Na última segunda-feira, completaram-se três meses da morte de Deangellis dos Santos Zinn, de 23 anos. O jovem, mais conhecido pelo apelido Dê, foi brutalmente assassinado na noite de 21 de março, um domingo, com dezenas de tiros. Ao todo, 56 estojos de munição deflagrados, de calibre 9 milímetros, foram recolhidos pela Brigada Militar na cena do crime, na Rua Marcílio Dias, nas imediações do campo de futebol do Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul. Os matadores teriam chegado ao local em uma caminhonete SUV.
Desde então, a Polícia Civil vem investigando o caso. Até o momento, segundo o delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Alessander Zucuni Garcia, já existem elementos que indicam os supostos executores, os mandantes e até mesmo uma possível motivação. “Conseguimos esclarecer alguns pontos e temos envolvidos identificados. Um, inclusive, na época do crime, cumpria pena com tornozeleira eletrônica, e temos indícios de que participou diretamente da execução, sendo o autor ou um dos autores do assassinato”, afirmou o delegado.
Um laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) indicou oito orifícios provocados por disparos de arma de fogo na cabeça da vítima, nove no rosto, oito no tórax, 17 no braço esquerdo, 20 no braço direito, dois na perna direita e dois na perna esquerda. O perito não pôde identificar se as aberturas no cadáver efetuadas pela pistola eram de entrada ou saída das balas. Sabe-se que mais pessoas chegaram ao local para matar Deangellis, contudo, uma das dúvidas a serem esclarecidas é se um ou mais assassinos atiraram contra a vítima. “Embora a possibilidade de uso da pistola 9 milímetros com seletor de rajada seja possível pela quantidade de disparos, trabalhamos ainda com a hipótese de que mais uma pessoa tenha atirado, o que indicaria que duas armas do tipo, porém sem rajadas, possam ter sido empregadas no crime.”
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Briga dias antes
Dentre as motivações possíveis para o assassinato, a mais provável, para a equipe da 2ª DP, é o envolvimento de Deangellis em uma briga de rua no Bairro Bom Jesus, quando ele teria, junto de outras pessoas, espancado um homem. O indivíduo agredido teria ligações com líderes da facção Os Manos.
“Os elementos que temos até o momento indicam que a morte dele teria ocorrido em função dessa briga. Isso não impede que outros detalhes se somem, mas podemos dizer que a gota d’água para o fato foi essa briga”, afirmou o delegado. Todos os envolvidos já identificados são de Santa Cruz do Sul, descartando uma hipótese da época do assassinato, de que criminosos da Capital teriam sido contratados para efetuar o homicídio.
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“As pessoas que atuaram neste crime têm ligação com a traficância e com a facção. Efetivamente, há possibilidade de que a ordem do homicídio tenha partido de lideranças do grupo que atua no comércio de entorpecentes aqui na nossa região, mas são informações que precisamos checar e confirmar”, salientou Alessander Zucuni Garcia.
ANÁLISE TÉCNICA
Para esclarecer por completo a dúvida em relação aos disparos, uma análise técnica foi encomendada pela 2ª DP ao setor de criminalística do IGP de Porto Alegre em uma pistola Glock modelo G17, calibre 9 milímetros, com seletor de rajadas. A Polícia Civil apreendeu a arma em 29 de março, na residência de um homem de 20 anos, na Rua Visconde de Mauá, Bairro Bom Jesus.
No mesmo local foram localizadas 17 munições de calibre 9 milímetros; dois carregadores para a pistola, um normal (16 cartuchos) e um para 30 cartuchos. Essa foi uma das buscas em sequência realizadas pela Polícia Civil em cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário. O objetivo foi apurar as circunstâncias do crime e apreender armas e itens que pudesses estar relacionados com o assassinato de Deangellis Zinn.
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No dia 26 de março, 52 munições de calibre 9 milímetros foram encontradas na casa de um adolescente de 17 anos, no Bairro Senai. Também na residência, a polícia localizou um carregador de pistola Glock 9 milímetros e o chamado “kit Roni” – usado para transformar pistolas da marca Glock em uma espécie de submetralhadora. O dispositivo é utilizado para dar precisão aos tiros, quando disparados em rajadas.
As investigações apontam que tanto o adolescente de 17 anos quanto o rapaz de 20 guardavam em suas casas os itens para a facção Os Manos. Uma das dificuldades enfrentadas pela investigação é o silêncio das testemunhas que viram o homicídio, ainda que dezenas de pessoas tenham presenciado a cena, nas imediações do campo de futebol onde ocorria um jogo. Três pessoas foram ouvidas. Entre elas está o jovem de 19 anos que estava ao lado de Deangellis no momento do crime. Ele também foi alvejado, na altura da coxa, mas sobreviveu ao atentado. “É um bairro conflagrado pelo tráfico. o que inibe qualquer depoimento formal”, explicou o delegado Alessader Zucuni Garcia. Deangellis dos Santos Zinn tinha passagens na polícia por tráfico de drogas, lesão corporal, ameaça e receptação.
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