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Vale a pena, um dia saberemos

Dias atrás tomamos uma decisão inusitada. Tínhamos programado uma ida ao sítio, numa sexta-feira, dia de estradas congestionadas por razões óbvias. Para não ficarmos retidos por hora ou mais na RSC-287, que está passando por obras de recuperação, todos já sabemos, optamos por um atalho. Mais perto até, sem cobrança de pedágio, mas alguns quilômetros a mais de estrada de chão.

Não foi uma boa ideia, logo nos convencemos. Havia chovido na noite anterior, mais lá do que aqui. Depois de um trecho com asfalto e uma pavimentação em construção com bloquetes de cimento mais à frente, nos vimos diante de cones enfileirados sobre a pista impedindo passagem. E uma placa convidando a seguir por um desvio.

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Já estava manobrando para retornar e abortar a ideia do desvio, quando outro carro deu meia volta e veio ao nosso encontro. Vidro abaixado, arrisquei: “Preciso ir para o Albardão. Como faço”? No volante estava um moço, acompanhado de um senhor que imaginei ser seu pai. “Me segue que te mostro o caminho”, ele disse.

E assim fizemos. Nos conduziu por um emaranhado de acessos a localidades que sequer conhecíamos quando, alguns quilômetros depois e baldes de barro grudado na caminhonete, parou no lado da estrada. “Agora é só dobrar à direita e seguir em frente”, ensinou.

Nunca os havíamos visto, não soubemos se eles moram naquela região, se seguiriam na mesma direção ou se simplesmente nos conduziram. Só deu tempo de lhes dizer um “muito obrigado! Fiquem com Deus”!

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São os anjos. Eles existem, acredite.

Tenho certeza, cada um que estiver lendo este texto saberia relatar situações em que foi ajudado por anjos do bem, de carne e osso. Eu mesmo tenho várias. Algumas improváveis, como ser socorrido por um caminhoneiro, tarde da noite, em plena freeway abarrotada de veículos, com dois pneus furados, numa época em que ainda não havia socorro mecânico de concessionária. Outras constrangedoras, como ficar sem bateria no carro num lugar ermo no final do dia em que o time do meu amigo colorado foi rebaixado à Série B do Brasileirão. Ele resistiu em me atender – e eu faria o mesmo – convencido de que estava ligando para alfinetá-lo. A amizade prevaleceu e ele me socorreu. E respeitei a sua dor.

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Como a vida seria mais leve se pudéssemos nos ater aos que nos acolhem, aos que nos dão um voto de confiança quando todos já nos abandonaram, aos que nos respeitam mesmo que divirjam de nossa opinião, aos que nos reconhecem valor acima dos resultados.

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É uma pena. Estamos cercados de tantas pessoas boas – na nossa rua, no bairro onde vivemos, na localidade onde nascemos e hoje vivemos –, verdadeiros anjos, solícitos e solidários, sempre prontos para nos amparar. Infelizmente estamos reféns de uma minoria marginal que nos espreita para nos aplicar uma rasteira, que nos aprisiona e sequestra nossos direitos sob a complacência da lei, de um sistema jurídico que se relativiza e nos põe medo e de um Parlamento desconectado da sociedade que deveria representar.

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Sejamos anjos uns dos outros. Mais dia menos dia, todos saberemos, terá valido a pena. Se não neste mundo, em outra dimensão, tenho certeza!

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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