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Uma longa jornada

Em dezembro troquei de emprego, o que não é novidade, muito pelo contrário. A diferença em relação às outras vezes foi que jamais fui submetido a tantos exames e à juntada de tantos documentos. Para quem começou a trabalhar aos 14 anos, parecia um absurdo tantas exigências. Afinal, bastava ter carteira profissional, exame médico simples e uma abreugrafia, lembram?

Depois de reclamar das exigências, refleti sobre a maratona de fotocópias, coleta de sangue, urina e outros quetais. Concluí que na verdade o empregador prestou um serviço à minha saúde. Como a maioria dos homens, não sou afeito a realização de check-ups, aquela bateria interminável de exames que todos deveríamos fazer pelo menos uma vez por ano. Às vésperas de completar 62 anos deveria ser uma rotina incorporada para mim, o que não acontece.

Há poucos dias, uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revelou que Porto Alegre é a capital brasileira com o mais elevado índice de casos de depressão. Entre os motivos são arrolados o clima – temos muitos dias frios e cinzentos, principalmente no inverno –, o isolamento por causa da pandemia, além do nosso comportamento exigente. Cobranças com sucesso profissional e êxito no âmbito pessoal turbinam a tristeza crônica.

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Homens são refratários a realizar exames e admitir seus males ao ponto de buscar ajuda externa. É um comportamento cultural que, se fosse modificado, salvaria muitas vidas e ao menos reduziria o sofrimento masculino. Tenho feito um esforço diário para aumentar os cuidados com a saúde e obtido sucesso para alterar alguns hábitos. Um deles é fazer atividade física ao menos uma vez por semana.

Acordar às 6 horas para cumprir uma jornada de oito ou dez horas de trabalho todos os dias por vezes gera cansaço, aliás, na verdade, uma preguiça à tardinha ao chegar em casa. É preciso desenvolver mecanismos para ter ânimo para fazer exercícios como alongamentos, flexões e outros movimentos para espantar a “ferrugem do corpo”. O confinamento imposto ao longo de dois anos de pandemia agravou os problemas de saúde física e psicológica. A solidão invadiu nosso cotidiano sem aviso. Fomos obrigados ao contato virtual com videoconferências de trabalho, uso compulsivo do celular e WhatsApp e dos bate-papos por vídeo.

A rotina mudou. Muita gente ainda sofre de depressão, de oscilações de humor, tem ímpetos de suicídio e desenvolveu fobia por lugares públicos. Retomar o “normal” e curar as feridas psicológicas será uma longa jornada.

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P.S. Deixo um forte abraço ao leitor e colega Giuliani Schwantz, que enviou e-mail sobre a crônica anterior. Ele divide o prazer de fazer o que gosta, desempenhar um trabalho agradável. Isso não tem preço!

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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