A batata-inglesa, ou batatinha, já é plantada para fins de consumo ou para venda em pequena escala nas feiras rurais da região. Mas um estudo da Emater/RS-Ascar que começou no ano passado já apresenta resultados na tentativa de aumentar o volume da plantação do tubérculo no Vale do Rio Pardo para, no futuro, atender a fins comerciais, como grandes redes de supermercados.
Em conjunto com a Cooperativa Agrícola de Passo do Sobrado e Vale Verde (Coopasvale), uma unidade de observação foi implantada em Passo do Sobrado, na localidade de Rincão Nossa Senhora, para estudar como se desenvolviam cinco diferentes tipos de batata no solo da região – variedades BRS Ana, BRS Clara, BRS Camila, BRS Bel e BRS Macaca. O plantio ocorreu em agosto de 2020 e a colheita foi feita em novembro, com os melhores resultados em termos de produção verificados na BRS Ana. A partir desta primeira etapa, outros produtores foram desenvolvendo o plantio das diferentes espécies da batata e mais resultados serão avaliados a partir dessas experiências, como ressalta um dos desenvolvedores do estudo, o agrônomo e extensionista rural da Emater Edson Mohr.
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Na segunda fase, o plantio foi realizado entre o início e a metade de março. “Aqueles que plantaram no começo já colheram ou estão colhendo. Essa tarefa deve estar encerrada até o início de julho”, explica Mohr. “Ainda não temos a avaliação final, precisamos do depoimento de todos os agricultores, mas em princípio a variedade Ana despontou em termos de resistência e produtividade. Pelo menos nessa colheita de safrinha.” Segundo o agrônomo, ela também apresenta um tamanho considerado bom e é muito saborosa para consumo. “É uma batatinha que tem menos umidade, menos água; então, para quem gosta de fazer purê ou maionese, e até a batata frita tradicional, ela se adapta muito bem.”
Em Venâncio Aires
A agricultora Carmen Penck, de Venâncio Aires, realizou o plantio das diferentes variedades da batata em sua propriedade. Nas variedades Ana e Bel, a colheita teve melhores resultados. Carmen participa do estudo e compartilha os resultados de suas plantações de batatas com a Emater. “Com a Ana o resultado foi muito bom, muito satisfatório. Eu não cheguei a pesar, plantei toda no manejo orgânico. E deu muito bem. Ela produziu poucas batatinhas pequenas, foram quase todas grandes e uniformes”, explica. Já as variedades Bel e Macaca não foram tão satisfatórias como a Ana, mas no fim todas se apresentaram bem uniformes, segundo a agricultora. As batatas colhidas estavam lisas e no conjunto não havia muitas unidades pequenas, impróprias para a venda.
Na unidade de observação da Cooprova, em Venâncio Aires, em uma avaliação inicial na propriedade do agricultor Erion Fonteneve, a plantação está com 80 dias de desenvolvimento. “A variedade Camila mostrou uma brotação razoável e ainda está em fase de desenvolvimento, com as folhagens relativamente sãs, mas ela já tem alguma incidência de doenças foliares”, informa Fonteneve. A variedade Ana apresenta um bom desenvolvimento foliar na propriedade. Como o ciclo dela é relativamente longo, o agricultor estima que vai precisar de no mínimo mais um mês na lavoura. “Chama atenção também a brotação, com três a quatro hastes. Isso vai favorecer a produção, que vamos avaliar na frente, quando chegar no fim do ciclo.”
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Outra variedade plantada na unidade em Venâncio Aires é a Asterix, uma das mais cultivadas no País e que também está em fase de observação no Vale do Rio Pardo. Já a BRS Macaca apresentou boas condições para fornecer sementes, segundo relato do extensionista da Emater Edson Mohr. “A Asterix teve problemas de brotação, falharam muitas batatinhas. Está no fim do ciclo. É uma variedade muito plantada, mas merece ser avaliada na nossa região”, diz Mohr. “A Macaca teve uma brotação razoável, com algumas falhas, e também está no fim do ciclo. É uma variedade muito plantada, pela facilidade de obtenção de batatinha-semente, facilidade de brotação e pela produção. É uma batata produtiva, por isso é muito plantada ainda.”
Já a variedade Bel promete ter uma boa produção, mas segundo Edson Mohr, o plantio ainda carece de acompanhamento. “A Bel teve problema de brotação, mas as que brotaram apresentam desenvolvimento vigoroso, com muita sanidade. Temos que aprender como colocá-la e como incentivar a brotação dela”, afirma. “Aparentemente, as plantas vão produzir bem, com um ciclo longo de desenvolvimento e boa sanidade na área foliar. Vamos esperar que todas fechem o ciclo de desenvolvimento para emitir uma conclusão sobre essa unidade de observação”, completa o agrônomo.
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Avaliação
Edson Mohr ressalta que a partir de julho, quando todos os agricultores participantes do estudo tiverem realizado suas colheitas, haverá uma reunião de avaliação para coletar mais informações sobre os números totais. O experimento, com orientação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem a colaboração das cooperativas de agricultura familiar Coopersanta, de Santa Cruz; Coopasvale, de Passo do Sobrado e Vale Verde; Coopervec, de Vera Cruz; Cooprova, de Venâncio Aires e Ecovale, de Santa Cruz. A Emater realiza ações técnicas nas áreas de produção, contábil, administrativa e organização social das cooperativas da agricultura familiar.
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