A relevância da manutenção de um espaço, em Santa Cruz do Sul, para atendimento de crianças de 29 dias a 13 anos, com necessidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), está evidenciada nos números. Houve aumento de 42% nas internações entre 2019 e 2021. Na somatória dos leitos neonatais e pediátricos, em 2021, o Hospital Santa Cruz recebeu 174 pacientes.
Nem todos que chegam à casa de saúde são de Santa Cruz do Sul. De acordo com o vereador Henrique Hermany (Progressistas), em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, em 2019 foram 43 atendidos, sendo 27 do município; no ano seguinte, 51, com 37 santa-cruzenses; e em 2021, 61, dos quais 43 de Santa Cruz. Os demais são de outros locais da região ou que chegaram por meio da Central de Regulação de Leitos do Estado, que identifica o hospital onde há vagas.
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Um dos exemplos bem-sucedidos foi o do menino Arthur, de Venâncio Aires. A história foi apresentada pelos pais, Camile Batista e Evandro Muller, quando o governador Eduardo Leite esteve no município para acompanhar o lançamento da obra da UTI Pediátrica do Hospital São Sebastião Mártir. Com pouco mais de 1 ano, o venâncio-airense foi acometido por uma pneumonia viral e laringite grave. O destino dele seria o hospital de Bagé, mas o pequeno não suportaria. Algum tempo depois, conseguiram uma vaga na UTI Pediátrica do HSC, para onde foi levado já intubado.
Agora, com 1 ano e 6 meses, Arthur brinca como se nada tivesse acontecido. Motivou um pedido do governador para registrar uma fotografia. Sadio e famoso. O pai resume a importância do trabalho prestado: “Quando o Arthur foi salvo, não foi só a vida dele. Salvaram a minha vida, a da Camile, a dos nossos amigos e familiares”.
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Para garantir o atendimento intensivo para crianças como Arthur, o HSC conta com um enfermeiro por turno, em um total de quatro; seis técnicos de enfermagem por turno (24 no total) e presença permanente de um pediatra (nos quatro turnos), além do suporte de nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudióloga, psicólogos, pessoal de apoio e farmacêuticos.
“Movimento de grande participação popular”
A instalação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Mista (neonatal e pediátrica) é resultado de uma movimentação popular, com a união de esforços do serviço público e do Hospital Santa Cruz. A inauguração foi em 1997, sendo a única do Vale do Rio Pardo até a atualidade. São dez leitos – oito neonatais e dois pediátricos. “Se constitui na maior demonstração viva, de abrangência regional, dos tempos recentes”, diz José Alberto Wenzel, secretário de Saúde na época da campanha “Quem não chora, não mama”, que resultou na arrecadação dos recursos necessários. “Foi um movimento de comoção social, de grande participação popular. Aconteceu uma sinergia coletiva da comunidade regional”, destaca.
Wenzel recorda que a comunidade do Vale do Rio Pardo se uniu e passou a recolher recursos, participando de eventos e se mantendo atenta a todo o processo de viabilização da estrutura. Lembra que a comoção fez com que muitos, mesmo passando por dificuldades, fizessem questão de contribuir. Na edição comemorativa aos 70 anos da Gazeta do Sul, o ex-secretário comentou que pessoas levavam R$ 1,00, R$ 2,00, na certeza de que estavam ajudando.
“Quem não lembra das camisetas de apoio, que todos faziam questão de usar nas ruas e praças?”, acrescenta. Somaram-se a essa mobilização os recursos investidos pelo poder público e a aceitação do HSC para receber a estrutura. Foi nessa época que a saúde passou por mudanças, indo para os moldes da gestão plena. “Foi quando se estruturou de forma hierarquizada e universal o atendimento público à saúde”.
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A saúde, afirma Wenzel, foi para onde as pessoas estavam, se aproximou de onde a comunidade vive. O conceito de atendimento integral, preventivo e curativo foi implantado. “Assim, da forma como foi instituída, a UTI Pediátrica de Santa Cruz do Sul pertence ao povo e não a este ou aquele governo”, ressalta. A sua viabilidade e necessidade foram atestadas por profissionais da área médica, enfermeiros e administradores. “O Executivo garantiu um regular aporte de recursos, pois, se necessária a UTI, havia que se mantê-la continuadamente”, aponta.
Wenzel lamenta a possibilidade da interrupção do atendimento na parte pediátrica. “Seria como arrancar parte das raízes que formam a vontade de nossa comunidade regional e, pior, diminuir seu futuro”. Entende que a instalação de uma unidade em Venâncio Aires é positiva, sobretudo na época em que se vive, com a preocupação devido a questões como a Covid-19, mas não pode ser justificativa para o encerramento da santa-cruzense.
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A possível interrupção do trabalho da UTI Pediátrica do HSC se dá para o atendimento da resolução número 7, de fevereiro de 2020, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que inviabiliza o funcionamento conjunto de estruturas neonatais e pediátricas. Seria necessária a separação física entre os ambientes. Isso acarretaria a obrigatoriedade de novas contratações para o atendimento, pois alas de terapia intensiva demandam um grupo de prontidão para eventualidades, além dos cuidados corriqueiros.
Com a abertura do espaço em Venâncio Aires, o Hospital São Sebastião Mártir passaria a ser a referência regional nesse tipo de atendimento. A prefeita Helena Hermany terá encontro com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, para tratar do assunto. “A UTI Pediátrica não vai sair de Santa Cruz do Sul”, afirma a chefe do Executivo.
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