Uma exaltação à fidelidade

É difícil ser fiel? Sim. É complicado resistir às tentações? Sim. Estamos falando de duas faces da mesma moeda. Mas, em compensação, vale questionar e conferir: é bom mostrar fidelidade, ser leal, ter vínculos sérios? Respondo, também, que sim, tendo como base o que sempre busquei seguir em uma história de vida já bastante extensa e que vem à reflexão neste mês de janeiro, de tantas datas pessoalmente bastante representativas, com experiências que parece interessante compartilhar.

No fim de semana, completei 45 anos de união matrimonial com a esposa Angela, que, somados a mais cinco de namoro, perfazem meio século de ligação afetiva e convivência efetiva. Nesta semana, a empresa a que estou ligado desde o início da vida profissional, a nossa Gazeta do Sul, comemora 79 anos de fundação e, nessa história, estou integrado também há cinco décadas, desde a virada de 1974-1975. Houve algumas interrupções por atuação na atividade pública, onde, é oportuno acrescer, estive sempre integrado ao mesmo grupo, com fidelidade, sim, mas, cumpre lembrar, sem radicalismos, de que, por outro lado, nunca fui fã.

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Outro personagem da empresa que vem desses tempos, logo depois daquele período, o nosso diretor André chega a dedicar, na forma de brincadeira, a qualificação de herói. Creio que não seja para tanto, mas também não dá para descartar que tudo isso exige uma certa dose de heroísmo, de dedicação maior, de determinação firme, de persistência indúbita, sem as quais fica difícil percorrer tal trajetória.

O que leva a seguir essa linha de comportamento? Por certo, tem a ver com princípios e formação firmados desde a infância, em família tradicional e rígida alemã, de base religiosa muito forte, reforçada em educação formal na mesma linha e consolidada nas vivências do dia a dia, onde se mostrou viável, segura e gratificante, tornando possível rondar as esferas da tão ansiada, e ao mesmo tempo tão nebulosa, felicidade. O certo é que o percurso, sempre baseado em decisões mais refletidas, não encontra lugar para maiores arrependimentos.

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É evidente que não faltam erros, correções, mas não são tão representativos quanto os acertos, os aperfeiçoamentos, as evoluções, uma vez se tornando realidade, justamente, a partir de fundamentos mais sólidos, de limites mais claros, de valores e caminhos melhor definidos. É notório que a fé e o amor sincero, a agregação familiar, a integração e cooperação social, o trabalho reconfortante, sempre sem extremismos, são tijolos maciços nesta construção resistente e persistente.

Nesta fase de renovação de ano, de tempos que oportunizam maior repouso e reflexão, de datas relevantes, é muito bom poder renovar a disposição de manter o que se mostrou certo, o que dá sentido à sua vida, o que lhe dá chão, mas também lhe dá espaço e tempo de olhar ao redor, para o alto e ver quanto de bom nos acolhe, apesar de outros focos tentadores que muitas vezes nos atraem. Não se trata de julgar quem faz novas opções, que também podem ser interessantes e necessárias, mas de realçar que é possível, sim, apostar numa linha mais estável, segura e, também, sempre desafiadora. Enfim, em tempos tão líquidos, sempre vale a pena ficar com valores tão sólidos e eficazes como a preciosa fidelidade.

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