A rivalidade entre as Oktoberfests de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e de Blumenau, em Santa Catarina, se restringe a brincadeiras sobre qual das duas é a maior. A festa catarinense é considerada a maior do gênero no país, enquanto a santa-cruzense ocupa a segunda posição. Na prática, os dois eventos mantêm fortes parcerias com o objetivo de fortalecer a cultura alemã no Brasil, por meio das maiores festas do gênero no país.
O diretor-geral do Parque Vila Germânica de Blumenau, Guilherme Guenther, destacou a conexão com Santa Cruz. Segundo ele, há um laço de amizade e cooperação em prol da cultura dos imigrantes alemães. “Eu mesmo já estive na festa de Santa Cruz em algumas ocasiões. Nosso objetivo é manter essa parceria para fortalecer ainda mais os laços da cultura germânica no Brasil”, afirmou nesta segunda-feira, 14, em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9.
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As duas festas são realizadas durante o mês de outubro e chegam a edição 40 em 2025. A organização de Blumenau já está com os preparativos acelerados para a próxima Oktoberfest, que contará com novos conceitos sendo implementados. Uma das mudanças mais comentadas é a restrição a estilos musicais não relacionados à cultura germânica. “Essa decisão não é por preconceito — até porque temos esses estilos em outros eventos do nosso calendário. A Oktoberfest é uma festa que busca proporcionar uma experiência imersiva na cultura germânica”, pontuou Guenther.
Segundo ele, quase dois terços do público vêm de fora do município, muitos deles turistas de outras regiões do Brasil. “Esse visitante vem buscando exatamente essa experiência. Imagine alguém vindo de São Paulo e ouvindo funk na Oktoberfest… não é o que se espera. A música precisa estar alinhada à proposta da festa”, destacou.
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A medida vale inclusive para as áreas externas do Parque Vila Germânica. A única exceção são os camarotes da cervejaria oficial, onde há maior flexibilidade musical.
Valorização do traje típico
Outro aspecto valorizado é o uso do traje típico. Segundo Guenther, atualmente cerca de 40% do público comparece trajado ao evento. “Isso reforça o orgulho da comunidade com a festa. Inclusive, somos bastante rigorosos: até o calçado precisa ser tradicional, não é permitido o uso de tênis.”
Além do benefício da meia-entrada para quem utiliza o traje completo, ele destacou que o blumenauense tem o hábito de manter a vestimenta guardada especialmente para a ocasião. “Isso fala muito sobre nossa identidade cultural.”
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A Festa da Alegria de Santa Cruz também tem incentivado o uso de trajes típicos e oferece desconto no ingresso para quem estiver vestido com a indumentária tradicional. Nas últimas edições, percebe-se uma maior adesão por parte do público, especialmente entre os mais jovens.
Gestão do evento e apoio à cervejaria local
A Oktoberfest de Blumenau é gerida pela Fundação Promotora de Exposições de Blumenau (Proeb), uma entidade pública vinculada ao município. Isso garante apoio institucional robusto, mas também impõe desafios burocráticos. “Temos que lidar com licitações e prazos mais longos, o que exige muito planejamento”, comentou Guenther.
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Ele elogiou o modelo de gestão da festa do Vale do Rio Pardo, que é organizada pela Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz (Assemp), com apoio da prefeitura. “Conheço bem o modelo e acho muito eficiente. Permite mais agilidade nas decisões, embora cada cidade tenha suas particularidades.”
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Sobre a bebida oficial do evento, Guenther explicou que Blumenau mantém contrato com a Ambev, o que garante recursos essenciais para a realização da festa. “Nosso contrato com a Ambev vai gerar mais de R$ 100 milhões em seis anos, recursos que retornam ao município e à Proeb”, disse. Ainda assim, as cervejarias artesanais locais têm espaço garantido: são oito pontos de venda, e elas representam mais de 40% do volume consumido na festa.
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Em Santa Cruz, no ano passado, a Eisenbahn, de Blumenau, foi a fornecedora oficial de chope da festa. Para este ano, o prefeito Sérgio Moraes está incentivando que as cervejarias locais assumam esse protagonismo. No entanto, as próprias empresas informaram que isso não ocorrerá em 2025. A medida deverá ser aprofundada para 2026.
Foco na experiência e na qualidade cultural
A festa catarinense também não conta com shows nacionais — uma diretriz mantida desde sua primeira edição. A parte musical é composta por bandas locais com repertório germânico aprovado ou por grupos trazidos da Alemanha e da Áustria.
Segundo o diretor-geral do Parque Vila Germânica, as bandas passam por avaliação rigorosa, com notas de desempenho que influenciam diretamente na quantidade de apresentações na edição seguinte e no valor dos cachês. Para garantir esse controle de qualidade, a festa conta com “fiscais de bandas” — músicos contratados — e um sistema de avaliação que assegura o padrão artístico do evento.
Impacto econômico
Em 2024, a Oktoberfest de Blumenau recebeu 600 mil pessoas e gerou um lucro líquido de R$ 10 milhões, totalmente reinvestido no turismo da cidade. Esse valor financia eventos como o Natal de Blumenau — o segundo maior do Brasil —, a Páscoa, o Réveillon e outras ações ao longo do ano.
Ouça a entrevista na íntegra
Colaboraram Carina Weber, Lucas Malheiros e Marcio Souza
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