São dias de pandemia, e, além de tudo, aproxima-se o inverno. No lar, curtir um bom som é uma pedida quase irrecusável. O Magazine desafiou quatro profissionais da equipe da Gazeta a apontarem, cada um, o álbum que, em seu entendimento, melhor combina com o mês de junho. São eles: Pedro Soares, o Pepe; Rodrigo Sperb; Cristiano Silva; e Felipe Kroth. Eles foram orientados a seguir seu gosto pessoal, em trabalho nacional ou estrangeiro, atual ou do passado, de variado gênero.
Os quatro têm forte envolvimento com a música. Pedro Soares, 49 anos, santa-cruzense, hoje é gerente de produtos das rádios, além de músico em bandas, como a Capadócia 23. Rodrigo Sperb, santa-cruzense, 47, diagramador e designer na Gazeta do Sul, integra a banda Íris Ativa desde 1986, como baterista, embora também toque violão. O santa-cruzense Cristiano Silva, 31, jornalista da equipe da Gazeta do Sul, também é músico. Por fim, o jornalista Felipe Kroth, 26, natural de Venâncio Aires e editor do Portal Gaz, chegou a integrar bandas. Está montado o time que sugere o que você deveria escutar, com calma e atenção, nesses dias que convidam a apreciar boa música.
Délibáb – Vitor Ramil
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“A Estética do Frio pela qual Vitor Ramil transita já cruzou as fronteiras sulistas e alcançou nossos países hermanos, tal qual o chimarrão, que passa de mão em mão nos Campos Neutrais. Este cidadão de Satolep abraçou a causa Milongueira desde os primórdios de sua trajetória musical, com “Semeadura”, música que revolucionou uma Califórnia da Canção. Assumindo esta Latinidade, o disco Délibáb resgata poemas de João da Cunha Vargas e Jorge Luis Borges em milongas que contam com a maestria do violonista argentino Carlos Moscardini. Vitor usa sua musicalidade tal qual um Fogo de Chão, vitalizando as cinzas do tempo como acordes à procura de calor. Bem por isso, merece ser ouvida, e ouvida de novo, e de novo, nesses dias que já se conduzem tão céleres em direção ao inverno no Sul do Brasil.”
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In Rock – Deep Purple
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“Quando eu era piá, o Deep Purple foi a primeira banda que abriu o caminho para um mundo de saborosas surpresas dentro do rock and roll. Ao chegar na casa de um amigo, me deparo com o aparelho 3 em 1 (toca-discos, toca-fitas e rádio) na sala de estar. Ao lado, uma pilha de discos (na época era o vinil, “bolachão”), e entre coletâneas de novelas surge uma capa onde aparece a banda com um fundo de céu azul e os rostos como se fossem esculpidos, alusão ao Monte Rushmore. Um vazio na alma foi preenchido e músicas como Speed King, Child in Time e Living Wreck colocaram o rock que eu conhecia em outro patamar. Para a galera que curte hard rock, o In Rock é prato servido com todos os elementos de que uma banda precisa. E estes cinco elementos, Ian Gillan, Jon Lord, Richie Blackmore, Roger Glover e Ian Paice, sabem muito bem disso.”
The Wall – Pink Floyd
“O disco The Wall, do Pink Floyd, sempre me pareceu estar à frente do seu tempo. Lançado há mais de 40 anos, em 1979, foi o último projeto a contar com a participação dos quatro membros da formação clássica, com Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright. O álbum traz algumas das principais músicas da história do rock, como Another Brick in the Wall, Mother, Hey You, Goodbye Blue Sky, In the Flesh. Embora as canções retratem a história do personagem Pink (baseado em Waters), em vida cheia de reviravoltas, chama atenção o conceito por trás deste álbum. Em suas músicas, o registro explora o abandono e o isolamento social e pessoal, simbolizados por uma parede metafórica – daí The Wall (O Muro). Como disse, é um disco que sempre me pareceu à frente do seu tempo. Recentemente, tenho impressão de que esse tempo chegou.”
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All That you Can’t Leave Behind – U2
“Um dos maiores registros de uma das maiores bandas da história completa 20 anos em 2020. All That you Can’t Leave Behind foi lançado pelo U2 em 2000 e marcou o retorno do grupo irlandês a uma sonoridade mais comercial e mais próxima dos primeiros êxitos. Traz sucessos como Beautiful Day, Elevation e Stuck in a Moment you Can’t Get Out Of, e acumulou sete prêmios Grammy. Em alguns países, o álbum teve ainda excelente faixa bônus, The Groung Beneath Her Feet, com letra do grande escritor indiano/britânico Salman Rushdie. Um disco de muito bom trabalho vocal de Bono e guitarras geniais de The Edge (sem desmerecer a “cozinha”, que também acho especial no grupo). Além disso, tem boas letras. A capa mostra a banda em um saguão do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, em registro do fotógrafo Anton Corbijn, parceiro recorrente do grupo.”
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