O frio chegou e, com ele, aquela vontade de pegar a estrada em direção a Bento Gonçalves, Caxias, Gramado ou Canela no fim de semana. Que tal então subir a Serra, mas para um destino diferente? O Portal Gaz foi a Veranópolis e Vila Flores, duas belas cidades gaúchas reconhecidas pela longevidade de seu povo, mas que guardam surpresas encantadoras, aquelas que fazem bem para a alma e para o paladar. É impossível resistir às delícias da farta comida italiana.
Partindo de Santa Cruz do Sul, o caminho até Veranópolis é tranquilo. São 170 quilômetros de estradas em boas condições (antes da chuvarada da semana, claro) e belas paisagens. O melhor trajeto é pela Rota do Sol, passando por Venâncio, Lajeado, Teutônia, Carlos Barbosa e Bento. Só não esqueça de separar as moedinhas: são três pedágios na ida e três na volta (R$ 31,20 no total). Da entrada de Bento até o trevo principal de Veranópolis são 38 quilômetros pela BR-470. Mais oito e lá está Vila Flores.
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Trata-se de uma cidadezinha de 3,3 mil habitantes. Bem-humorados, os moradores brincam que é um lugar de primeira. E explicam: “É que se colocar a segunda marcha, passou de Vila Flores”. O roteiro por lá inclui a aconchegante Pousada dos Capuchinhos (um antigo seminário onde freis franciscanos vivem e até produzem vinho); o restaurante Mascaron; a terapia caminhante da família Ceccato; e o inesquecível filó liderado por 28 nonos e nonas cheios de energia.
Já no caminho de volta para casa, chega a vez de parar em Veranópolis. Encravado no Vale das Antas, o município oferece belezas naturais de tirar o fôlego e, mais do que isso, convida os turistas para experiências e não apenas à visitação de lugares. Independente da ordem do passeio, não deixe de conhecer o restaurante giratório que fica no topo de uma torre com 80 metros de altura; a Vinícola Simonetto; e a Tedesco Villa D’Asolo, um sítio projetado para o turismo rural e a educação ambiental.
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HISTÓRIA E BOA MESA
Instalado às margens da BR-470, em Vila Flores, o restaurante Mascaron leva o visitante a um passeio pela história dos imigrantes italianos. Na recepção há uma exposição de fotos e equipamentos antigos. Mas a atração fica mesmo no salão principal, onde são servidas as refeições (almoço – inclusive por quilo nos dias de semana – e jantar). O destaque, claro, é a comida típica. Na sobremesa tem sagu quente, uma delícia. Não deixe de provar o vinho e o suco de produção própria.
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TERAPIA CAMINHANTE
A simpática família Ceccato abre a propriedade, em Linha Aimoré (a 2,5 quilômetros do Centro de Vila Flores), para um resgate através dos saberes populares dos imigrantes. São contadas histórias e oferecidos chás e sucos medicinais, além de um momento de reflexão após um rápido passeio por uma horta medicinal onde cada canteiro guarda benefícios para uma parte do corpo. Na casa, amostras da tradição ceramista da família.
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O IMPERDÍVEL FILÓ
Se tem um passeio de que não dá pra abrir mão em Vila Flores é o filó. O nome vem dos antigos encontros de família que os imigrantes faziam assim que vieram da Itália. Quase 30 nonos e nonas cheios de energia (incluindo os Ceccato, claro) recebem grupos de até 50 turistas no porão de uma casa antiga. A atração de mais ou menos três horas é dividida em três momentos. Primeiro eles contam (e encenam) como foi a chegada dos imigrantes, depois cantam, dançam e servem um jantar à base de polenta, frango, guisado e tudo mais que se pode imaginar e, por fim, mais música, brincadeiras e piadas. É uma lição de vida que se leva da terra da longevidade. O filó acontece normalmente às sextas e sábados e custa R$ 80,00 por pessoa. É preciso agendar pelo telefone (54) 99167 0633. Mas atenção: não tem mais ingresso disponível para os sábados de 2017. Só se alguém que já fez reserva desistir.
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UM SANTO DESCANSO
A melhor opção de hospedagem é a Pousada dos Capuchinhos, ao lado da igreja de Vila Flores. O antigo seminário franciscano foi totalmente reformado, ganhando ares de sofisticação e aconchego. Mas para ocupar um dos 69 quartos (a diária parte de R$ 165,00) é preciso reservar com antecedência. É possível conviver com os freis que moram no local e inclusive aprender sobre vinho com um deles, que é enólogo. Aliás, por ano são produzidos 200 mil litros da bebida. E em breve haverá piscinas de águas termais. Falta só a liberação dos alvarás.
O VINHO PREMIADO DO SIMONETTO
Todas as vinícolas de Veranópolis podem ser visitadas, mas o Magazine recomenda a Simonetto, na comunidade de Monte Bérico. Fica perto de onde foi plantado, em 1935, o primeiro pé de maçã do Brasil. A casa está aberta de terça a domingo e o passeio com degustação de vinhos, espumantes e sucos produzidos no local custa R$ 10,00. Chamam a atenção os vinhos com rótulos em japonês (exportados desde 2006) e o tannat que levou o Grande Prêmio Vinhos do Brasil do ano passado.
UM PASSEIO NA PAZ
Já no interior de Veranópolis, na comunidade de Nossa Senhora da Paz, fica o Tedesco Villa D’Asolo. É um sítio voltado ao turismo rural e à educação ambiental. Há criação de peixes, aves e ovelhas, que inclusive adoram ser alimentadas pelo visitante. Há trilhas e dá até para almoçar no local. A refeição é preparada sob o conceito de slow food, com produtos cultivados no sítio.
ALMOÇO (OU JANTAR) GIRATÓRIO
Localizado às margens da BR-470, na entrada de Veranópolis, o restaurante giratório e panorâmico Mirante da Serra chama atenção. Fica no alto de uma torre de 80 metros e a plataforma sob as mesas gira lentamente, permitindo que o turista tenha uma vista diferente ao longo da refeição. Uma volta completa leva duas horas. Na mesa, destaque para as massas e carnes grelhadas. A sobremesa é deliciosa e o atendimento, de primeira.