Cultura e Lazer

Um mineirinho que encanta (e ama) Santa Cruz

Foi mandando alguém sair da aba que o mineirinho, comendo quietinho, conquistou o Brasil. Às vésperas de completar 32 anos de carreira, Alexandre Pires esteve em Santa Cruz do Sul no domingo, 14, apresentando o Baile do Nêgo Véio 2, show em que desfila pelo palco sucessos dos anos 1990. Um artista versátil, que não se limita a rótulos, ele se diverte e contagia o público interpretando hits do axé, do rock, do forró, do pop e, é claro, do samba e do pagode.

A terceira passagem de Alexandre Pires por Santa Cruz foi por ocasião das comemorações do aniversário de 60 anos da Metalúrgica Mor e, portanto, em um evento privado. Apesar disso, a representatividade do cantor, uma atração reconhecida nacional e internacionalmente, demonstra que a retomada das programações artísticas e culturais é realidade, deixando para trás a época de restrições a eventos sociais de maior porte por causa da pandemia. Pensando em um contexto santa-cruzense, o show de Alexandre Pires pode ser considerado um “esquenta” para o que vem por aí com os shows da Oktoberfest, por exemplo.

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No domingo, pelo menos 4 mil pessoas estiveram no Ginásio Poliesportivo. Sem dúvida, o carinho do público de Santa Cruz serviu para reforçar a impressão que Alexandre Pires tem da população gaúcha: pessoas que valorizam a música brasileira. Não por acaso, o mineiro considera o Rio Grande do Sul o estado onde faz mais sucesso e onde reúne mais admiradores nos shows.

E não é de hoje. Ainda nos anos 1990, quando integrava o grupo de pagode Só Pra Contrariar (SPC), já sentia esse carinho. Depois de emplacar sucessos como Mineirinho, Que se Chama Amor e Depois do Prazer, o grupo conquistou de vez os gaúchos – e todo o Brasil –, alcançando a marca de 10 milhões de discos vendidos. O sucesso em nível nacional foi tamanho, que as portas do exterior também se abriram. Um álbum em espanhol arrebatou multidões na América Latina.

Foi em 2000 que partiu para o desafio da carreira solo. O reconhecimento como um dos maiores intérpretes do continente foi fundamental. O álbum É por Amor, de 2001, gravado em espanhol e português, consolidou o fenômeno. Desde então, procurou, em todos os trabalhos, reafirmar as influências da família, oriunda de Uberlândia, em Minas Gerais, explorando a MPB e as parcerias com outros grandes nomes do cenário musical brasileiro.

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Em várias versões

Em Santa Cruz, Pires apresentou o show Baile do Nêgo Véio 2, segunda versão da apresentação lançada em 2018, que tem três horas de músicas que marcaram os anos 1990. Na turnê, revisita clássicos do SPC, mas não só: inclui sucessos de vários outros ritmos.

A versatilidade do mineiro se evidencia pelas parcerias firmadas e que se tornaram shows. É o caso de Irmãos, com Seu Jorge; e Samba, Sertão e Brasa, com Daniel. Alexandre se reveza entre as três apresentações e percorre o Brasil, mostrando faces e possibilidades exploradas por ele enquanto artista.
Irmãos é projeto criado por Alexandre Pires e Seu Jorge durante a pandemia. Foi uma das lives mais assistidas do YouTube e se tornou turnê. Da mesma maneira, Samba, Sertão e Brasa é um legado desse período. Em outubro deste ano, Alexandre Pires e Daniel devem trazer a performance – que reúne, além de sucessos de pagode e sertanejo, também churrasco – para o Parque da Harmonia, em Porto Alegre.

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Uma conversa na aba de Alexandre Pires

Com muita simpatia, Alexandre Pires animou e emocionou cerca de 4 mil pessoas em Santa Cruz do Sul, no último domingo. O show foi fechado, em comemoração aos 60 anos da Metalúrgica Mor, mas já serve para colocar o município, novamente, no roteiro dos grandes espetáculos nacionais.

Instantes antes da apresentação, o cantor mineiro fez questão de conversar com a equipe da Gazeta do Sul e comentar a relação com o público gaúcho, além de relatar os impactos deixados pela pandemia do coronavírus no cenário musical.

Era início da noite de domingo quando eu e o fotógrafo Alencar da Rosa pudemos fazer esse registro caprichoso de mais uma passagem de Pires e de sua banda por Santa Cruz. Ele subiu ao palco montado no Poliesportivo pouco depois das 20 horas. Minutos antes, porém, nos recepcionou no camarim. Como era domingo de Dia dos Pais, havia almoçado com a família no Rio de Janeiro. Algumas horas depois, fez a festa aqui em Santa Cruz do Sul.

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Durante o animado bate-papo, Alexandre Pires relembrou os desafios encarados ao longo dos seus quase 32 anos de carreira. Como poucos, o cantor mineiro ostenta o talento de se reinventar. Essa versatilidade, sem dúvida, é um dos ingredientes para a receita do sucesso que ele vivencia desde os tempos em que dividia o palco com o Só Pra Contrariar.

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O que se ouve no Baile do Nêgo Véio 2

A segunda edição do Baile do Nêgo Véio surgiu, obviamente, devido ao sucesso da primeira, lançada em 2018. A apresentação tem três horas de duração, mas é uma verdadeira viagem no tempo para aqueles que viveram os anos 1990.

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No show, Alexandre Pires reúne os principais hits do Só Pra Contrariar, explorando um belo cenário, bem como figurinos impecáveis. Além das músicas, o público é embalado pelo jogo de luzes e por outros efeitos especiais. Nesta retomada pós-pandemia, o espetáculo fica ainda mais carregado de emoção, pois o cantor mineiro faz questão de lembrar a importância de celebrar a vida, principalmente ao lado dos fãs.
Engana-se quem pensa que o Baile do Nêgo Véio 2 se limita a canções do contexto do pagode.

Alexandre Pires passeia pelo axé, pelo sertanejo e pelo forró, e ainda se arrisca em sons do pop e do rock. É claro que Mineirinho, Depois do Prazer e Essa tal Liberdade não ficam de fora do repertório do show.
Alexandre Pires sempre menciona que faz questão de escolher a dedo as músicas que compõem a apresentação do Baile do Nêgo Véio 2, que é uma verdadeira homenagem ao mercado fonográfico brasileiro.

Entrevista

Geral A grande noite de Alexandre Pires em Santa Cruz do Sul Cantor mineiro fez show no Poliesportivo na festa de 60 anos da Metalúrgica Mor

Gazeta do Sul – Esta é a terceira vez que vens a Santa Cruz do Sul. Como é a energia do público aqui e no Rio Grande do Sul como um todo?
Alexandre Pires – É maravilhosa. Eu me arrisco a dizer que, se não for o público mais forte que tenho no Brasil hoje, e isso vem desde a época do SPC, está entre primeiro e segundo. É um público que prestigia muito a música brasileira, os artistas brasileiros.

Qual a característica do público gaúcho? O que difere em relação a outros?
Eu já tenho o privilégio de conviver com o público gaúcho há mais de 30 anos. É um povo fiel, que curte a carreira do artista, acompanha a discografia, o repertório. É maravilhoso.

Em setembro, completas mais um aniversário de carreira. Como enxergas teu início no cenário musical?
Foram muitos desafios, mas a música é infinita, te dá muitas possibilidades. Eu vim da região do Triângulo Mineiro, onde não é tão tradicional o samba, o pagode. Quando nós saímos com o primeiro LP, houve surpresa e resistência, principalmente da classe musical. E a gente foi galgando, buscando nossa própria identidade, para que as pessoas entendessem o que a gente queria mostrar. E o público foi abraçando a ideia, curtindo o trabalho.

E como foi alcançar o sucesso nacional, em especial viver aquele “estouro” nos anos 1990?
A gente se mostrar para o Brasil todo foi outro grande desafio. Apesar de não imaginarmos isso, foi uma grande oportunidade que nós tivemos.

E a carreira solo, o que te levou a tomar essa decisão?
Também foi outro grande desafio. Depois de tanto tempo cantando em um grupo, de tanto sucesso, decidi me arriscar como cantor solo. Logo no primeiro disco foi uma grande surpresa e felicidade, já que gravei um disco em espanhol e aconteceu tudo o que aconteceu.

Como a pandemia impactou a tua atividade como cantor?
A gente viveu esse momento de pandemia, quando pôde refletir um pouco mais sobre os bons e verdadeiros valores da vida. O mais importante é agradecer porque estamos aqui, com saúde. Agradecer também a esse povo que nos proporciona, novamente, viajar o Brasil todo, mostrando a minha música, a minha arte.

O que vislumbras para o futuro?
A gente vai sempre seguindo, superando os obstáculos, se reinventando.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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Marcio Souza

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