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Ideias e bate-papo

Uma chance de ouro

Nasci no interior do Estado e conheço os desafios que os prefeitos enfrentam todos os dias. Ao contrário de governadores, presidentes e outros dirigentes eleitos, o mandatário municipal não pode esconder-se em palácios. Também não dispõe de segurança ou de residência oficial.

O prefeito é um para-raios para onde convergem todos os problemas. Da falta de emprego à necessidade de transferir um doente grave para uma cidade maior, tudo passa pelo homem ou mulher eleito para ser o salvador. No momento em que “a chapa esquenta” a solução vem da prefeitura, seja qual for a natureza da demanda.

No momento excepcional de pandemia não tem sido diferente. Um rolo compressor está no espelho retrovisor dos administradores municipais. Ele precisa manter os alunos alimentados, os postos de saúde funcionando 24 horas, assumir a responsabilidade dos casos suspeitos/confirmados do coronavírus e ainda tocar o restante da pauta diária.

As estradas continuam com poeira ou barro. O hospital, quase sempre dependente da ajuda municipal, exige atenção redobrada. A segurança – atribuição do Estado – precisa de atenção porque as cidades estão desertas à noite. Qualquer ocorrência é debitada ao prefeito, que deveria exigir efetivo maior da Brigada Militar.

Em outubro – se nada mudar – teremos eleições municipais. É o pleito mais importante de nossas vidas. O momento ratifica essa premissa. Afinal, estamos impactados por um fenômeno raro, assemelhado à guerra e seus horrores. Mais do que nunca teremos a oportunidade de fazer do voto um instrumento do bem.

Diante da urna eletrônica é hora de julgar, sem emocionalismo, aqueles que trabalham pela comunidade ou quem se mostrou oportunista e “surfou” na onda da Covid-19 para faturar espaço na mídia. A transferência de responsabilidade é uma das chagas da política barata que revolta os brasileiros, ainda indignados com o maior escândalo de corrupção do mundo denunciado pela Operação Lava-Jato.

Não faltará quem diga que ninguém é obrigado a ser prefeito, que basta querer. É verdade, mas a democracia pressupõe pessoas dispostas a enfrentar os desafios e nos representar. Ao invés da crítica, opto pelo reconhecimento dos que se expõem ao julgamento diário. Dedicado, o prefeito abre mão do lazer e de momentos com a família para administrar uma rotina de problemas.

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