Uma pausa na chuvarada e um olá para o frio intenso

A sexta-feira foi dia de limpeza nas casas inundadas pela cheia do Rio Pardinho em Santa Cruz do Sul. A água se foi, e os moradores das áreas afetadas tiveram muito trabalho para recolocar os móveis e eletrodomésticos no lugar. A expectativa, agora, é de muito frio no fim de semana.

O pintor Denis José Dreissig, de 34 anos, varria a varanda no fim da tarde para tirar o barro acumulado. Ele mora com a esposa na Rua Ernesto Wermuth, a mais próxima do Rio Pardinho na Praia dos Folgados, Bairro Várzea. Ali a água alagou a garagem e atingiu a marca de nove centímetros. Segundo ele, bastam dois ou três dias de chuva constante para isso acontecer. Dreissig disse que muitos terrenos estão sendo aterrados, o que tende a aumentar a frequência das enchentes. “Moro há 24 anos aqui, estou acostumado. Mas digo que vai acontecer mais vezes com os aterramentos.”

No Bairro Várzea, 12 ruas ficaram alagadas. Nenhuma família teve que sair de casa, mas aproximadamente 200 residências foram atingidas pela inundação. Na rua principal, a Irmão Emílio, o trecho não pavimentado continua interditado. No Bairro Bom Jesus, na Rua Montevidéu, a água invadiu duas residências na noite de quinta-feira. Na ERS-409, entre Santa Cruz e Vera Cruz, a pista ficou alagada e houve um acidente. Uma caminhonete reduziu a velocidade para trafegar na via e foi atingida por uma motocicleta. Ninguém se feriu.

O nível do Rio Pardo diminuiu em Sinimbu e, como consequência, subiu em Santa Cruz na quinta-feira. A régua de medição ficou submersa quando o rio atingiu a marca de 7,36 metros. Nessa sexta, o nível ficou em 6,96 metros. O volume de chuva entre a tarde de quinta e a madrugada de sexta foi de dez milímetros.

O secretário de Obras, Leandro Kroth, afirmou que as estradas do interior começarão a ser recuperadas a partir desta segunda-feira. Os reparos se estendem à zona urbana, em ruas asfaltadas que tiveram problemas agravados pela chuva e absorvem um fluxo intenso de veículos. O Acesso Grasel, por exemplo, foi afetado por queda de barreira na pista. A força-tarefa deve se estender por três meses.

Kroth foi informado pelo subprefeito de Monte Alverne, Mauri Frantz, que foram registrados 110 milímetros de chuva durante a semana. A ponte da Linha Júlio de Castilhos, danificada pela correnteza do Arroio Castelhaninho, já está recuperada e em condições de uso. O secretário apontou que os trechos mais fragilizados ficam em Alto Paredão. “Vamos intensificar o trabalho nessa região. A ação da água é mais intensa devido ao relevo acidentado. Os danos são mais significativos.” Os serviços que já estavam agendados serão impactados. O clima levou à paralisação de obras em andamento e agora as equipes terão que se desdobrar para atuar, ao mesmo tempo, nas ações de recuperação.

MATO LEITÃO

O prefeito Carlos Alberto Bohn decretou situação de emergência em Mato Leitão na quinta-feira. Os prejuízos provocados pela chuva chegam a R$ 1,7 milhão. Um relatório foi preparado e enviado à Defesa Civil estadual. Quatro trechos de estradas do interior seguem interrompidos, na região de Duque de Caxias e Linha Conceição. Bohn estará com outros prefeitos na sede da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) na segunda-feira para uma reunião com o governador José Ivo Sartori e o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho.

TERMÔMETROS EM QUEDA

O fim de semana terá tempo bom, com sol e algumas nuvens. As temperaturas ficam entre 7 e 18 graus. Na segunda-feira, a nebulosidade aumenta, mas não há previsão de chuva. A temperatura terá uma elevação gradual durante a semana. Se na segunda a mínima será de 8 graus, na sexta a máxima atinge a marca de 28. A chuva reaparece no próximo fim de semana. No domingo, dia 18, a temperatura volta a cair, com possibilidade de geada.

Na tarde dessa sexta-feira, flocos de neve foram registrados na região do ponto mais alto do Estado. O pico do Monte Negro fica a 1,4 mil metros de altitude, em São José dos Ausentes. O fenômeno durou poucos minutos e a neve não chegou a acumular. Nas cidades catarinenses de São Joaquim, Urupema, Urubici e Bom Jardim da Serra, a neve também apareceu no início da tarde.

Pelo Estado

A chuva forçou o bloqueio de três trechos de rodovias federais e oito trechos de rodovias estaduais. A situação mais grave foi em Bento Gonçalves, na BR-470. Pedras desabaram e interromperam o trânsito nos dois sentidos. Segundo o último levantamento da Defesa Civil, 11,5 mil pessoas estavam fora de casa em razão das precipitações. O número de cidades que sofreram com os transtornos chegou a 159.