Quando a pandemia da Covid-19 começou, ainda em janeiro deste ano, a ciência não tinha amplo conhecimento a respeito do vírus. Com o passar do tempo e a ampliação dos estudos e pesquisas, diversos equipamentos e estratégias foram adotadas para combater a nova ameaça e auxiliar na prevenção do contágio. Algumas delas já existiam, mas eram utilizadas para outros fins. Uma dessas tecnologias é a luz ultravioleta, que pode ser aplicada para inativar o vírus, mas seu uso exige cautela e pode ser prejudicial à saúde de humanos e animais.
Esses equipamentos podem ser adquiridos facilmente em diversas lojas na internet, não sendo necessária uma busca aprofundada para encontrá-los. A promessa é de esterilização de ambientes e superfícies, com alguns itens possuindo tamanho portátil.
Conforme a médica infectologista Marina Rodrigues da Silva, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a primeira questão a ser observada é se esses aparelhos são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso doméstico e se sua eficiência é comprovada para tal fim.
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Existem três tipos de radiação ultravioleta – UV-A, UV-B e UV-C –, sendo esta última a que é realmente capaz de inativar o vírus. Contudo, seu uso oferece diversos riscos e, por isso, devem ser observadas rigorosamente todas as instruções do fabricante. “A radiação UV-C tem a capacidade de destruir o material genético dos vírus e bactérias, porém também é a mais prejudicial para os seres humanos, com potencial de causar lesões na pele, como queimaduras, além de ter um potencial cancerígeno”, alerta Marina. Ela observa ainda que a luz emitida não deve ser aplicada sobre nenhuma parte do corpo.
Em relação à eficiência, a médica salienta que não há estudos específicos da aplicação sobre o novo coronavírus, mas existem evidências científicas apontando que a luz UV pode inutilizar vários tipos de vírus, sugerindo que também seja capaz de eliminar o Sars-Cov-2. Ainda assim, Marina ressalta que lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool gel 70%, e higienizar as superfícies e ambientes com a solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) e água na proporção correta, são procedimentos mais seguros e comprovadamente eficientes. “Nenhum aparelho de luz solar deve substituir a limpeza das mãos, o uso de máscara e o distanciamento social”, reforça.
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Anvisa
A nota técnica 082/2020, publicada pela Anvisa no começo de agosto, alerta para os riscos e fornece orientações para a utilização desses equipamentos. Conforme a agência, só foram encontradas evidências de eficácia do uso de tecnologias baseadas em luzes ultravioleta para desinfecção em condições muito específicas e controladas em relação à área irradiada e à potência da radiação, além das superfícies estarem lisas e limpas. O órgão esclarece ainda que somente dispositivos de luz UV destinados à desinfecção de produtos para a saúde, como instrumentos cirúrgicos e materiais hospitalares, são regulamentados.
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