Categories: Ruy Gessinger

Uma pitada de futebol

Sou colorado. Sempre fui. Mas não doente. Mesmo porque, nas poucas ocasiões de minha vida em que adoeci, ninguém do Inter veio me visitar. Torço pelo Inter, mas a triste sina de nós colorados é ressuscitar os mortos, como o Avaí e a Chapecoense, e tomar gol dos grandes aos 50 minutos do segundo tempo.

O Rio Grande sempre foi assim, vocês sabem. A eterna luta de chimangos contra maragatos. Gremistas e colorados.
O futebol dá muito dinheiro, especialmente para empresários, jogadores, advogados da área. Há coisas, porém, que me repugnam no futebol.

Raciocine comigo. Eu sou teu advogado numa causa de alto vulto. Sei de todos os teus pontos fracos. Mas de um dia para outro, passo para o outro lado e vou advogar contra ti.  Inimaginável.

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Esses dias um treinador que defendia os interesses de um clube foi demitido. No outro dia chefiou o time contra aquele do qual fora dispensado, aproveitando-se de informações privilegiadas. E o que dizer da falta de ética de alguns jogadores, simulando faltas?

Apesar de eu ser colorado, admiro muito o Renato Gaúcho.Recentemente, Renato não gostou da maneira como um clube que o queria contratar agia. Imediatamente renovou com o Grêmio.

A aparente arrogância de Renato creio ser fruto de sua infância quase pobre. Mas ao invés de ficar chorando pelos cantos, manteve-se forte e foi galgando posições.

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E por que seria aparentemente arrogante?

É porque a arrogância calculada causa revolta nos adversários e fortalece seus comandados.

Está fora de qualquer cenário Renato treinar o Inter, nem na próxima encarnação. Daí por que ele pega pesado nas suas manifestações. Conhece futebol, foi excelente atleta. Apenas  considera o Colorado fraco e insignificante. Essa tomada radical de posição guerreira ajuda na união do seu grupo. Gostei de uma entrevista dele após uma derrota nos pênaltis. Disse: “Chegará o dia em que o treinador vai cobrar os pênaltis”.

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Renato, eu sei, eu vi, era o rei da noite. Até nisso mudou. Anda quieto e discreto. Mas ele conhece tudo dos bastidores e, principalmente, dos meandros extracampo. Sabe como pensa a  gurizada que saiu da favela, mas a favela não saiu deles. Segundo sei, não corteja dirigentes. Hoje, com o Bolzan, que é um lord inglês, não tem atrito.

Em seguida será técnico da seleção brasileira, salvo se o Grêmio lhe oferecer uma grana mais preta ainda.

Mas não irá para o exterior. É monoglota, só fala o português.  Não creio que tenha lido O pequeno príncipe, muito menos qualquer obra de Paulo Coelho (no que empata comigo).

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