Existem ocasiões em que uma única palavra é capaz de provocar um terremoto, um verdadeiro tsunami de emoções, uma situação impossível de descrever verbalmente ou por escrito. Isso aconteceu quando nasceu a minha filha mais velha, Laura, depois de duas gravidezes frustradas que geraram depressão, revolta, incompreensão diante do inusitado.
Acompanhei as consultas e exames de imagens através de ecografias a que minha esposa se submeteu. À época – estou falando do longínquo ano de 1994 –, a tecnologia do segmento engatinhava. A descoberta do sexo do feto era um grande avanço, além de detectar algumas malformações ao longo da gravidez.
Também acompanhei todo o processo de preparação hospitalar até o nascimento da guria, procedimentos estranhos para um pai de primeira viagem que geraram muito medo.
Foi uma sensação indescritível, resultado da mistura de nervosismo e tensão, lágrimas e sorrisos em profusão até o chorinho aguardado por nove meses. Depois de contar todos os dez dedinhos das mãos e dos pés, foi o momento de engolir o choro para curtir o rebento recém-chegado. Aquele cheirinho de bebê, aquele corpo miúdo e quentinho compensou todo sofrimento que antecedeu a chegada.
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Menos de dois anos depois chegou Henrique que, segundo todos que nos conhecem, é um legítimo clone deste que vos digita. Para comprovar a tese, o guri formou-se em jornalismo, gosta da profissão, é um apaixonado. Como diz o refrão daquela música gaudéria… “saiu igualzito ao pai!”. Do nascimento dos filhotes lá de casa, a segunda grande emoção aconteceu no dia em que os filhos proferiram a palavra “pai”.
Da primeira vez que ouvi, confesso que saí da sala para chorar no cantinho, escondido, num gesto automático. O termo tinha (e tem) um significado gigantesco, resultado da figura e modelo do velho Giba, meu pai. Ele era um alemão alto, magro, voz grave, tipo durão, daqueles que não beijava a família, era econômico em carinhos, elogios. Mas sabíamos que ele estava sempre pronto a apoiar e estimular.
Ao ouvir “pai” pela primeira vez, imediatamente um filme passou pela minha cabeça. Lembrei-me dos avós, homens forjados na dificuldade de morar na colônia, por vezes sem eletricidade, distante de recursos de saúde e outras facilidades. Também lembrei dos pais de alguns amigos que nos recebiam cheios de atenção, guloseimas, carinho.
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Ao ouvir “pai”, tremi, porque a responsabilidade é gigantesca. Não há curso que ensine o ofício. É preciso sensibilidade para copiar bons exemplos, ter bom senso em evitar equívocos e amor intenso para sublimar falhas. Tento ser um bom profissional, bom amigo, mas acima de tudo, um bom pai. Obrigado aos meus filhos que entendem minhas fraquezas e respondem com muito amor.
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