Chegamos à reta final de 2024 com um misto de alívio, mas também com um tanto de apreensão. Alívio pelo fato de que, apesar de todas as adversidades e provações, concluímos mais essa jornada de 12 meses. Quando ingressamos em janeiro, lá atrás, nem em sonho (nem em pesadelo) poderíamos imaginar o que viria pela frente.
De certo modo, esse ano deixou claro para todos que nossos piores pesadelos podem, sim, agora e sempre, se tornar concretos. Por mais que na ficção tentemos dimensionar uma distopia ou um mundo em desmantelamento, não é que a realidade, essa que escapa sempre do nosso controle, consegue ir muito além da nossa imaginação?
E isso que já enfrentamos, tão recentemente, uma pandemia, que colocou a humanidade de joelhos. Se isso ocorreu exclusivamente por conta de um vírus, num primeiro momento indomável e desconhecido, ou se foi por decisões (nunca saberemos se acertadas ou algumas até exageradas) tomadas por governantes, essa é uma dúvida que nos acompanhará.
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Mas para sempre parece que também nos acompanhará, a partir de agora, a ameaça climática. Já tínhamos visto nas telas da TV (em noticiários, não em filmes da madrugada) os estragos causados por estiagens, enxurradas, vendavais, tsunamis e outras manifestações da natureza em diferentes lugares do planeta. Mas não é que um dilúvio contemporâneo inundou o Rio Grande do Sul, levando pela frente pessoas, casas, negócios, bens adquiridos no curso de uma vida inteira.
De vidas inteiras, para ser mais exato. Essa enchente, que haverá de povoar nossa imaginação e nossos sonhos/pesadelos ao longo dos anos, é a causa da apreensão que menciono lá em cima, na segunda linha deste texto. O que uma vez ocorreu, da forma como ocorreu e, certamente, pelos motivos que o provocaram, pode se repetir.
Talvez até não exatamente nas mesmas regiões, mas é um estranho sinal intermitente na memória que nos adverte o tempo todo: vocês têm tarefas a cumprir, e elas são urgentes. A cada um de nós, que circula por aí, pela cidade e pelo interior, não fica mais do que evidente, óbvio, que não estamos fazendo absolutamente nada, mas nada mesmo, para mudar o curso das coisas?
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Passado mais de meio ano dessa catástrofe, o que efetivamente foi feito? O que se poderia dizer que foi (se não iniciado) ao menos planejado em realidade gaúcha? Nada. Nossa sociedade parece que se resume a uma única atitude, que é de prostração e de incapacidade de mudar o curso das coisas no quesito ambiental.
Estamos tão e somente à mercê. E assim seguimos. Que em 2025 saibamos deixar de estar à mercê. Que saibamos, enquanto indivíduos e enquanto coletividade, adotar para proteger e conservar o meio ambiente o mesmo protagonismo que hoje usamos para destruí-lo. Para que ele queira nos conservar. Boa leitura, boa reta final de ano e um ótimo 2025 para todos.
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