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Vale tudo pela vaga de estacionamento em Santa Cruz

À medida que as cidades se desenvolvem economicamente, o número de habitantes também aumenta, impulsionado pelas oportunidades de emprego. Um exemplo disso é Santa Cruz do Sul, polo do Vale do Rio Pardo, que concentra uma ampla oferta de serviços, desde o comércio até referências na área da saúde.

Esse cenário atrai moradores de municípios vizinhos que vêm à Terra da Oktoberfest para resolver diversas questões. A alternativa mais prática para chegar até aqui, geralmente, é o uso do carro. Com isso, a demanda por vagas de estacionamento na área central aumenta. Quem circula diariamente pelas ruas centrais se depara com a escassez de vagas e, quando uma finalmente fica livre, vale tudo para garantir o espaço.

E quando digo “vale tudo”, é isso mesmo: motoristas param o carro no meio da rua como se fossem os únicos por ali; trocam de faixa repentinamente, sem sequer sinalizar; e, ao avistar uma vaga, engatam a marcha à ré e percorrem vários metros sem se preocupar com quem vem atrás.

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Outro problema recorrente é a forma como alguns cidadãos estacionam: muitas vezes, deixam parte do carro sobre a via de rolamento, a quase meio metro da calçada, exigindo ainda mais atenção de quem trafega, já que é preciso desviar do veículo mal posicionado.

A situação se agrava com veículos maiores, como caminhonetes, que ao estacionar em vagas oblíquas acabam deixando a traseira do veículo para fora do espaço delimitado, prejudicando a fluidez do trânsito. São inúmeros exemplos que demonstram como, para muitos, vale tudo por uma vaga, mesmo sem pensar no próximo. E é assim que os acidentes acontecem: basta um segundo de desatenção de quem vem atrás para que uma manobra imprudente termine em colisão. Não quero generalizar e dizer que todos os condutores agem dessa forma, mas, infelizmente, boa parte dos que dirigem pelas ruas de Santa Cruz, sim.

Uma das propostas da Prefeitura para amenizar o problema é a construção de um estacionamento subterrâneo na Praça Getúlio Vargas. No entanto, acredito que ainda estamos longe de seguir modelos de cidades sustentáveis, em que o foco não está no carro, e sim nas pessoas.

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Para isso, Santa Cruz precisaria contar com alternativas eficientes de transporte público, como o aumento do número de linhas de ônibus e a ampliação das ciclofaixas (que, na minha visão, ainda são poucas e mal distribuídas). Por exemplo, quem mora na região alta de Linha João Alves ou Linha Santa Cruz não tem conexão completa por ciclofaixa até o Centro. A mais recente foi implantada na Rua Benno João Kist, mas atende outra área da cidade e não segue até o Centro – sua extensão termina bem antes, o mesmo acontece com a faixa no Acesso Grasel. Talvez isso explique o pouco uso desses meios já existentes para deslocamentos diários até o trabalho.

Uma alternativa para reduzir o número de carros no Centro, especialmente por parte de moradores da área central, é o uso de patinetes elétricos – seja por aquisição própria ou por meio de aplicativos pagos. Não seria possível utilizar recursos do Estacionamento Pago, o Rapidinho, para investir nesse tipo de mobilidade? O mesmo poderia ser feito com bicicletas, por meio de parcerias público-privadas, como já ocorre em outros lugares.

Pensando em uma proposta mais ousada, seria a implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), como o adotado no centro do Rio de Janeiro. O sistema se integra ao trânsito e à mobilidade urbana sem causar transtornos. Em Santa Cruz, o VLT poderia fazer a conexão ponta a ponta da cidade – começando pela Zona Sul e retornando na Unisc. São ideias, claro, que exigem estudos de viabilidade e investimento, mas que não deixam de ser boas soluções.

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As possibilidades existem – e olha que nem comentei sobre os carros por aplicativo e táxis. É preciso estudá-las com seriedade e entender qual delas se encaixa melhor na nossa realidade. Porque o caos da falta de estacionamento urbano é real – e nem sempre vale tudo por uma vaga.

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Ricardo Gais

Natural de Quarta Linha Nova Baixa, interior de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais tem 26 anos. Antes de trabalhar na cidade, ajudou na colheita do tabaco da família. Seu primeiro emprego foi como recepcionista no Soder Hotel (2016-2019). Depois atuou como repositor de supermercado no Super Alegria (2019-2020). Entrou no ramo da comunicação em 2020. Em 2021, recebeu o prêmio Adjori/RS de Jornalismo - Menção Honrosa terceiro lugar - na categoria reportagem. Desde março de 2023, atua como jornalista multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, em Santa Cruz. Ricardo concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira (2016) e ingressou no curso de Jornalismo em 2017/02 na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em 2022, migrou para o curso de Jornalismo EAD, no Centro Universitário Internacional (Uninter). A previsão de conclusão do curso é para o primeiro semestre de 2025.

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