O Talibã é mais uma prova de que religião e política não combinam. Qualquer projeto de poder baseado em crença religiosa, seja ela islâmica ou não, tem o extremismo como possibilidade constante. Os integrantes do Talibã têm uma óbvia nostalgia de tempos melhores, de uma época mais respeitável e agradável, onde não existiam indecências ocidentais como democracia e direitos humanos, e era permitido – mais do que isso, era recomendável – apedrejar mulheres por adultério até matá-las e proibir meninas de ir à escola.
Duas palavras que causam horror aos fundamentalistas de qualquer tipo: educação e arte. Assista ao documentário Malala, sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, Nobel da Paz em 2014. Mostra como a avanço do Talibã no Vale do Swat, Paquistão, resultou na destruição de pelo menos 400 escolas, que foram bombardeadas. O motivo: elas aceitavam meninas entre seus alunos. Em outubro de 2012, os extremistas atacaram um ônibus escolar e quase assassinaram Malala com um tiro na cabeça. Obrigada a sair do país de origem, ela vive, atualmente, em Birmingham, Inglaterra.
Sob domínio do Talibã, as pessoas não tinham segurança nem dentro de casa. As proibições eram absurdas: não cantar, não assistir a programas de televisão… Quando os fundamentalistas sabiam que havia televisão em algum lugar, entravam na residência e levavam o aparelho embora. Imensas fogueiras de televisores, livros, CDs e DVDs eram comuns.
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Quanto a isso, a própria Malala frisa que não se trata de uma questão de fé, mas de poder, religião como pretexto para exercer o poder absoluto. Portanto a educação deve ser combatida, pois ela dá a capacidade de questionar, desafiar, ser independente. Jamais um Deus único poderá representar uma sociedade inteira, pois não há sociedade sem diferentes crenças, convicções e profissões de fé – todas merecedoras de respeito, palavra inexistente em dicionários de extremistas. De todos os credos.
“Temos religião de sobra para odiar e perseguir, e pouca para amar e socorrer.” E pouca coisa mudou desde que Voltaire fez essa afirmação no Tratado sobre a tolerância, publicado em 1763. Dito isso, deixo meus cumprimentos à acadêmica de Jornalismo Kássia Machado, pelo artigo de opinião publicado na edição dessa quinta-feira, 26, da Gazeta do Sul.
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