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Uma leitura deliciosa

No último dia 13, prestigiei o lançamento do livro Meu Velho e Eu, de autoria do amigo Afif Jorge Simões Neto, na Feira do Livro de Porto Alegre.

Nesses feriados quase gêmeos do meio de novembro, me deliciei com a leitura da obra. Mais do que uma coletânea de crônicas, se trata de um livro de filho para pai, selecionando grandes textos dos dois na coluna que compartilharam no Diário do Estado, jornal de Santa Maria.

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O prefácio já anuncia que Afif não se refere ao seu pai como “falecido” ou “finado”, pois suas proezas são lembradas cotidianamente no seio familiar e honradas por todos. Entendo e aprecio muito essa postura, pois também passo falando da minha avó Nelcy, das expressões que ela usava, das histórias e de tantos pequenos momentos com ela que marcaram a vida de quem segue por aqui.

Manter atiçado o braseiro das lembranças é perpetuar o amor por alguém na forma de um profundo respeito que a liturgia consagra.

A escrita do Afif pai tem um estilo moderno. Ele detalha, mas não perde o prumo do necessário; se posiciona com arrojo, mantendo a classe que certamente também forjou seu jeito de ser. É como usar sal ou pimenta na comida: na panela, o que bastar para dar o sabor; no prato, se ajeita para mais conforme o desejo de quem come.

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Algumas crônicas reli diversas vezes. “Faim, simples e bom” retrata o miolo e os contornos de uma amizade verdadeira. Mandei aquele brilhante texto para alguns amigos meus como quem passa a gamela com a costela ou a picanha “do assador”.

“O meu vizinho de quarto” é de um humor inteligentíssimo. Certamente foi o melhor resultado daquelas noites mal dormidas pelo velho Afif.

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“Carta para Isadora”, que foi minha colega de pós-graduação, traduz com muita emoção um sentimento que ainda não conheço: o do pai que percebe que a filha está por sair de casa para galgar seu próprio futuro.

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Um dia, daqui a muito tempo, voltarei a ler esse texto numa madrugada bem fria, cevando o mate que faz roncar a térmica.

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Esses tempos, aprendi que se come menos e se saboreia melhor a comida se tu soltares os talheres. Pois eu interrompi a leitura de “Aquela casa de repouso” para fechar os olhos.

Tentei, armado com minha imaginação, entrar naquele triste lugar que o amigo Afif mapeou com seu olhar atento.

Daqui a um mês chegam as festas de final de ano, recesso do Judiciário e o período em que maioria dos trabalhadores curte as férias. Recomendo que quem gosta de descansar lendo acesse o site da Estante Virtual e mande vir essa obra de leitura deliciosa.

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Bruno da Silveira Bica

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Bruno da Silveira Bica

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