Elas podem ser diferentes na forma de ver o mundo. Na profissão, no modo como encaram o cotidiano. Algumas o abraçam enquanto procuram fazer dele um lugar melhor para seus filhos, as joias que carregam nos braços dia após dia, noite após noite (e que noites!). O amor delas é daqueles infinitos, um tanto comuns no amparo, mas tão únicos quanto o coração de cada uma.
De uma forma ou de outra, nos braços de outras mães-amigas; na maternidade verdadeira compartilhada nas redes sociais; no carinho que é dedicado ao filho de quatro patas; no prazer em exercer o seu ofício amparada por outra mulher; ou até mesmo nas orações, por todos os filhos da terra, elas abrem os seus corações para brindar a vida. As madres que, por onde passam, sempre deixam um brilho especial. Um cheiro bom. Um espelho para admirar por toda a vida.
São as mães, guerreiras de dias cansativos, majestades de semanas com agendas cheias. Mestres em fazer tudo ao mesmo tempo e ainda encontrar alguns minutinhos para fazer um pouco mais. No domingo dedicado a elas, a Gazeta do Sul traz apenas alguns relatos de mulheres que carregam consigo dons especiais.
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São histórias que podem inspirar tantas outras; que podem embalar sonhos e inspirar muitos outros. Afinal, mãe, seja na forma que for, na maior parte das vezes sempre será um alguém para se admirar. No hoje ou no amanhã.
A pequena rainha e os príncipes
Quando foram eleitas rainha e princesas da 25ª Oktoberfest, em 2009, a jornalista Michele Wrasse, 31, a médica veterinária Mariana Moser Landesvatter, 32, e a funcionária pública Letícia Herberts, 33, nem poderiam imaginar as surpresas do destino. Dez anos depois, o trio vive, dessa vez, um novo reinado. São soberanas, juntas, no reino das mamães. Uma amizade que teve início em clima de Oktoberfest e agora embala sonhos de ninar de uma pequena rainha e dois pequenos príncipes.
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Embora houvesse o desejo de uma possível combinação de período de gravidezes, o trio garante que foi tudo coincidência. “Em cada jantar entre amigas, era uma que anunciava a gravidez”, conta Letícia. Desde junho do ano passado, então, as amigas começaram a compartilhar os mesmos momentos. Três cesáreas, o mesmo hospital, o mesmo médico, mas um sentimento único nascendo dentro de cada uma.
Em março deste ano, Letícia recebeu um novo bebê nos braços. No dia 8 veio ao mundo o Vicente, seu segundo filho. Sete dias depois foi a vez de Melissa, a primeira filha de Michele. Um pouco mais tarde, no dia 20 de abril, Mariana deu à luz Davi, seu primogênito. “A experiência de poder dividir esse momento com as amigas foi ótima. É algo muito especial. Um presente de Deus”, comenta Mariana.
A partir de agora, as mamães continuam a compartilhar as experiências. “Os três vão crescer juntos. É um laço muito intenso que nós temos. Acreditamos que isso só vai se fortificar.” Enquanto elas se preparam para celebrar os dez anos do “trio sintonia”, como o intitularam, no dia 4 de julho, a próxima Oktoberfest já entrou na pauta dos encontros. “A Mel já tem um vestidinho de Frida. Mas neste ano nós todos vamos estar de trajes novos”, afirma Michele.
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Amor em dose dupla
Da paleta de sonhos, a maquiadora Djulia Simon, 27, viu um a um se tornar realidade. Após a conquista da coroa de rainha da Oktoberfet, em 2015, e do casamento, em 2016, ela começou a trabalhar para realizar o maior deles: ser mãe. “Para mim é a coisa mais divina do mundo.” A ideia era entrar para o mundo da maternidade já em 2017. Entre tentativas, uma delas resultou na primeira gravidez, em fevereiro de 2018. No fim do ano, em novembro, quase como um presente de Natal, nasceu Isabelle Simon Mello, hoje com um ano e seis meses.
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Cinco meses depois da estreia no mundo das mamães, contudo, Djulia foi surpreendida com a segunda gravidez. Desta vez, no entanto, a cegonha trouxe o Davi, hoje com quatro meses. Desde então, Djulia divide as publicações no Instagram com o trabalho e o dia a dia de quem aprendeu, ao lado do marido Patrick Giovanella Mello, 36, em pouco tempo, a lidar com os desafios da maternidade, com dois bebês ao mesmo tempo.
Mas, afinal, como é o dia a dia dessa turma? “Acordamos de manhã, visto e troco as fraldas dos bebês. Depois me arrumo e deixo meu marido no emprego dele. Vou para o salão em que trabalho, mas antes deixo os bebês na escolinha. À tardinha, busco eles e volto para casa. Algumas vezes já adianto o banho da Isa, mas na maioria das vezes esperamos o papai chegar. Enquanto ela entra no banho, tiro a roupa do Davi. Quando o papai chama que tá pronto, pego a Isa e entrego o Davi pro banho. Jantamos e aí tentamos passar um tempo juntos. Por fim, mamazinho e cama”, conta Djulia. Tudo pronto, já é hora de acordar de novo…
Rogai pelas mães
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Do alto de Linha Travessa, no interior de Santa Cruz, sob a dança de luzes que surgem dos vitrais do Mosteiro da Santíssima Trindade, as monjas beneditinas exercem seu ofício. “A vocação de todas elas deve desabrochar na maternidade espiritual”, comenta a madre emérita Paula Ramos. Aos 89 anos, ela é a mãe de todas. A mesma que ora por tantas outras há 63 anos, desde que decidiu se dedicar à vida religiosa.
Natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais, madre Paula vive em Santa Cruz desde 1987. Na dedicação à vida beneditina, a realização de um sonho. “A grande renúncia pela decisão foi abrir mão da maternidade.” Apesar disso, por aqui, no Vale do Rio Pardo, ela tem dedicado a vida a amparar muitas outras. Talvez a vocação seja herança materna. Afinal, a mãe Adalgisa era conhecida como uma mulher de temperamento espiritual.
“Ela possuía alegria em servir os outros. Estava sempre atenta às necessidades alheias. Não discriminava ninguém. Era sem preconceitos.” Além disso, recorda, naquela época os pais acreditavam que as mulheres nasciam completas e, por isso, poderiam pensar por si mesmas. As filhas não nasciam para o casamento, mas para a liberdade.
Enquanto se prepara para a celebração de domingo, às 9h30, em uma das capelas do mosteiro, madre Paula também pensa, na companhia das outras irmãs, em uma homenagem às mães. Algo que deve reforçar o papel daquelas que carregam vidas nos braços. “Minha recomendação para as mães é que aprofundem a realidade de ser mãe antes de ser. Que cresçam, antes, como pessoas. Que sejam autônomas, livres e responsáveis por si mesmas. É uma vida que se entrega a outra. Uma tarefa grande e dignificante.”
Entre likes e fraldas
Só no Instagram são 314 mil seguidores. Na página, com origem em 2013, o público pôde acompanhar uma mudança e tanto no conteúdo das publicações. Da rotina saudável, focada em alimentação e exercícios, a relatos sobre maternidade. É assim que a profissional de relações internacionais, empresária e digital influencer Malu Schmidt Garcia, 28, transformou aos poucos o perfil na rede social.
Mãe do Enrico desde 16 de novembro de 2018, ela passou a dividir, em fotos e stories, todas as experiências desde o relato de parto, amamentação, corpo real pós-parto, sono e tudo o que envolve o mundo de uma mãe recém-nascida. “Sempre tento mostrar que, apesar das adversidades dessa nova rotina doida de mãe, a gente precisa encontrar um equilíbrio, se amar e ver o lado bom da maternidade.” Hoje, assim como muitas mães, ela vai comemorar o primeiro dia dedicado a ela ao lado do filho e também dos “bebês caninos”, como chama os pets.
Focinhos de amor
Basta olhar pela vizinhança ou prestar atenção no público que passeia pela praça. As mães dos filhos de quatro patas estão por toda parte. E elas parecem se multiplicar em números, mas também em amor. A comissária de bordo Roseane Bianca Ferreira é uma delas. Hoje mãe do Astor Inácio, um pug, ela sente que não há limites para amar. “Cada mulher se torna mãe de quatro patas por algum motivo, mas no fim o que importa mesmo é o que nasce com esse amor.”
Aos 31 anos, elas mantém uma rotina dividida entre as viagens a trabalho e os cuidados com o filho de estimação. “O Astor Inácio é pug, que é uma raça bem sensível, então os cuidados vão desde higiene redobrada até a preocupação com o lazer. Para não passar o dia sozinho, o Astor costuma ir na creche, onde pode socializar com outros amiguinhos.” Além disso, nos períodos em que fica ausente, Rose, como é conhecida, também conta com o amparo de uma pet sitter.
“Ser mãe de quatro patas transformou a minha vida. Já sofri crises de ansiedade no passado, e esses sintomas desapareceram depois que a minha rotina passou a contar com um filho canino. É uma relação que energiza e dá um sentido especial ao dia a dia. Por mais que haja uma indiscutível diferença entre gerar um filho e ter um cachorro, acho que o ‘ser mãe’, em ambos os casos, se resume nisso: no sentimento de amor incondicional.”
Quando o coração escolhe
A policial Taís Riceli da Rocha Santos seria a madrinha de Manoela Carvalho da Rocha, 6, não fosse uma obra do destino. Com cinco meses, os pais biológicos Suelen Silva Carvalho e Leonardo da Rocha Ferreira optaram por fazer dela uma nova mãe para a pequena. Desde então, a menina convive na nova morada, hoje no Bairro Santo Inácio, ao lado da irmã Maria Eduarda Rocha Silva, 13, e do segundo pai, Silvio Erasmo Souza da Silva.
O registro civil de nascimento, com os nomes dos dois pais e das duas mães, foi feito no ano passado e atestou a relação mútua de cuidado. “Ela mora com a gente, mas vai visitar os pais seguidamente. Ela é filha deles. Ela ama eles. E nos ama. Isso é muito bom”, afirma Taís. A experiência de mãe do coração, conforme a policial, tem sido maravilhosa. “Ela transmite muito amor. A Mano nos escolheu.”