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Vai um remedinho aí?

Não é novidade esta incrível proliferação de farmácias. Já faz tempo que qualquer térreo desocupado vire algo de brincadeira. “Garanto que em um mês, ali vai surgir outra São João!”, brinca o pessoal. Descobri isso não é um fato exclusivo do Rio Grande do Sul, mas um aspecto mercadológico consagrado no país inteiro.

Há poucas semanas estive em Colinas do Sul. É um pequeno município localizado no Estado de Goiás, com população de 3 mil habitantes, distante 400 quilômetros de Brasília, ponto turístico repleto de trilhas e cachoeiras. Como aqui, na rua principal do vilarejo funcionam cinco drogarias, de vários tamanhos.

Talvez esse fenômeno tenha alguma relação com a onda de hipocondria que assola o Brasil. Hipocondríaca, segundo definição consagrada, “é a pessoa que em algum momento da vida começa a desenvolver uma preocupação excessiva com a saúde. Geralmente ela acredita que qualquer manifestação do corpo esteja diretamente relacionada a uma doença grave”. Eu acrescento: “Pode ser uma simples dor muscular, uma tosse fortuita ou até mesmo a cor diferente, mais escura da urina”. Tudo é motivo de alarme e de consequente busca de tratamento e de especialistas para mitigar os efeitos da “doença”.

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Com a proliferação de gente que se acha portador de algum tipo de doença, evito comentar qualquer dor ou comportamento anormal do meu organismo. Assim não preciso ouvir as “dicas” de diversos tipos com interlocutores que na maioria das vezes são meros curiosos.

Costumo brincar dizendo que, se me queixar de “dor na sobrancelha”, logo aparecerá alguém para fornecer sugestões infalíveis. Vão desde o “conheço um especialista que atende pelo IPE, outro pela Unimed e também um que é homeopata. É tiro e queda!”.

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A isso se somam as indicações sobre medicamento “que acaba com a dor em três minutos”. São comprimidos, xaropes, drágeas, chás milagrosos e até simpatias. Para acabar com as doenças vale tudo. Até invocar o sobrenatural ou a fé de cada um.

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Sou exatamente o oposto do hipocondríaco. Refratário ao uso de remédio por qualquer sintoma, recorro a compras pontuais. Dia destes minha filha me visitou. No meio da conversa, ela reportou uma dor de cabeça contínua e perguntou onde eu guardava os medicamentos. Indiquei o local e segundos depois ela berrou:

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– Pai! Tu tem um único comprimido de Dorflex… que está vencido há um ano e meio? Não tem vergonha? – criticou a guria.

Expliquei que na vizinhança existem três farmácias de bandeiras diferentes. Quando preciso, compro em pequenas quantidades para evitar desperdício e gastos à toa. Laboratórios e farmácias ganham muito dinheiro. E a minha contribuição é totalmente dispensável para os lucros.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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Guilherme Andriolo

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