Este sábado reserva data importante entre as celebrações de cada ano, ainda que, muito provavelmente, a ampla maioria da população sequer a lembre, e talvez até faça pouco caso dela. Reportagem do jornalista Iuri Fardin, nas páginas 20 e 21 desta edição, acrescida de fotografias de Alencar da Rosa, ajuda a recordar dessa homenagem. Comemora-se o Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Em suma, de tudo aquilo que, justamente, nos ajuda a lembrar, e a não esquecer. De tudo o que fala alto ao coração. Sociedades que esquecem, já se enunciou à exaustão, estão fadadas a repetir erros. Se não esquecessem, teriam muito mais êxito em acertar.
Mas o que, exatamente, se poderia compreender como Patrimônio Histórico? Em síntese, é tudo aquilo que nos permite lembrar do que aconteceu, tanto dentro de nosso próprio percurso de vida (aquilo que aconteceu desde quando já éramos nascidos) quanto (e isso é o mais precioso de tudo) das épocas que nos antecederam, e muito! A História nos conecta com tempos pregressos: sem o acesso a esses relatos ou a esses vestígios (em forma de prédios, paisagens, monumentos, obras literárias, comidas, arte em geral, e também jornais) nada saberíamos do passado. E, sem saber do passado, sem ter ciente quem foram os personagens de cada época, e como se comportaram (para o bem ou para o mal), a própria educação, a transmissão de conhecimentos, seria inviável, interrompida.
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Por isso, em data como a deste sábado, a sociedade é convidada a dimensionar o quanto aspectos de cunho histórico são relevantes e essenciais, em todos os lugares, em todas as épocas. Assim como temos a possibilidade de ler obras e “ler” paisagens e ambientes, rurais ou urbanos, para entender o ontem, temos o compromisso ético, analienável, de preservar e cuidar desse acervo para que as gerações futuras possam se conectar com o que as antecedeu.
E a palavra “conectar” é usada de forma proposital, porque essa atmosfera histórica não pode ser alcançada unicamente com as nossas conexões virtuais contemporâneas. Não basta “ver”: é preciso assimilar, preservar. A imagem (em fotografia ou em vídeo) de um prédio histórico ou de uma paisagem, de uma árvore, de muito pouco nos vale ou valerá para as futuras gerações se estes espaços ou itens já não existirem mais na realidade. Patrimônio é o que existe, não o que uma vez existiu e deixou de existir.
Por isso, em cada ambiente, em cada cidade ou localidade, o esforço para preservar e perpetuar o patrimônio coletivo local deve ser uma constante. Até porque ele fomenta o turismo e todas as áreas do conhecimento, do saber. O problema é que, pelo visto, em nossa realidade, deixou de ser um grande e formidável negócio (que é bom para todos) zelar pelo patrimônio, como tantas regiões no mundo o seguem fazendo. No Brasil o negócio parece ter se tornado dilapidar o patrimônio (coletivo) em favor de ganhos particulares. O dano disso para a educação é facilmente calculável, e bem evidente. Boa leitura, e bom final de semana.
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