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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Um problema de memória

Não seria ótimo se pudéssemos apagar da mente todas as memórias negativas para seguir adiante, com a vontade de viver e disposição de quem acabou de nascer?

Sem nenhuma carga que nos faça prender a respiração? Para uma máquina, seria simples, mera questão de apertar o “delete” e “restartar”. E pronto, céu aberto. Mas não é assim, infelizmente.

E se pudéssemos contar com apoio técnico, com uma empresa prestadora de serviços que eliminasse o entulho nocivo de nosso cérebro? Uma empresa como a Lacuna Inc., do filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, de 2004. Talvez você tenha assistido.

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Clementine e Joel são um casal que fracassa no relacionamento. Ela, decidida a esquecê-lo para sempre, aceita se submeter a um tratamento experimental que apaga de sua memória os momentos que viveram juntos.

“Por que sofrer inutilmente quando se pode abandonar o fardo das lembranças desagradáveis e viver uma nova vida?” É o que diz o folheto publicitário da empresa. A ciência a serviço do bem-estar: basta fazer um mapeamento do cérebro, identificar o núcleo emocional de cada memória indesejada e removê-la. Alguns cuidados são indispensáveis, como afastar tudo o que, nos clientes, possa reviver as recordações suprimidas. Fotos, objetos pessoais, anotações e outras coisas.

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Quando percebe que a namorada não o reconhece mais, Joel fica arrasado e resolve, também ele, buscar os serviços da Lacuna. Se é para excluir o passado, que todos façam o mesmo. No meio do procedimento, porém, arrepende-se e desiste. Assim, guardará resquícios confusos de lembranças, peças de um quebra-cabeças que passarão a se unir quando reencontrar Clementine.

No fim das contas, as lembranças dolorosas são parte essencial do que Joel se tornou, para o bem ou para o mal. Mesmo se varrê-las para baixo do tapete, estarão ali. Se fossem de carne e ele as incinerasse, as cinzas ainda ficariam.

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Não, ele não pode se sentir um recém-nascido, já viveu demais para isso. Vai olhar para a frente sem jamais esquecer de quem é. Pois cada um é sua memória, ainda que o brilho dela possa doer.

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