Imagine o leitor ter em mãos um dos primeiros livros impressos em toda a história. Foi por esse tesouro que uma viúva norte-americana, Estelle Doheny, que era casada com um magnata do petróleo, Edward Doheny, se mobilizou. Ela queria nada menos do que um exemplar, dos pouquíssimos ainda existentes, da Bíblia original de Johannes Gutenberg, o inventor da imprensa.
A procura de Estelle também rendeu livro. E só por aí já se pode inferir que… ela conseguiu! Mas não foi nada fácil, como descreve Margaret Leslie Davis, na obra Em busca da bíblia perdida de Gutenberg: a surpreendente odisseia de 500 anos pelo maior tesouro literário de todos os tempos, editada pela Seoman, em 328 páginas, traduzidas por Thereza Christina Rocque da Motta (a R$ 62,00). Não só foi empreitada complicada, como custou muito caro. Foram 40 anos perseguindo um exemplar. E, ao que se sabe, Estelle foi a primeira mulher a ter posse dessa Bíblia, talvez a última proprietária particular, pois hoje essas bíblias estão todas em acervos públicos.
Além de descrever a aventura da bibliófila (repare que o próprio termo remete a bíblia), o livro detalha a história do surgimento da imprensa. O exemplar que no final das contas Estelle adquiriu é o que recebeu de Gutenberg o nº 45 (logo, um dos primeiros 50 impressos), em 1455, em Mainz, na Alemanha. Pertenceu por um bom tempo a um herdeiro inglês do império de molhos, e hoje repousa, em definitivo, em um cofre de aço em um museu de Tóquio, no Japão.
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