Cumpre iniciar esta coluna com uma primeira informação que é muito significativa para o contexto. Neste sábado, 12 de outubro, data em que se celebra o Dia de Nossa Senhora Aparecida e que coincide com o Dia das Crianças, presta-se uma terceira homenagem: é o Dia Nacional da Leitura. Portanto, o leitor que apreciou essas primeiras linhas já tem elemento para refletir sobre o que está envolvido e implicado no simples ato de ler, que promove a alteridade da mesma forma como ocorre com todas as demais interações humanas em sociedade.
Concebemo-nos como pessoa no convívio com os demais e no espelhamento em relação a todos os seres (não apenas os humanos), aprendendo a tomar ciência da nossa individualidade na exata medida em que percebemos a individualidade do outro, de cada ser. Entre os humanos, poucos momentos favorecem de tal maneira a riqueza da alteridade como a leitura, porque na apreciação do texto nos espelhamos não apenas em pessoa (o autor ou os autores), situada próximo ou distante de nós, mas também viajamos ao passado. Podemos, por exemplo, nos ver diante de um texto escrito pelo romano Júlio César, que viveu antes do nascimento de Jesus Cristo. Podemos, seja num original, seja em uma tradução para qualquer outra língua, apreciar o que César, falecido há mais de 2 mil anos, pensou e entendeu da sua vida, de suas ações e de seu tempo.
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E se podemos, pela leitura, viajar para o passado, ainda que sentados na poltrona da sala ou à sombra de uma árvore frondosa, encostados ao tronco de um plátano, talvez, e assimilar o que transmitiram Cícero, Sêneca, Sócrates, Platão e tantos outros (Jesus Cristo e os seus discípulos entre eles, claro), em diferentes épocas e lugares, talvez possamos, pela mesma leitura, mirar criticamente o presente e talvez antecipar ou projetar o futuro. Por tudo isso é que se tem presente, em toda e qualquer geração, que nada pode substituir a leitura, e que a falta dela é impossível de preencher.
Ou se lê, ou não se lê; não existe meio-termo. E o leitor sempre internaliza saber, conhecimento, informação, intuição, apenas e unicamente por ele próprio. Na condição de professor, muitas vezes repeti essa máxima: ninguém jamais pode ler por outro; o que alguém lê vai enriquecer a alma e o coração dele próprio, e é uma lástima reparar que sociedades como a brasileira leem tão pouco, ou muito menos do que poderiam ou deveriam.
Assim, neste sábado, em meio a tantas justas e devidas celebrações, enaltecer o Dia Nacional da Leitura é reafirmar a aposta em uma sociedade, a de agora e a do futuro, muito mais sábia, ciente e consciente. Não por acaso, alguém já disse que o que diferencia o ser humano de todos os demais seres é um único ato: o ser humano lê. Se não lê, pouco o diferencia do resto.
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Boa leitura e bom final de semana!
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