Neste domingo, 22, às 9h44, o Brasil se despediu do inverno e dá as boas-vindas à primavera. A estação de transição entre o inverno e o verão é marcada por temperaturas mais amenas e maior umidade no ar. Sua principal característica, entretanto, é o florescimento de várias espécies de plantas. Por isso recebeu o nome de estação das flores, colorindo e embelezando as paisagens.
Contudo, a aceleração das mudanças climáticas nos últimos anos – em especial, o aquecimento global – fez com que o clima ficasse cada vez mais instável. Além disso, especialistas afirmam que as estações estão cada vez mais longas, com ondas de frio, calor e chuva mais acentuadas.
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A preocupação se intensifica com a frequência dos eventos extremos. Em setembro de 2023, um ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul e provocou alagamentos e deslizamentos. O grande volume de chuva afetou principalmente o Vale do Taquari, resultando em 54 mortos. Até então o maior desastre natural enfrentado pelo Estado, afetou 2 milhões de pessoas, deixando cerca de 3,2 mil desabrigadas e 4,3 mil desalojadas.
Assim, restam as dúvidas: o que esperar desta primavera? É possível projetar uma estação dentro das características normais ou um clima atípico?
Meteorologistas detalham previsão do clima para a estação
Os prognósticos para a estação indicam uma primavera sem eventos extremos. Conforme o boletim mais recente do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação será marcada pelo clima seco até a metade de novembro. As chuvas devem ficar perto da média, principalmente em pontos isolados em diferentes regiões – entre elas, a Sul.
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Para o Rio Grande do Sul, a previsão do instituto é de tendência de chuvas perto e acima da média. Já as temperaturas previstas podem apresentar condições predominantemente acima da média climatológica.
Mas o estudo, realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), enfatiza que a qualidade e o volume de chuva na parte Sul dependerão da umidade vinda da Amazônia. Durante a estação, o Inmet prevê que o solo do Amazonas, uma das áreas onde estão os focos de incêndio, vai sofrer com a seca e a incidência de queimadas até outubro.
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“É um cenário bem distinto”, afirma o meteorologista Marcelo Schneider, responsável pelo Distrito de Meteorologia de Porto Alegre do Inmet. Diferentemente do ano passado, não há a presença do fenômeno El Niño, de forte intensidade, e os oceanos não estão tão aquecidos. “Embora a previsão de eventos extremos, no sentido de chuva forte – principalmente vendavais e granizo –, entre esse final de setembro e outubro, não teremos o acumulado que tivemos nos meses anteriores”, salienta.
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Segundo o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) e meteorologista da Seapi, Flávio Varone, os temporais de primavera deverão ocorrer, mas sem a frequência de anos anteriores, embora possam trazer graves consequências. Chuva intensa, descargas elétricas e fortes rajadas de vento são características do período, e algumas vezes podem vir acompanhadas de queda de granizo. “Não se pode descartar, mas na primavera deste ano a frequência de eventos severos e temporais deverá ser menor”, avalia.
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A meteorologista Estael Sias, da MetSul, reforça que o volume de chuva deve ficar na média ou até um pouco abaixo, com distribuição irregular. “Algumas partes do Rio Grande do Sul poderão registrar chuva até acima da média, com tempestades”, ressalta.
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Entretanto, destaca que não está previsto excesso de precipitação, como no ano passado. Ou seja, o cenário testemunhado especialmente no Vale do Taquari, que durante a estação teve uma cheia histórica, não deverá se repetir. “De maneira geral, vai ser uma primavera muito diferente do ano passado.”
Na avaliação de Estael, as primeiras semanas de primavera serão marcadas pela variabilidade de temperatura, alternando calor e marcas amenas. Ainda durante a segunda metade de setembro, há também possibilidade de aumento da frequência de tempestades.
A especialista enfatiza que outubro costuma ser o mês com maior incidência de temporais. Outra característica típica são os aglomerados de nuvens e de chuva, que se formam entre o Paraguai e o Nordeste da Argentina e depois cruzam a Metade Norte do Estado.
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Esses episódios, chamados de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), estão associados a chuvas fortes, rajadas de vento, descargas atmosféricas e eventual granizo. Ainda em outubro, Estael prevê que poderá ocorrer o registro de calor intenso, com temperaturas acima da média.
Conforme a profissional da MetSul, o mês de novembro costuma ser marcado pela transição para o verão. É um período mais favorável para as ondas de calor, e os registros de chuva começam a ficar mais isolados. Para o mês de dezembro, conforme o coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone, são esperadas chuvas abaixo da média em todo o Rio Grande do Sul, com clima mais seco na faixa leste.
Impactos na agricultura
Durante a primavera de 2023, os agricultores gaúchos acabaram prejudicados pelo excesso de chuva e de umidade. As condições climáticas resultaram no encharcamento do solo e atrapalharam o início do plantio das culturas de grãos.
Para este ano, as previsões para a estação indicam que o setor agrícola não enfrentará as mesmas dificuldades. “Com relação ao excesso de chuva, é muito menos provável do que no ano passado”, indica a meteorologista Estael Sias.
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Entretanto, segundo ela, o risco de granizo nessa época é maior. “Em anos de La Ninã, eleva-se a probabilidade de granizo”, explica. Portanto, a profissional afirma que os agricultores precisam ficar atentos e proteger as plantações, principalmente na fruticultura, pois as folhas e frutas são mais afetadas. Também será preciso, segundo ela, mobilização das equipes de Defesa Civil, já que o granizo afeta também as áreas urbanas.
Segundo o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Lajeado, Cristiano Carlos Laste, as previsões de um período praticamente normal são um alívio para os produtores. Esse cenário é fundamental para a reconstrução das propriedades e recuperação do solo. “Estamos dentro de uma área de muitas adversidades climáticas, onde tudo pode acontecer. Mas precisamos ser confiantes. É necessário sempre ter uma organização visando diminuir cada vez mais os riscos e procurando atingir bom desempenho na propriedade rural.”
Conforme o prognóstico do Inmet, o Rio Grande do Sul poderá ser mais beneficiado que os demais estados da Região Sul. No Paraná e em Santa Catarina, espera-se chuva abaixo da média, afetando o início da safra de grãos.
Já o Estado terá chuvas mais regulares, o que poderá favorecer as lavouras de inverno que ainda estão em campo, e o plantio da safra 2024/2025. No entanto, pode haver redução dos níveis de umidade no solo em dezembro, caso o fenômeno La Niña se estabeleça.
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Em relação às estiagens, o coordenador do Simagro, Flávio Varone, acredita que elas possam ocorrer de forma mais curta – duração entre dez e 15 dias– em algumas áreas isoladas. Segundo ele, isso pode provocar prejuízos se ocorrerem em fases onde a planta mais precisa de água.
De forma geral, não se espera falta de umidade, mesmo com espaçamento maior entre os eventos de chuva. Ou seja, a precipitação será reduzida e vai ter menor frequência. “Em anos anteriores, com eventos de La Niña similares, as safras de verão foram satisfatórias, como a de 2017, onde foram registrados os maiores índices de produtividade média de soja da série histórica”, acrescenta.
O especialista recomenda que os produtores criem uma cultura de uso das informações meteorológicas para suas atividades, seja para aplicação de insumos, seja para recuperação de áreas ou máquinas. Seria, segundo defende, “o monitoramento meteorológico e climático estratégico para um melhor resultado”. Também destaca o emprego de boas práticas e manejos adequados, que proporcionam um ganho enorme de rendimento e diminuem o risco de perdas nas propriedades.
Calor deve predominar
A partir da segunda metade da estação, sobretudo em novembro, é esperado pelo menos um registro de onda de calor. Ou seja, cinco dias seguidos com temperatura acima dos 35 graus. Conforme a meteorologista Estael Sias, não estão previstos momentos de frio intenso. “Em geral, teremos uma variação de temperatura, alternando dias de sol e de chuva com eventuais tempestades.”
Fenômeno La Niña
O início do La Niña no Brasil é previsto ainda para setembro, diante da tendência de esfriamento no Oceano Pacífico. Conforme o meteorologista Marcelo Schneider, coordenador do Distrito de Meteorologia de Porto Alegre, o fenômeno climático leva à redução de chuva durante a primavera. “Com La Niña de intensidade fraca, ele não é o mais importante, então a influência dele é secundária.
Geralmente, faz com que as frentes frias passem mais rápidas, ou seja, não acumulem tanta precipitação no Estado”, detalhou. A meteorologista Estael Sias, da Metsul, acrescenta que o Rio Grande do Sul estará em uma situação limítrofe. Ou seja, entre uma neutralidade fria ou sem o fenômeno, mas com o oceano mais frio. No máximo, terá uma La Niña de fraca intensidade e de curta atuação.
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Ela enfatiza que esse cenário do oceano traz uma condição diferente do ano passado. “Sabemos que tem uma grande parte da população traumatizada com os eventos de tempestade em setembro e novembro, especialmente. Não só de tempestade, mas de chuva excessiva. O risco de temporais é típico de primavera e aí acontece de uma forma mais pontual, mais regionalizada. Diferente do ano passado, em que o El Niño trazia um grande aporte de umidade para formar eventos mais amplos”, conclui. A julgar pelos prognósticos dos especialistas, até o fim da estação, no 21 de dezembro, às 6h20, a população poderá ficar tranquila.
Plantio de flores
De olho na primavera, Santa Cruz do Sul fez o plantio de flores ainda em julho. Ele foi providenciado três meses antes, para que todas estejam desabrochadas durante a Oktoberfest. Cerca de 80 mil mudas foram plantadas até o meio de setembro, em 56 pontos da cidade. A ação ocorreu no trevo de acesso Fritz e Frida, em Linha Santa Cruz, no Distrito Industrial, no calçadão da Floriano, na Estação Rodoviária, nas praças centrais e nos bairros, entre outros.
Entre as espécies plantadas estão petúnia, tagetes, alegria-de-jardim, amor-perfeito, begônias, gerânios, boca-de-leão e dipladênias. O trabalho é executado pela Secretaria de Serviços Públicos. De acordo com o titular da pasta, Gustavo Vianna, o cuidado com as flores é permanente.
“Santa Cruz é reconhecida como uma cidade bonita e organizada, e o cuidado com as flores é feito de forma regular, em todos os cantos da cidade, tanto na região central como nos bairros, praças e principais acessos”, afirma Vianna.
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