Ao partir desta vida na avançada idade de 97 anos, quatro meses e mais alguns dias, em 12 de dezembro, voltou a se manifestar o enorme carinho que ligou a comunidade santa-cruzense e o “Seu Arno”, ou Arno João Frantz, líder comunitário, vereador por três mandatos, prefeito em dois períodos e deputado estadual em uma oportunidade.
Tive a iniciativa e o privilégio de escrever um livro sobre a sua vida, ainda em vida, há quatro anos: “Seu Arno – A fantástica história de Arno João Frantz, um político que conquistou respeito até pelo bom humor”, onde foi possível rememorar muitos episódios de sua bela trajetória humana e política.
Sem dúvida, era um personagem apropriado para muito se escrever e descrever, pelo seu jeito de ser e fazer na vida pública, e pela popularidade que assim conquistou.
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Além das grandes obras que fez surgir por sua audácia e visão, apesar das desconfianças (a rodoviária, “obra do século, o grande ginásio poliesportivo, “Arnão”, a inovadora Avenida do Imigrante, o Projeto Cura, “o maior em infraestrutura urbana”, a eletrificação rural em todo município que então se estendia a Sinimbu, Vale do Sol, Herveiras e Gramado Xavier, “o maior projeto do setor”, grandes realizações em estradas, como o início do asfalto a Monte Alverne, e na área social, implantando creches públicas, entre tantas outras), a sua relação com os funcionários públicos e o povo em geral foi marcante.
Apesar de ser exigente e rigoroso no trabalho, sempre tinha uma palavra amiga e um estilo acolhedor que o aproximava das pessoas, independente da classe social, cor, religião ou qualquer diferença que houvesse. Ainda no dia do velório surgiram mais histórias, como a de que o Seu Arno sempre comparecia à “festa do chinelo”, em casa humilde de operário no Arroio Grande no final do ano, onde também se desfazia do tradicional sapato bem lustrado e calçava o simplório chinelo, para ficar à vontade com sua gente.
O seu modo simples de ser, associado à própria origem interiorana, era motivo de muitas e famosas anedotas, muitas das quais reproduzo no livro e que não faltam nas rodas sociais do município. E, quem diria, até o livro acabou sendo motivo para tanto, pois ao visitar o colega escritor Mauro Klafke, em Gramado Xavier, ele me apresentou um senhor que tinha lhe dado uma dica infalível: quem quisesse ficar milionário deveria escrever um livro sobre Seu Arno. Pois não sabia ele que o livro já havia sido lançado e que seu autor, mesmo com a boa aceitação da obra, estava longe de chegar a tal sonho. Mal sabia ele que escrever livros não é exatamente uma ação lucrativa, mas antes a satisfação de relatar boas histórias. Como faço novamente agora, com “Carl & Ciss – Crônicas da Colônia Alemã”, que lanço nesta quinta, dia 19, às 21h15, na Linha Santa Cruz, e conto novamente com o prestígio da comunidade.
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