É uma honra ocupar esse espaço nobre, quinzenalmente, intercalando com o colega Benno Bernardo Kist. Tento fazer mais do que ser um mero escriba a destilar minhas opiniões sobre os mais variados assuntos. Utilizo trechos de músicas para reforçar uma característica textual, falando por meio daqueles sucessos que chegam à mente. Mas como sei tantas canções e de tão diferentes estilos? Repito a pergunta feita por tantas pessoas e já respondo: não sei. Gosto de letras das músicas mais do que a melodia, mas minha memória é péssima – meu limite é “Parabéns a você”. Consigo recordar, no entanto, os temas de cada obra, busco no Google o texto integral e aproveito a parte que pode servir para completar meus pensamentos.
LEIA TAMBÉM: Márcio Souza: “Política partidária é igual a um jogo de futebol”
Existe uma série de músicas, porém, que entram na cabeça e não querem mais sair. São as chamadas canções chicletes. Elas grudam na mente até dos distraídos. Muitas são do estilo musical que está nas emissoras de rádio populares, o sertanejo universitário. É tão presente e tão forte, que o segmento será a base dos shows nacionais da Oktoberfest e com a certeza da comercialização de muitos ingressos.
Publicidade
Em casa, tenho um grupo de chicletes diferentes. Elas não rodam muito nos veículos de comunicação, mas não param de aparecer em minha mente. Algumas, admito, até me causam estranheza. Em uma delas, de autoria do Paulo Vanzolini e tornada ícone com Maria Bethânia, há, inclusive, a confissão e um crime passional. “E nesse dia, então; vai dar na primeira edição: cena de sangue num bar da Avenida São João”.
Algumas, certamente, falam de amores e desamores, como a Cadeira Vazia do Lupicínio Rodrigues, nacionalmente cantada por Elis Regina. Ela reforça a capacidade de agir com humanidade, mesmo quando o coração já não concorda. “Vou te falar de todo coração: eu não te darei carinho nem afeto, mas pra te abrigar podes ocupar meu teto, pra te alimentar podes comer meu pão”, pondera.
LEIA TAMBÉM: O suor que vira ouro
Publicidade
Há aquelas que peço para os músicos cantarem, em uma versão íntima do “toca Raul”, no meu caso: “toca Zé Ramalho”. “Há meros devaneios tolos a me torturar. Fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde”, relata com seu vozeirão, fazendo ir no dicionário e procurar o “amiúde” de Chão de Giz. Não raro também ecoa pela casa a história de um menino correndo, que deve estar cansado da quantidade de vezes que corre. Caetano Veloso o viu e Gal Costa o colocou a correr Brasil afora: “Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo, brincando ao redor do caminho daquele menino”.
Por fim, em uma referência ao Dia dos Pais, lembro do Nelson Gonçalves em parceria com Raphael Rabello: “Naquela mesa tá faltando ele; e a saudade dele tá doendo em mim”.
LEIA MAIS TEXTOS DE MARCIO SOUZA
Publicidade
This website uses cookies.