A cidade imperial foi fundada antes do ano mil. Um documento de julho do ano de 854 menciona pela primeira vez a sua existência. Ela é conhecida mundialmente por sua catedral em estilo gótico e, principalmente, por sua torre ser a mais alta do mundo – 161,53 metros. A obra da imponente catedral iniciou-se em 1377, por iniciativa da cidade e, portanto, bem antes da reforma cristã. Uma obra que perpassou muitos séculos. Sua torre foi concluída somente em 1890.
Fundada como igreja católica, a cidade recebeu a influência da Reforma, a partir dos idos de 1524. De modo que em 1530 a catedral passou a ser lugar de culto da confissão evangélica.
Certamente a maioria que está a ler já adivinhou o nome da cidade. Aos que, em algum momento, tiveram aulas de alemão, recordo brincadeiras com os “trava-línguas/Zungenbrecher” feitas em aula. Um deles a ser repetido rapidamente e sem errar era: “In Ulm, um Ulm und um Ulm herum” – lembram? Exatamente, estamos a falar da cidade de Ulm. A parte antiga se situa no Estado de Baden-Württemberg e a parte nova, chamada de Neu Ulm, fica no Estado da Bavária. Entre as duas fluem mansamente as águas do Rio Danúbio em seu percurso ao encontro do leste europeu. A propósito, dali muitos suábios emigraram para o sudeste da Europa, onde ficaram conhecidos como Donau-Schwaben. A propósito, em 1951 vieram 500 famílias de suábios do Danúbio ao Brasil e, com eles, foi fundada a cidade de Entre Rios, no Paraná.
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Grace – minha filha – e eu tivemos a honra de visitar Ulm na companhia do ex-cônsul geral da Alemanha no Rio Grande do Sul, Reinhard Thurner. Ele nos levou a conhecer não somente a catedral e sua história, mas também nos conduziu pela cidade que é também a cidade do mundialmente famoso cientista Albert Einstein, cuja Teoria da Relatividade instaurou a física moderna e quântica.
Com Reinhard Thurner passeamos por entre antigas ruas e o riacho Blau, vindo de Blaubeuren ao encontro do Danúbio; caminhamos pelo histórico bairro dos pescadores, por sobre o antigo muro da cidade às margens do rio. Almoçamos num tradicional restaurante, cujo prédio foi erguido antes de 1500 e, no passado, havia sido sede da corporação de barqueiros. Em loja de iguarias especiais, conhecemos queijos artesanais e reencontrei a Schmier de torresmo/Griebenschmalz, bem do jeito como a conheci na infância na Alte Pikade.
Caminhando pelo alto do muro da cidade, chegamos a um grande jardim de roseiras. Fizemos uma pausa entre a enorme diversidade de roseiras e Thurner nos contou a história do Schneider von Ulm – do alfaiate de Ulm. Atrás do jardim, a torre principal do muro, fora o lugar onde em 1811 o alfaiate de nome Berblinger tentou realizar seu sonho de voar. Ele havia construído uma asa-delta de ossos de baleia, com madeira colada e seda. Mas, em lugar de flanar por sobre o Danúbio, acabou caindo dentro do rio. Um vexame na época, mas entrou para a história como um pioneiro na história da aviação. Seu sonho rendeu um romance, um filme e até mesmo um poema de Berthold Brecht.
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Muito ainda poderia falar sobre esta cidade entre dois Estados, mas não cabe neste espaço. Quem sabe a presente leitura possa despertar a vontade de saber mais sobre Ulm, ou reavivar boas recordações em quem conheceu essa cidade singular.
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