Ao longo desta semana, a realidade apresentou uma conta bastante amarga pelo relaxamento nas regras mínimas de prevenção à saúde em virtude da pandemia, e pelo que se poderia chamar de inconsequência de muitos em promover aglomerações de toda ordem. O resultado é que, enquanto parcela da população insiste e persiste em questionar (para não dizer solapar) a pertinência dos cuidados, de maneira algo infantil e quase criminosa, o preço agora está sendo pago por todos, como sempre acontece nesse tipo de situação.
Nas mais variadas ocasiões, não parecia mesmo que estávamos vivendo no mais normal dos mundos, até o ponto em que milhares circulavam com naturalidade em ambientes urbanos (isso para não falar das constantes denúncias de festas clandestinas) na semana do Carnaval? E as praias, então, que dizer delas?
O curioso é que em ambiente de Brasil duvida-se e desvia-se de todas as orientações e advertências que têm vindo das mais variadas áreas do planeta, todas igualmente em suspensão e tensão por causa do coronavírus e das variantes que surgiram. É como se a população estivesse encarando os relatos e depoimentos, apresentados pelos veículos de comunicação, como ficção, optando por acreditar que fossem verdade as fake news, recheadas de textos, áudios e vídeos editados e escandalosamente adulterados.
Publicidade
Entre os mais ineptos e ingênuos, sempre predispostos a acreditar em alguma solução mágica, de toda ordem, ao invés de seguir as recomendações dos especialistas, há mesmo quem siga duvidando da própria existência da pandemia. Para não poucos, é uma invenção ou criação de uns e outros, no mundo, como se pudessem existir doenças fake no mesmo nível das notícias fake ou das versões fake que esses “entendidos” de grupos de WhatsApp e redes sociais disseminam.
O incrível é que nenhum destes parece se perguntar como podem estar avançando em ritmo tão vertiginoso as internações em hospitais, inclusive em UTIs, com os sintomas da Covid-19, e, para pavor de todos nós, as mortes dela decorrentes. Infelizmente, para a sociedade como um todo, cada novo dia desdiz e desmente os negacionistas, e escancara diante dos olhos míopes deles a dura verdade de inclusive terem familiar atingido.
Que os próximos dias e as próximas semanas, ao que tudo indica fortemente direcionados, pelo governo do Estado e por todos os demais organismos comprometidos e sérios, para as inibições a aglomerações, possam ser de calmaria e reflexão. E os que não conseguem nunca ficar quietos e colaborar em algo que tenha teor coletivo, quem sabe não aproveitam o salutar tempo de recuo na movimentação para começar a ler?
Publicidade
Lendo, informando-se, instruindo-se, passarão, pouco a pouco, página a página lidas, em jornal, revista ou livro, a clarear e desanuviar os olhos, a reparar que existe um mundo para além da telinha do celular e das mídias sociais. Mais: que o mundo real inclusive só começa e só existe fora dessa telinha. E que nesse mundo pessoas têm sofrido, e até tido a saúde colocada em risco a cada dia, porque certos grupos persistem em fazer da vida uma festa. Da qual, agora, todos pagam a conta.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROMAR BELING
Publicidade
This website uses cookies.