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Um impasse chamado Avenida do Imigrante

A restrição de estacionamento das 22 horas às 6 da manhã na Avenida do Imigrante, em Santa Cruz do Sul, ainda é alvo de polêmica. Apesar de ter sido motivada inicialmente pelos próprios moradores, por conta da poluição sonora causada pelo som alto de automóveis estacionados, comerciantes e parte das pessoas que residem no entorno discordam da proibição. 

Eles afirmam que a medida interfere no movimento de bares e restaurantes em um dos pontos mais frequentados de Santa Cruz do Sul, além de limitar as visitas às residências, já que os convidados não têm onde deixar os veículos. A única saída encontrada é estacionar nas ruas transversais da avenida. Apesar das queixas quanto à restrição, que chegaram a motivar uma sessão especial na Câmara de Vereadores em 2015 para debater o assunto, o Ministério Público nunca recebeu nenhuma ação contra a proibição, segundo o promotor de Defesa Comunitária do município, Érico Barin. 

O estacionamento é restrito no local desde o fim de 2007, a partir de uma ação civil pública aberta em 2002, com base nas constantes reclamações dos próprios moradores. As queixas começaram em 1994, quando a Imigrante se tornou um ponto de encontro, especialmente de jovens, e o movimento se intensificou. Segundo Barin, as principais reclamações citadas na ação faziam referência ao uso de “buzinas e som automotivo, além de algazarras e consumo de bebidas alcoólicas, em desrespeito à qualidade de vida dos moradores do entorno”. 

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Em 2011, a decisão judicial se tornou definitiva – portanto, deixou passíveis de multa tanto os motoristas que estacionam na faixa amarela (a atuação é de R$ 80,00), como também o Estado e o Município. Ambos passaram a ser obrigados a fiscalizar o trânsito na área, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. Atualmente, o controle é intenso nas quintas, sextas, sábados e domingos, por meio da Guarda Municipal e dos azuizinhos, que ficam de plantão no local. Também há o auxílio da Brigada Militar.

A proibição de estacionamento se estendeu pela Rua Marechal Deodoro, na quadra entre a Galvão Costa e Sete de Setembro. O local também havia se tornado um ponto de encontro, em parte por causa da proibição na Avenida do Imigrante.

Divergência entre as opiniões é latente

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Morador da Avenida do Imigrante há 38 anos, Victor Bruno Genz, de 82 anos, comemora a restrição. “Melhorou muito depois que os carros pararam de estacionar aqui de noite. Antes a gente não conseguia dormir por causa da algazarra”, lembra. A aposentada Sara Rodrigues Puga, 55 anos, concorda. “De noite é muito calmo, acredito que por conta dessa proibição.”

Já outros residentes na avenida, como a bacharel em Direito Patrícia Kirich, de 25 anos, acreditam que a restrição deveria ocorrer apenas durante a madrugada, ou os fiscais somente deveriam penalizar a poluição sonora. “O problema é o barulho, não os carros das pessoas que param aqui para visitar alguém ou ir a algum restaurante.”

Comerciantes reprovam

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Se entre os moradores a proibição divide opiniões, os proprietários de bares e restaurantes são unânimes na posição contrária à restrição. Dono de um bar e lancheria, Robson Ebert revela que os próprios clientes reclamam da falta de vagas. As ruas transversais ficam lotadas em razão do movimento. “Às vezes não tem espaço e perdemos muitos frequentadores”, frisa.

Outro dono de bar e lancheria, Dinarte Cagliari, também diz que a restrição atrapalha. “Os clientes não podem nem parar na frente para pegar um lanche. Quando vemos que alguém estaciona, tentamos avisar logo que não pode”, ressalta. A solução encontrada por Cagliari foi implementar vagas de estacionamento no estabelecimento. No entanto, o espaço suporta apenas 25 veículos, o que não é suficiente em determinados horários.

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