O percentual de consumo de cigarro ilegal no Brasil é quatro vezes maior que a média mundial. Enquanto 10,6% dos 5,5 trilhões de cigarros consumidos no mundo no ano passado eram ilícitos, no Brasil o índice de ilegais foi de 45,4% em um universo de 103,3 bilhões de unidades. Os dados relativos à venda mundial foram apresentados no encontro deste ano da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA, na sigla em inglês), por Shane MacGuill, analista da Euromonitor Internacional, organização de pesquisa sobre o mercado global do tabaco. Os números referentes ao Brasil foram informados pelo presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, e são resultado de pesquisa feita pelo Ibope.
Werner, junto com o secretário da Afubra, Romeu Schneider, participou do evento da ITGA, realizado nos dias 16 e 17 de outubro, na Grécia. A pesquisa também mostra que, no Brasil, o índice de queda no consumo de legais é proporcional ao aumento de ilegais. A quantidade de cigarros lícitos consumidos no País no ano passado, que foi de 56,4 bilhões, teve queda de 11,7% em relação a 2015, quando atingiu 63,9 bilhões. Já a de ilegais cresceu 12,6%, passando de 41,7 bilhões de unidades para 46,9 bilhões. Conforme Benício Werner, o motivo pelo qual cresce o consumo de ilegais no Brasil é o preço, que é bem mais baixo. Enquanto o maço destes é adquirido por R$ 2,60, o do legal custa R$ 5,00.
O consumo total no Brasil, considerando o legal e o ilegal, caiu 2,1%. Foram 105,5 bilhões de unidades em 2015 ante 103,3 bilhões em 2016. O total consumido no mundo, na comparação com 2015, teve queda de 1,4%, conforme informado no encontro na Grécia. Outra questão abordada no encontro da ITGA, trazendo preocupação ao setor, é a intenção da U.S. Food and Drug Administration (FDA), organização que controla o mercado de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, de implementar uma política de redução do teor de nicotina nos cigarros e outros produtos.
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Essa organização busca o estabelecimento de um nível de nicotina que seja aceitável. Benício Werner explica que a medida preocupa muito no sentido de que exigirá um tabaco com menos nicotina, o que vai contra a natureza da planta. “É preciso ver de que forma, em quanto tempo e se é possível a diminuição da nicotina, uma vez que ela faz parte da planta. A preocupação está, principalmente, em como a tecnologia e os tratos culturais farão a redução. Além disso, se a medida concretizar-se e for obrigatória, será mais uma porta de entrada para o ilegal”, ressalta Werner.
O presidente da Afubra lembra que o Paraguai não precisa seguir nenhuma regra porque não aderiu à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Já os que aderiram, se um órgão conhecido mundialmente como a FDA, emite uma regulamentação, tendem a segui-la. Como há um estudo para diminuir a nicotina nos cigarros e atualmente estão sendo lançados alguns tipos que têm três vezes menos riscos à saúde que os tradicionais, Werner diz que também preocupa a Afubra o fato de o Brasil não ter liberado o consumo destes, enquanto outros países estão aderindo.
Próxima reunião da ITGA pode ser no Brasil
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Durante a assembleia da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA), foi proposta a realização da próxima reunião dessa entidade, em 2018, no Brasil. Porém, como havia apenas dois representantes da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) no evento, a solicitação será apresentada ao Conselho Deliberativo da Afubra, neste mês, para avaliação. Se aprovada, a assembleia da ITGA poderá ocorrer em Santa Cruz do Sul.
Participaram do encontro deste ano representantes de produtores de tabaco da África do Sul, Argentina, Brasil, Bulgária, Coreia, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Indonésia, Itália, Malawi, Paquistão, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Ao todo, a ITGA é integrada por representantes de 24 países.
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