Rio Pardo

Usuários demandam melhorias nos balneários de Rio Pardo

Frequentadores e comerciantes dos balneários de Rio Pardo pedem mais atenção por parte da Prefeitura quanto à infraestrutura dos locais. As reclamações são diversas e vão desde a falta de bancos, lixeiras e iluminação até outras questões mais complexas, como coleta de lixo e a estreita faixa de areia existente na beira do Rio Jacuí. Os balneários da Cidade Histórica atraem milhares de visitantes de toda a região que buscam se refrescar nos dias de sol e calor, com destaque para o movimento registrado aos domingos e feriados.

Proprietário de um dos bares na orla da Praia dos Ingazeiros, Emílio Jardim, de 66 anos, está no local há 14 anos e diz que o abandono é recorrente. Segundo ele, após as enchentes de setembro e novembro, o auxílio do Município se limitou ao recolhimento de entulhos e depois não houve novas intervenções. “Não preciso mais da Prefeitura, já estou acostumado a me virar sem a ajuda deles.” Jardim, que é conhecido como Cebolinha, faz questão de enfatizar que não se trata da administração atual, mas sim de uma situação que ocorre há muitos anos.

Jardim: “Não preciso mais da Prefeitura” | Foto: Rafaelly Machado

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Ele reclama ainda do fechamento da passagem de veículos para a área em frente aos bares e diz que essa medida provoca queda no movimento. Ainda nessa questão, aborda a baixa procura pela Praia dos Ingazeiros de segunda a sábado. Segundo ele, o cenário tem sido esse nos últimos anos e acredita ser um reflexo da maior movimentação de pessoas para o Litoral. “Fica meia dúzia aqui, meia dúzia ali, no fim vira em nada. Os domingos, no entanto, estão valendo pela semana inteira.”

Na manhã desse domingo, 14, a Gazeta do Sul esteve no local e conferiu a presença do público. Em razão do sol forte e da falta de sombra, bem como a faixa de areia estreita e a área delimitada para banho curta, havia poucos banhistas na água. Os bares, contudo, receberam bom número de clientes. Jardim afirma que, até o momento, o clima é de tranquilidade e não há registro de problemas quanto à segurança. “O pessoal bebe né, de vez em quando tem alguma discussão, mas briga não tivemos nenhuma até agora.”

Com o Rio Jacuí acima do nível normal, a área para banho foi reduzida nos Ingazeiros | Foto: Rafaelly Machado

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Salva-vidas estão sempre atentos

Responsável pelo trio de salva-vidas que atuam na Praia dos Ingazeiros, o soldado Alex Braseiro, do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, salienta que a principal atuação é preventiva. Em razão das enchentes e de o Rio Jacuí permanecer acima do nível normal, a atenção precisa ser redobrada. Para evitar acidentes, os profissionais estão sempre atentos e buscam orientar sobre a área demarcada para banho e os perigos de avançar em direção ao meio do rio.

Afirma que, neste ano, já foi necessário realizar o salvamento de uma família que se encontrava fora da área demarcada. “Fazemos a prevenção, mas o pessoal insiste. Às vezes isso ocorre até por ter muita gente e faltar espaço para todos”, observa. A delimitação leva em conta a correnteza, buracos e outros fatores que podem contribuir para afogamentos.

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Outro ponto de atenção é o consumo de bebidas alcoólicas. Braseiro frisa que é muito comum as famílias fazerem churrasco na beira do rio e consumirem álcool, então os salva-vidas precisam ficar ainda mais atentos a essas pessoas. “Se percebemos algo, vamos até lá, perguntamos se a pessoa está embriagada e se ela sabe nadar.”

Aguardar pelo menos uma hora após a refeição para entrar na água é outra orientação para evitar a congestão alimentar. “Os banhistas são receptivos e nos respeitam”, diz o bombeiro. Os salva-vidas estão presentes na Praia dos Ingazeiros, Porto Ferreira e balneário Santa Vitória de quarta-feira a domingo, das 9 ao meio-dia e das 13h30 às 18h30.

Profissionais atuam de quarta a domingo durante todo o dia | Foto: Rafaelly Machado

“Nós não estamos pedindo muita coisa”

No balneário Porto Ferreira, a situação é mais complicada e problemática. Por se tratar de uma área ampla e residencial com centenas de casas, as demandas dos moradores vão além da praia. Basta uma rápida passada pelo local para perceber entulho e lixo espalhados ao redor das lixeiras, bem como sinalização e iluminação precárias em função das enchentes e da falta de manutenção. Na beira do rio, onde antes havia areia e pedras, agora a lama e o lodo tomaram conta, de modo que os frequentadores não conseguem usufruir adequadamente.

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Segundo Thiago Preuss, proprietário de uma casa na barranca, inúmeros foram os pedidos de providência protocolados junto à Prefeitura. Em meados de dezembro, ele encaminhou à Gazeta do Sul a foto de uma lixeira lotada, cujo entorno também estava tomado por móveis e eletrodomésticos destruídos pela enchente e descartados pelos moradores. “Foi uma dificuldade para conseguirmos a remoção daquilo lá, acabamos recorrendo à imprensa. Estamos à mercê deles”, afirma Preuss.

Ele observa que a mesma situação pode ser percebida em outros espaços ao longo do balneário. “O caminhão de lixo passa e só recolhe o que está nos sacos e sacolas, o restante continua espalhado pelo chão.” Além da poluição, a preocupação é também com a proliferação de doenças e atração de insetos, ratos e serpentes, além do mau cheiro. Outra moradora que preferiu não se identificar mostrou o carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) relativo a 2024, cujo valor total é de R$ 1,2 mil. Desse montante, mais de R$ 500,00 são relativos à taxa de recolhimento de lixo.

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O maior dos problemas, contudo, é a praia. Conforme o nível do Rio Jacuí foi baixando, a praia junto à rampa de acesso para as embarcações retornou. A areia, porém, deu lugar a um misto de lama e lodo que torna a experiência pouco atrativa.

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“A gente fica até com vergonha de convidar amigos para virem, porque chegam aqui e encontram a praia desse jeito”, critica o morador Clóvis Baierle. Ele entende que algumas cargas de areia e o trabalho de uma retroescavadeira e alguns operários seriam suficientes para melhorar muito a situação.

“Nós não estamos pedindo muita coisa”, enfatiza. Baierle chama a atenção ainda para a situação precária da guarita dos salva-vidas. Além de pequena e com pouca proteção contra o sol, a estrutura está tomada pela ferrugem. “Isso sem falar na falta de banheiros e um ponto de apoio para eles, que ficam ali durante todo o dia e precisam contar com a ajuda dos moradores.” Ele sugere a instalação de banheiros químicos para uso dos salva-vidas e dos banhistas, bem como lixeiras e bancos na beira do rio.

Sem areia, a praia do Porto Ferreira se transformou em uma mistura de lama e lodo | Foto: Rafaelly Machado

O que diz a Prefeitura

A Prefeitura de Rio Pardo informa que logo após a estabilização do nível do Rio Jacuí, os serviços de manutenção começaram e envolvem reparos nas instalações elétricas, melhorias nas guaritas dos salva-vidas e demarcações na água. Lembra ainda que em breve terão início as competições esportivas na Praia dos Ingazeiros. Os balneários são um trabalho conjunto das secretarias de Obras e Serviços Essenciais; Juventude, Esporte e Lazer; e Turismo e Cultura.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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