Há um ano, ao se tornar presente no Brasil, a pandemia confrontou nossa sociedade com um dilema, que, aliás, tem sido motivo de angústia em todas as nações: como conciliar o inadiável e indispensável cuidado relacionado à saúde com a pressão sobre as atividades econômicas, bases da subsistência individual e familiar? Por todo esse ano, de certo modo não chegamos a denominador algum (isso no Brasil), a nenhuma síntese ou solução. E ainda que a cada semana mais urgente se torne uma retomada de todos os setores, e não apenas de alguns, sem que isso signifique sujeitar a comunidade ao risco do contágio, à pressão do esgotamento hospitalar ou, pior, a mortes.
Neste último ano, quase todas as sugestões e todas as soluções foram aventadas, transformados que fomos em imenso laboratório, em termos de restrições à mobilidade social. Em alguns países, mais afeitos ou predispostos a um engajamento imediato e massivo, o isolamento, sintetizado na palavra lockdown (fechamento de comércio e serviços), alcançou os resultados esperados. No Brasil, em que tudo tem se revestido de polêmica estéril e infantil, e em que consensos têm sido uma utopia, na exata medida em que uns obedeciam às regras de distanciamento, outros, de forma leviana, as burlavam. A grande maioria da população efetivamente assimilou a necessidade de cuidados e distanciamento social, sem jamais deixar de prestigiar o comércio ou os serviços locais. No entanto, uma minoria inconsequente, ao se esquivar a todas as normas, minou o efeito benéfico de qualquer ação, e assim colocou os demais em risco, em atitude criminosa.
É com esse pano de fundo que chegamos a mais um outono. Sem qualquer segurança ou tranquilidade em relação a um arrefecimento na transmissão da Covid-19. Só uma única medida poderá, a exemplo do que ocorre em outras nações, nos devolver um pouco mais de normalidade: a vacinação em massa, imunizando a maior parcela da população e, desse modo, diminuindo a pressão sobre o sistema de saúde. Enquanto a vacina não tiver sido aplicada na imensa maioria das pessoas, é inevitável e incontornável que a sociedade precisará seguir se engajando, com toda a sua energia, em adotar as medidas de distanciamento e prevenção, em especial a máscara e o álcool em gel.
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Mas a rotina em sociedade também precisa, sim, seguir seu curso, sem que se coloque vidas em risco. A Gazeta, ciente de seu papel na informação e no esclarecimento, coloca todas as suas plataformas à disposição da sociedade regional para liderar ampla campanha e enfatizar o indispensável: a população precisa se engajar, se unir, num esforço conjunto, individual e coletivo, para que, sem descuidar das regras de segurança e de prevenção, os setores de comércio e de serviços possam retomar o atendimento. Afinal de contas, saúde e qualidade de vida dependem hoje da existência de todas as atividades, porque são estas que asseguram a subsistência de todos nós. Um bom final de semana.
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