(continuação)

Me olhou e saiu do velório de braços com seu esposo.

E eu com a cabeça cheia de marimbondos.

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Fiquei uns dias com meu pai na cidade, quando tocou o telefone.

Era Laurinha perguntando pelo meu “tata”, queria saber como ele estava.

“Olha, Laurinha, ele está no banho, em seguida ele te retorna.”

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Ela retrucou – “não precisa, mais tarde eu ligo”.

Ruy, fiquei três horas esperando o chamado dela e nada.

No outro dia, quando já arrumava minha mala, tocou meu celular.

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Era ela.

– Laurinha, eu preciso falar muito, muito contigo.

– Sobre?

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– Laurinha, eu queria receber mais um daqueles abraços que me deste no velório. Passaram-se alguns segundos e ela disse:

– Álvaro, eu estou bem casada, está certo que não sou mais uma menina, mas não quero brincar com fogo. Tivemos nossos momentos, foi tudo muito bom, mas o meu marido não merece que eu tenha um romance paralelo.

– Laurinha, só quero mais um abraço e não te incomodo mais.

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– Tá, Álvaro, vou pensar. Vou meditar e te retorno.

Voltei para a fazenda, Ruy. Passava a cavalo pelos lugares onde tínhamos namorado e fui ficando cada vez mais inquieto.

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E a Carmem me indagando:

– Álvaro, está tudo bem contigo?

Eu desconversava – “são as dívidas, Carmen, são aqueles ‘sem-terra’ nos ameaçando, é a soja que não teve chuva”.

Como é que não vou ficar nervoso?

E nada de vir o telefonema prometido.

Passado um tempo inventei que tinha que ir numa palestra na Farsul, sobre as dívidas rurais, e me mandei a Porto Alegre.

Passei na casa do meu pai e lhe perguntei se ele tinha falado com a Laurinha. Ele me respondeu que ela tinha trocado de número, o qual me informou.

Bah, Ruy, era um fixo.

Fiquei uma hora pensando, tomei coragem e liguei.

Chamou, chamou e chamou…

– Alô, era voz de homem.

Puxa, que azar. Pensei rápido, não adiantava eu desligar agora, perguntei quem falava. Era o Otávio. Perguntei-lhe se a D. Laura estava. Disse-lhe que eu era o Álvaro, que o conheci no velório da minha mãe e gostaria de falar com ela.

Ele me respondeu que ela estava na empresa e me deu o número.

Pombas, que crime eu estava fazendo. A moça bem casada e eu “louqueando”. Já estava pensando em me separar.

Mas Ruy, não conseguia parar de pensar naquela mulher. E minha esposa cada dia mais desconfiada. Sopesei muito bem essa situação que não me deixava dormir. Decidi não ligar. Deixar tudo só para os sonhos.

Virei um zumbi dos meus projetos. Passei a andar errante pelos campos. Eu e meu segredo.

Eu e minha loucura.

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