Mais um dia 20 de novembro se aproxima. Como em todos os anos, é a ocasião em que se reforça a necessidade de combater o racismo e também a escravidão, chaga persistente no Brasil, embora com novas roupagens. Vale a pena assistir ao filme 7 Prisioneiros, na Netflix, para constatar como as redes de trabalho escravo permanecem ativas nas grandes cidades. Na trama, jovens à procura de emprego aceitam trabalhar em um ferro-velho em São Paulo, com promessa de salário justo e carteira assinada. Contudo, acabam submetidos a uma rotina de cárcere privado, dívidas impagáveis e violência. E quase todos esses “empregados” são negros.
Mas a Consciência Negra ressaltada pelo 20 de novembro é, acima de tudo, a consciência a respeito do racismo. A cor da pele pesa como estigma para muitos brasileiros, elemento de valoração negativa numa sociedade que resiste a abrir mão de preconceitos enraizados. Para o preconceituoso, não interessa quem você é, o que faz, pensa ou sente. Importa somente o que ele vê. “O homem é antes de agir; nada que ele faça pode mudar o que ele é. Essa, grosso modo, é a essência filosófica do racismo”, define o sociólogo polonês Zygmunt Bauman no livro Modernidade e Holocausto.
Então precisamos ler Jeferson Tenório, carioca radicado em Porto Alegre, autor de um dos livros mais contundentes sobre a questão racial no Brasil: o romance O avesso da pele. Um professor negro é um dos personagens centrais. Em certo momento, ele tenta ensinar seu filho, ainda criança, a lidar com as adversidades inevitáveis que vai enfrentar.
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“É necessário preservar o avesso. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias, existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.”
Lutar, às vezes cair, mas erguer-se e ter um lugar onde se curar para voltar à batalha diária.
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