O Rio Grande do Sul jamais teve a experiência da reeleição do inquilino do Palácio Piratini. Os motivos desse fenômeno suscitam vários palpites. Uns creditam o fato ao exacerbado espírito crítico dos gaúchos. Outros citam o espírito rio-grandense de rivalidade, característica que remonta à época da fixação das fronteiras na disputa com os vizinhos “hermanos”.
Ao longo da história, a permanente alternância do poder na Província de São Pedro tem se mostrado prejudicial ao desenvolvimento econômico e social. Historicamente colecionamos epítetos como “Celeiro do Brasil” e detentores da “melhor educação do país”. Isso tudo, no entanto, ficou num passado distante, que suscita saudades e dor por sua ausência.
Estados que eram motivo de nossas piadas, hoje, ostentam indicadores muito superiores aos nossos em diversos segmentos de atividade. Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo, lideram o ranking de produção no setor primário, apesar da importância fundamental do agronegócio para a economia do Rio Grande do Sul.
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A rivalidade (e o ódio) impede qualquer esforço de união na busca de soluções para problemas crônicos do Rio Grande do Sul e do Brasil. É impossível eleger uma pauta capaz de unir situação e oposição, os chimangos e maragatos do século 21. Isso ficou dolorosamente evidenciado ao longo desses 17 meses em que se prolonga a pandemia da Covid-19. A guerra diária nas redes sociais só aumenta, sem falar dos prejuízos ao jornalismo honesto, correto e imparcial.
A reeleição, instituto ressuscitado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – através do uso de expedientes “pouco republicanos” para se manter no poder –, tem se mostrado nefasta para o Estado e para o país. Aqui, Eduardo Leite garantiu no primeiro dia de mandato que não postularia a reeleição, a exemplo do que fizera ao ser eleito prefeito de Pelotas. Desde a posse, esse compromisso vem sendo reiterado nas mais diversas manifestações públicas. Uma decisão mais nociva ao Estado, no entanto, se concretizou através da decisão de concorrer à Presidência da República como candidato pelo PSDB.
Dedicar-se 24 horas por dia na busca de solução dos graves problemas rio-grandenses é sempre apontado pelos desafetos como campanha antecipada pela reeleição. Isso, ao menos, tem o mérito de demonstrar respeito aos eleitores que o escolheram através do voto. As viagens pelo país que o governador gaúcho realiza, inclusive durante a semana, são um desrespeito. Trata-se de burla ao mandato que ele pediu – e não foi imposto – aos gaúchos em 2018. Seria mais ético licenciar-se do cargo e passar o comando para seu vice. Afinal, Ranolfo Vieira Júnior foi eleito exatamente para assumir em caso de impedimento do titular.
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