As pessoas que passam pela RSC–287 nesta época do ano encontram à venda na beira da estrada, em Linha Pinheiral, Santa Cruz do Sul, uma das frutas mais apreciadas por sua beleza e sabor. Por ali, as bandejas de morangos são vendidas por produtores dos arredores. Marnildo João Friedrich, 54 anos, é um deles.
Os frutos produzidos por ele e a esposa Griselde, 53, em uma propriedade situada pouco depois do acesso a Passo do Sobrado, são colhidos pouco antes de serem levados para comercialização na beira da rodovia. E garantem a renda da família, que inclui o filho do casal, Adriel, 22 anos, que atua na venda.
A RSC–287 é o principal ponto de venda da produção dos Friedrich. Uma pequena parte é comercializada para uma fruteira da cidade. Quando o Município inclui o fruto na lista de compras para merenda escolar, também é vendido à Coopersanta. Os Friedrich plantam morango há 25 anos. Numa área de meio hectare, cultivam 22 mil pés em 43 canteiros. Eles não revelam quanto costumam colher, mas afirmam que a única renda da família é proveniente do morango.
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A bandeja com 400 gramas do fruto é vendida a R$ 5,00, e o quilo a R$ 12,50. O sistema de cultivo é em túneis baixos – com lona sobre o canteiro para evitar o contato da fruta com a terra e sistema de irrigação por gotejamento e cobertura plástica para proteger do mau tempo. No verão, recebe ainda um sombrite. Griselde diz que o trabalho é intenso. “Não dá para plantar mais nada”, afirma. O plantio ocorre de março a maio. A colheita se inicia em agosto e se estende até a metade de dezembro. Quando chegar março, é preciso refazer os canteiros, colocar adubo e plantar novas mudas.
A família Friedrich conta com a assistência da Emater. As variedades plantadas são camarosa e albion. A primeira, de acordo com Marnildo, é mais produtiva, mais doce e firme. Essa firmeza torna o morango “mais fácil de lidar”. O clima adequado para o desenvolvimento da cultura é o de temperatura de 10 até 25 graus. A chuva é necessária somente para encher os açudes, de onde é retirada a água para o gotejamento. Ela não pode ser intensa. O vento não pode ser forte a ponto de deslocar o plástico. Os frutos pequenos, que não são tão atrativos, são congelados e vendidos para produção de suco e geleia.
Vizinho aposta no sistema semi-hidropônico
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A menos de um quilômetro da propriedade dos Friedrich, há outra família apostando no morango, mas com uma forma de cultivo diferente. Carlos Waechter, 39 anos, e a esposa Sílvia, 36, adotaram o sistema semi-hidropônico. Nele, as mudas são plantadas em bancadas bem acima do solo, que é substituído por substrato de terra especial para essa cultura, mais fertirrigação (com adubo solúvel na água). “Esse sistema elimina 80% da aplicação de produto químico. Usamos apenas adubo químico e tratamento biológico”, explica ele.
O casal afirma que esse tipo de cultivo facilita o trabalho, pois, devido às bancadas, as pessoas não precisam se agachar para o manejo. Além disso, a chuva não impede a atividade porque o espaço é fechado. Porém, quando chove muito o desenvolvimento da cultura é prejudicado, devido à umidade no ar. O clima ideal é calor durante o dia e frio à noite. Os Waechter têm duas estufas, que somam 500 metros quadrados. Nelas, cultivam 3,6 mil pés de morango das variedades san andreas e albion. A produção esperada na colheita atual é de 1,5 mil quilos.
Este ano, o casal fez também dois canteiros no solo, para experiência e comparação com o semi-hidropônico. Conforme Carlos, eles colheram bem nesses dois canteiros, mas o trabalho exige mais mão de obra e, quando chove, não há o mesmo rendimento. Nas estufas, o custo é mais alto. No entanto, Carlos observa que é possível produzir de três a quatro anos na mesma estrutura, apenas fazendo manutenção. As mudas não precisam ser trocadas, só podadas. Nesse sistema, é obtido o dobro da produção conseguida em canteiros no solo.
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A atividade no semi-hidropônico também ocupa menos tempo da família, que ainda se dedica a outras culturas. Metade da renda dos Waechter está relacionada à venda dos morangos e a outra metade, à de verduras e outros itens. A comercialização do fruto ocorre na Feira Rural do Centro, às segundas e sextas, em alguns restaurantes e para a Coopersanta, quando faz parte da merenda escolar. A intenção da família é, no próximo ano, construir outra estufa para aumentar a produção de morangos, que tem mais demanda. Os produtores também aproveitam as sobras das vendas para fazer geleia e cuca para comercialização.
Silvia e Carlos Waecjter pretendem construir mais uma estufa
Preferência
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Conforme o técnico agrícola Paulo Zampieri, do escritório da Emater em Santa Cruz, 30 famílias cultivam comercialmente o moranguinho no município. A área destinada ao fruto é de 2,5 hectares, espaço em que foram plantados este ano 150 mil pés. Não é uma quantidade significativa e há condições para crescimento da produção. “O mercado está aberto, porque a população santa-cruzense prefere os morangos produzidos no município, uma vez que, pela proximidade, chegam com mais qualidade ao consumidor.” Ele frisa que o uso do fruto é muito amplo, incluindo confeitarias, sorveterias, feiras rurais, merenda escolar, fruteiras e supermercados.
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