Ao longo da vida fazemos nossas escolhas e avançamos de decisão a outra. Algumas vezes, são os outros que nos escolhem. Particularmente, tive a ventura de ter me deparado, em diferentes momentos, com pessoas especiais, incomuns, indissociáveis da minha existência.
Correndo o risco de ser ingrato e até injusto com tantos outros, preciso fazer menção a dois personagens que foram – e continuam sendo – marcos referenciais para mim e, com certeza, para a comunidade inteira. Adianto que precisaria de vários espaços como este para descrever um pouco sobre o tamanho e a importância deles como seres humanos.
Quando concluí meu período de formação acadêmica, e antes de iniciar a vida profissional, fui orientado a conhecer na prática como pensam, agem e se estruturam comunidades muito diferentes daquela em que nasci e me criei. Meu destino: Rio Pardo. Quem me acolheu foi o então pároco, padre Orlando Pretto.
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Eu mal o conhecia. Mas bastaram alguns dias para entender que estava na presença de um homem iluminado. Pela cultura, por sua visão de mundo, pelo respeito às pessoas, pela liderança inata que transpirava em todos os ambientes que frequentava, tantas virtudes mais.
Enquanto zarpávamos pelas estradas do interior, de uma comunidade a outra, ele não cansava de insistir na importância de se compreender e respeitar a alma, a cultura, as raízes das pessoas, das mais diferentes etnias.
Não por acaso, fiéis de todos os rincões se enfileiravam dentro e fora das igrejas para receber a sua bênção. E lotaram vários ônibus para implorar ao então bispo dom Sinésio Bohn que não recrutasse para a paróquia da Catedral São João Batista o líder espiritual daquela cidade.
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Fiel ao chamado que lhe fora feito, porém, padre Pretto retornou a Santa Cruz do Sul, onde já havia tido uma passagem marcante no início de sua vida sacerdotal. Carismático como poucas pessoas que conheci, inspirou e motivou uma comunidade inteira a abraçar um audacioso projeto de conclusão e restauração da catedral.
Santa Cruz lhe deve muita gratidão, padre Orlando! A saúde fragilizada o afastou da linha de frente das atividades paroquiais, mas não apagará da memória sua decisiva contribuição para a preservação de um dos maiores patrimônios da cidade e a marca que imprimiu na vida de tantas pessoas e na minha e de nossa família em especial.
E por falar em marca, impossível não me referir a outra pessoa incomum. Foi no final de 1978, ao término dos festejos do centenário de Santa Cruz e da última Festa Nacional do Fumo, quando o André Luís Jungblut, então diretor-superintendente e hoje por muitos anos o diretor-presidente da Gazeta Grupo de Comunicações, abriu as portas da sua empresa e me deu oportunidade, ao longo de 40 anos, de aprender e amadurecer com seu jeito autêntico de ser, com sua resolutividade e com um nível de exigência que somente grandes líderes e gestores de fato podem ter.
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Não falo do André só pelo que me une a ele no campo profissional. Homem discreto, não se expõe aos holofotes da badalação. Nem precisa disso. Só os que o conhecem no dia a dia sabem que, além de referência para todos que com ele trabalham ou convivem, é um homem que pensa muito além das empresas que comanda. Seja como líder no setor das comunicações – presidiu por muitos anos as principais entidades estaduais e nacionais da área – seja por seu compromisso pessoal com o desenvolvimento regional, liderando iniciativas e projetos comunitários em diferentes frentes para potencializar novas perspectivas e um futuro melhor para as comunidades.
Tudo isso, porém, não se sobrepõe ao que considero sua marca maior: a generosidade como ser humano e o zelo paternal e sempre atencioso com as pessoas que traz ao seu convívio. Tenho muitas razões de lhe ser grato, André. Santa Cruz e a região não menos.
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