprodutivo. Isso reduziu muito a produção. Com o período de estiagem, se a planta não tem condições de se manter, imagina produzir frutos”, explica o profissional da Emater. “Tudo o que podia dar errado neste ano, deu. Só não caiu granizo”, acrescenta o produtor rural.

LEIA TAMBÉM: Peras caem cada vez mais cedo nas ruas de Santa Cruz

Publicidade

Cultura garante alto rendimento na venda

Mesmo com as perdas na produção deste ano em virtude do clima irregular, Jung mostra-se animado com a produção da safra atual, que apresenta qualidade na fruta e garante um alto rendimento na venda, maior que de outras culturas mais comuns na região. As plantações de tabaco, por exemplo, ocupam 3 mil hectares no município. Já a cultura da soja tem 5 mil hectares plantados em Passa Sete.

“O custo de produção não é tão alto. Claro, tem o manejo, a mão de obra. Mas no meu ponto de vista, a fruta é muito boa para a pequena propriedade”, aponta Jung, que também é presidente da Associação de Fruticultores de Passa Sete.

LEIA TAMBÉM: Promulgada lei que torna obrigatória a classificação do tabaco nas propriedades

Publicidade

Outro fator que garante a possibilidade de boas vendas da ameixa é a presença de uma câmara fria na propriedade. Cerca de 100 toneladas da fruta podem ser armazenadas na estrutura, que mantém a produção na temperatura de 1 grau. O resfriamento possibilita o armazenamento por até 90 dias, o que permite a Jung vender a produção fora da época de colheita, com um preço mais vantajoso.

O município de Passa Sete tem outras três câmaras frias que podem ser utilizadas pelos produtores locais. Duas delas são de responsabilidade da Associação dos Fruticultores de Passa Sete. O investimento médio para a instalação de uma câmara fria fica entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. A irrigação usada na propriedade e a cobertura antigranizo instalada em mais da metade da área do pomar de ameixas também auxiliaram no resultado da safra. O granizo, inclusive, custou a Jung a produção inteira em 2016. Depois disso, o produtor optou pela cobertura.

LEIA TAMBÉM: Expectativa de boa qualidade na safra da uva

Publicidade

A redução dos gastos com energia elétrica também compõe um fator importante na conta final. A câmara fria, atualmente, é alimentada por energia solar. “Se não tem onde guardar o produto, ou tu vende ou deixa o fruto no chão do pomar e perde dinheiro. Com a câmara, é possível brigar por preço. Instalamos as placas solares: onde eu gastava R$ 2 mil com a energia da câmara fria, neste mês gastei somente R$ 78,00. Tudo isso agrega valor no final”, completa o produtor.

Jung: custo de produção não é tão alto | Foto: Alencar da Rosa

Ideal para diversificação

O extensionista da Emater Anderson da Silva afirma que a fruticultura pode agregar em muito aos produtores, no sentido de garantir uma renda extra com diversificação. Muitas espécies podem ser plantadas em épocas de entressafra, e o aumento da quantidade de produtores é benéfico para a região. “A fruticultura talvez seja um dos poucos ramos que quanto mais tiver em alguma localidade, melhor para quem produz. Ela não traz competição de mercado entre os produtores, compete com outras regiões. Com uma quantidade boa, é possível barganhar preços”, salienta.

LEIA TAMBÉM: Prefeito de Vera Cruz assina decreto de emergência nesta quinta-feira

Publicidade

Silva destaca que a região Centro-Serra tem grande potencial para transformar-se em um expoente na produção frutífera, assim como ocorre na Serra Gaúcha, onde a grande colheita de ameixas coloca o Rio Grande do Sul como uma das principais origens da fruta no Brasil. Com mais de uma década de produção de ameixas em Passa Sete, o produtor Marcos Jung diz que já tem mercado estabelecido e é procurado em razão da qualidade da produção.

Os municípios de Carazinho, Espumoso, Lajeado, Sobradinho e Agudo são os principais destinos das ameixas de Passa Sete. A fruta de qualidade não fica parada na gôndola do supermercado, segundo Jung. “Se tem qualidade, vende.” Sobre a venda de ameixas para o Vale do Rio Pardo, onde existem grandes mercados consumidores, Jung alega que precisaria aumentar a produção. “Só não entrego para cidades como Santa Cruz porque não consigo produzir mais. Se eu tivesse, venderia”, garante.

LEIA TAMBÉM: Mirtilo começa a ser colhido na região e é alternativa para diversificar a produção

Benefícios da fruta

  • Rica em vitamina C: ajuda na recuperação muscular e na formação de vasos sanguíneos e fortalece o sistema imunológico.
  • Auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares.
  • Rica em antioxidantes, auxilia no controle da ansiedade e protege a pele.
  • Rica em potássio, ajuda no controle da pressão arterial.
  • Auxilia na regulação do intestino, age contra a prisão de ventre e reduz o nível de açúcar no sangue.

Opções de consumo

  • Pode ser adicionada à salada de frutas.
  • Molho à base de ameixa.
  • Adiciona sabor ao chá, colocando-se uma fatia da fruta na bebida.
  • Ajuda na produção de vitaminas ou smoothies.

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS NO PORTAL GAZ

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.