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Usuários reclamam de lotação e dos horários dos ônibus

Com a volta de praticamente todas as atividades na indústria, comércio e parte das escolas, o número de usuários do transporte coletivo de Santa Cruz do Sul aumentou novamente. Apesar do retorno de três das cinco linhas que haviam sido suspensas em março devido à pandemia – Esmeralda-Santo Antônio (linha 12), Carlota-Rauber (linha 32) e Carlota-Armborst via Beckenkamp (linha 44) –, a frota em operação permanece reduzida. Dos 53 ônibus, 43 estão em circulação. Destes, oito são utilizados para fazer o reforço. O espaçamento dos horários, de hora em hora, vem causando aglomerações nas paradas, em especial nas duas principais, localizadas na área central.

A atendente de loja Noeli Knod, de 55 anos, que reside no Bairro Aliança e utiliza o serviço diariamente, diz que a situação está “insustentável”. Há dez dias, ela aguarda um retorno do Consórcio TCS, responsável pelo serviço em Santa Cruz, sobre um pedido de alteração do reforço de uma linha. “Pego todos os dias o ônibus das 18h10, que faz a linha Centro-Murtinho na parada próxima à Pioneira. O ônibus vai lotado. Solicitei por telefone que o reforço, que passa antes das 18 horas, passasse logo após este ônibus e também naquela parada, pois além dele cruzar antes, não contempla todas as paradas do Centro. Com isso, muita gente fica esperando e ele não vem. Mas até agora nada foi feito e nem resposta eu recebi”, relata.

Segundo ela, o espaçamento de horários causa aglomeração nas paradas e também nos veículos. “Na quarta-feira da semana passada eu contei 17 pessoas em pé no corredor do ônibus. O cobrador ainda pediu que uma senhora que estava de pé antes da roleta passasse para trás, mas não tinha mais lugar para ela sentar. Me pergunto: e a prevenção ao risco de contrair o vírus fica onde nesta hora?”

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O atraso e alteração de horários de algumas linhas são também problemas que os usuários estão enfrentando, principalmente aqueles que dependem do serviço diariamente para ir trabalhar. Estudante de Gestão em Recursos Humanos, Roberta Silva dos Santos, de 20 anos, que reside no Bairro Esmeralda, por pouco não perdeu uma entrevista de emprego na semana passada. “Eu fui para a parada às 13h10 e o ônibus, que geralmente passa às 13h40, naquele dia simplesmente não passou. Como minha entrevista era às 14 horas, tive que pedir carona para um familiar e ainda cheguei atrasada. Mas nem sempre eu tenho quem me leve e não dá para ficar pagando corrida de aplicativo toda hora”, destaca. “Tem horários em que o ônibus está lotado e, dependendo do motorista, não pega mais ninguém. Daí tem que ficar esperando até um reforço vir”, lamenta.

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Normalização do serviço depende da volta às aulas
Diante das diversas reclamações sobre o transporte coletivo que chegaram à Gazeta do Sul nos últimos dias, a secretária Municipal de Transportes, Serviços e Mobilidade Urbana, Diani Sopelsa, foi questionada sobre a situação. Por meio da assessoria de comunicação, explicou que a normalização do serviço está condicionada à volta das escolas. “O serviço está sendo retomado aos poucos pelo consórcio responsável e, na semana passada, ocorreram retornos de alguns horários que estavam suspensos em razão da pandemia. Porém, a maior parte dos usuários do transporte coletivo é de alunos da rede escolar e não há como normalizar as linhas enquanto as aulas não forem retomadas”, afirma.

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Segundo ela, a Secretaria de Transportes tem recebido poucas reclamações nesse sentido. A orientação é que os usuários entrem em contato pelo telefone 3715 3611, para que os técnicos da secretaria avaliem a viabilidade das solicitações. “Toda reclamação que chega na secretaria é avaliada. É feito um estudo para que se atenda aos pedidos, porém não há como o consórcio retomar horários em que, neste momento, serão transportados dois ou três passageiros. A empresa já foi muito afetada pela pandemia, que trouxe muitas restrições e como consequência a redução de passageiros. Tudo isso deverá refletir no recálculo da tarifa em fevereiro de 2021”, ressalta Diana Sopelsa.

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Consórcio ressalta que obedece aos decretos
Sobre a possibilidade de aumentar as linhas e os horários do transporte coletivo, o gerente do Consórcio TCS, Zaqueu Forgiarini, destaca que a decisão será tomada em conjunto com a Secretária de Transportes, porém somente quando houver demanda. “O retorno das linhas deverá ser gradual, de acordo com o retorno das aulas. Por enquanto, a quantidade de estudantes é ainda muito pequena e quem dá a última palavra neste caso é a secretária de transporte”, ressalta.

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Sobre o fato de alguns passageiros viajarem de pé nos veículos, Forgiarini ressaltou que a liberação parte do último decreto municipal. “Não podemos lotar até a capacidade, mas podemos carregar de dez a 12 passageiros em pé, dependendo da capacidade de cada veículo. Por isso, alguns passageiros acabam ficando nas paradas. No entanto, o próprio motorista avisa na garagem para que um reforço passe no local e recolha aqueles que ficaram para trás”, conta.

O último decreto, nº 10.7390 de 27 de outubro de 2020, que dispõe sobre as medidas coercitivas por formação de aglomerações, destaca no Artigo 1, inciso 3º, que “é considerado aglomeração e superlotação de transporte coletivo urbano e rural, quando o número de passageiros estiver acima do estabelecido nos termos Estadual nº 55.240 de 10 de maio de 2020, que institui distanciamento social controlado, e Decreto Estadual que determina a aplicação de medidas sanitárias segmentadas, ficando as empresas prestadoras destes serviços suscetíveis às sanções presentes neste decreto”.

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O que diz a Agerst
Procurado, o presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos e Delegados (Agerst) de Santa Cruz do Sul, Auro Schilling, esclareceu que no momento não compete ao órgão fiscalizar o limite de passageiros nos ônibus urbanos, por se tratar de uma medida epidemiológica. “O órgão não tem ingerência sobre este assunto e nos compete fiscalizar somente questões tarifárias e de superlotação em períodos fora da pandemia. Sobre esta situação de distanciamento nos veículos, compete à Vigilância Sanitária ou à secretária de Transportes fiscalizar”, alega.

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