“Wird’s besser? Wird’s schlimmer? fragt man alljährlich. Seien wir ehrlich: Leben ist immer lebensgefährlich!“ – A gente sempre se questiona: vai melhorar? Vai ficar pior? Sejamos honestos: viver é sempre muito perigoso! Erich Kästner, um renomado escritor alemão do século 20, conhecido por suas obras de crítica social, livros para crianças e poesias.
Deveras, viver e principalmente sobreviver não é nada fácil, ainda mais, quando se vive em meio a uma guerra ou se passa por uma catástrofe climática como a que atingiu muitas vidas em meu Estado. Aqui eu volvo meu olhar para a literatura.
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Na Trümmer Literatur – Literatura dos escombros – encontra-se uma infinidade de textos escritos logo após a Segunda Guerra Mundial. Entre os autores, resalto Wolfang Borchert, Erich Kästner e Heinrich Böll. Seus textos nos fazem refletir sobre as consequências da guerra na vida de seres inocentes.
Por falar em vicissitudes da vida, destaco a obra bílingue de um outro autor alemão que vive no Brasil – Eckhard Kupfer. Em seu livro Sobre viver/Über leben, Kupfer reflete, principalmente em forma de poemas, sobre a vida, sobre a sua vida que iniciou em meio à Segunda Guerra Mundial.
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“Ich wohne in mir und baute ein Haus aus meinen Gedanken, lebte darin Solange die Sträucher blüten, ein Brand zerstörte es, aber nicht die Erinnerung. So lebe ich dort, wo meine Fantasie mir lässt Freiheit und Raum, um wieder von neuem zu bauen” – “Eu moro dentro de mim e construí uma casa com meus pensamentos. Lá vivi enquanto os arbustos floresceram. Um incêndio a destruiu, mas não as lembranças. Assim, vivo ali, onde minha fantasia me concede espaço e liberdade, para sempre reconstruir.” (Kupfer é formado em Letras e Filosofia. Foi diretor do Martius-Staden Institut e também editor do anuário do instituto).
Para Eckhard Kupfer, o ser humano precisa de um espaço interior, de liberdade, para reconstruir sempre a vida. Kupfer fala de sua vida, de sua busca por um cabimento, para conferir sentido a sua vida. Mesmo que este seja “tentar vencer a inutilidade – der Versuch das Vergebliche zu überwinden”. A obra de Kupfer oferece uma pausa de reflexão, para nós e para as muitas vidas atingidas pela catástrofe climática.
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Nesta linha vai também o conceito Habitare secum – do latim, viver consigo, em si mesmo. Habitar em si, cultivar vida interior, voltar-se para o mundo interior, nele fortalecer a alma. Fortalecimento que possibilita viver e superar infortúnios no mundo exterior.
Nestes tempos por demais difíceis, precisamos também lembrar de que tudo na vida é transitório. Theodor Fontane (1819-1898), escritor, jornalista e crítico teatral alemão, evoca isto em seu poema “Trost”:
Tröste dich, die Stunden eilen,
und was all dich drücken mag,
Auch das Schlimmste kann nicht weilen,
und es kommt ein andrer Tag.
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In dem ew’gen Kommen, Schwinden,
wie der Schmerz liegt auch das Glück,
Und auch heitre Bilder finden
ihren Weg zu dir zurück.
Harre, hoffe. Nicht vergebens
zählest du der Stunden Schlag:
Wechsel ist das Los des Lebens,
und es kommt ein andrer Tag.
“Consolo”
Consola-te, as horas aligeiram,
E tudo quanto te aflige,
Mesmo o pior, não haverá de perdurar
E um outro dia virá.
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No eterno vir e esvanecer,
desaparece a dor e se achega a felicidade,
Também imagens serenas
Retornarão a ti.
Continua firme, tende esperança!
Não contarás debalde
o repicar das horas
Mudança é o destino da vida
E um outro dia virá.
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